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A poliomielite, doença que pode causar paralisia permanente, foi eliminada do Brasil desde 19 de março de 1989, quando foi registrado o último caso de pólio no território brasileiro, no município de Souza na Paraíba, antes mesmo do último registro no continente americano. E isso foi possível graças a vacinação em massa contra a pólio, com a utilização da vacina oral. No Brasil, as campanhas contavam com a colaboração do personagem Zé Gotinha, criado pelo artista plástico Darlan Rosa, em 1986, a pedido do Ministério da Saúde. Para a escolha do nome houve até um concurso nacional e então surgiu esse personagem cativante que tornou as campanhas de vacinação mais atraentes, principalmente para as crianças.
A Poliomielite ou paralisia infantil é uma doença infecciosa causada pelo Poliovírus, que ao infectar uma pessoa, tem seu habitat no intestino, mas pode migrar para a corrente sanguínea e, em alguns casos, afetar o sistema nervoso central, causando paralisia dos membros, alterações motoras e podendo até causar a morte. A transmissão ocorre pelo contato com secreções ou água e alimentos contaminados, afetando mais frequentemente as crianças, principalmente quando as condições de higiene são ruins.
A vacina oral contra a poliomielite (VOP) foi desenvolvida pelo Dr. Albert Sabin e introduzida no início dos anos 1960, mas no Brasil ela só começou a ser aplicada em 1977. A VOP utiliza o vírus da pólio atenuado, que são capazes de desencadear uma resposta imunológica robusta sem causar a doença. A VOP apresenta muitas vantagens, especialmente pelo fato de ser de fácil administração e pelo fato de que quando uma criança é vacinada, o vírus atenuado presente na vacina pode ser excretado, ajudando a imunizar outras crianças na comunidade através do contato fecal-oral. Essas vantagens são muito importantes, principalmente para regiões de recursos limitados, uma condição comum no Brasil, infelizmente.
Mas apesar da importância da vacina VOP na erradicação da pólio, existem desafios associados a seu uso. Em casos raros, pode acontecer uma poliomielite derivada da vacina quando o vírus atenuado consegue reverter à sua forma virulenta e desencadear a doença. Por isso, muitos países que erradicaram a poliomielite usando a vacina oral, migraram para uma nova vacina, a VIP, desenvolvida por Jonas Salk, diferente da gotinha, possui vírus inativados que não podem mais desencadear a doença, eliminando assim o risco da poliomielite derivada da vacina. Por conta desse risco com a vacina oral, o Ministério da Saúde adotou o uso da VIP, com exclusividade desde novembro de 2024, suspendendo assim a administração das gotinhas. A principal dificuldade da vacina inativada é o fato de ser injetável, mas é segura e não apresenta risco de causar a doença.
Apesar de estarmos à beira da erradicação global da pólio, as campanhas de vacinação em massa continuam sendo fundamentais para garantir que cada criança, independentemente de sua nacionalidade, receba a proteção necessária contra a poliomielite. Mesmo num mundo pós-poliomielite, a vacinação continuará sendo a melhor ferramenta para se prevenir contra surtos da doença. A história da vacina oral contra a poliomielite é um testemunho do poder da ciência e da colaboração global em prol de um objetivo comum: um futuro livre da poliomielite.
Muito obrigada Zé Gotinha, você fez toda a diferença!
Profª. Drª. Adriana Pedrenho
Departamento de Ciências Fisiológicas, UFRRJ
Idealizadora da Nave Química Fisiológica
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