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Contrato milionário com empresa de Abel Gomes levanta questões sobre transparência e concorrência na organização do evento mais icônico da cidade
Em uma decisão que promete manter a grandiosidade do réveillon carioca, mas que também acende debates sobre gastos públicos e processos licitatórios, a Prefeitura do Rio de Janeiro anunciou um investimento de R$ 18,4 milhões para as próximas três festas de Ano Novo. O contrato, firmado com a SR Promoções Culturais, empresa do renomado coreógrafo Abel Gomes, foi oficializado no Diário Oficial desta quinta-feira (26), consolidando uma parceria que se estende por quase duas décadas.
A assinatura do acordo, ocorrida na última segunda-feira (23), garante a Abel Gomes a responsabilidade pela concepção e execução dos espetáculos de virada de ano até 2027. Esta será a 17ª vez consecutiva que o "mago do réveillon", como é conhecido nos bastidores da indústria do entretenimento, comandará as celebrações que atraem milhões de pessoas à praia de Copacabana e geram imagens transmitidas para o mundo todo.
O contrato, intermediado pela Riotur, empresa de turismo da cidade, abrange uma gama completa de serviços, incluindo planejamento operacional, organização, execução, acompanhamento, fornecimento de bens e insumos, infraestrutura e apoio logístico. A magnitude do evento se reflete nos 12 palcos distribuídos ao longo da orla, prometendo um espetáculo à altura da reputação internacional do réveillon carioca.
Entretanto, a notícia não vem sem controvérsias. A SR Promoções Culturais foi a única empresa a apresentar proposta ao Caderno de Encargos e Contrapartidas, documento que estabelece as diretrizes para a organização do evento. Este fato levanta questionamentos sobre a competitividade do processo e a possível necessidade de revisão nos critérios de seleção para futuros contratos.
A continuidade da parceria entre a prefeitura e a empresa de Abel Gomes divide opiniões. Defensores argumentam que a experiência acumulada e o histórico de sucesso justificam a escolha, garantindo um espetáculo de qualidade já reconhecida. Críticos, por outro lado, questionam a falta de alternativas e a possibilidade de inovações que poderiam surgir com a entrada de novos players no mercado.
O valor do contrato, R$ 18,4 milhões para três edições do evento, também é alvo de debates. Enquanto a prefeitura defende o investimento como proporcional à magnitude e ao retorno econômico gerado pelo réveillon, vozes da sociedade civil pedem maior transparência na alocação desses recursos e questionam se parte desse montante não poderia ser direcionada a áreas como saúde e educação.
A Riotur, em nota oficial, reafirmou o compromisso com a excelência do evento e destacou o rigoroso processo de avaliação da proposta apresentada. Segundo a empresa, todos os requisitos legais e técnicos foram observados, garantindo a legitimidade do contrato e a expectativa de um retorno significativo para a economia da cidade.
Abel Gomes, por sua vez, expressou gratidão pela confiança depositada em seu trabalho e prometeu inovações para as próximas edições. "Cada ano é um desafio maior. Nosso objetivo é superar as expectativas e criar momentos inesquecíveis para cariocas e turistas", declarou o coreógrafo em entrevista exclusiva.
A polêmica em torno do contrato milionário para o réveillon carioca reflete um debate mais amplo sobre a gestão de grandes eventos públicos no Brasil. Enquanto a festa na praia de Copacabana se consolida como um dos maiores espetáculos de Ano Novo do mundo, cresce a pressão por maior transparência e participação na organização de eventos que, além de entreter, têm o poder de moldar a imagem da cidade e do país no cenário internacional.
Com a aproximação do próximo réveillon, os olhos do mundo mais uma vez se voltarão para o Rio de Janeiro. Resta saber se o investimento milionário se traduzirá em um espetáculo à altura das expectativas ou se as questões levantadas por este contrato continuarão a ecoar muito depois que os últimos fogos de artifício se apagarem no céu de Copacabana.
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