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Após um ano intenso de trabalho, finalmente chegou o momento das merecidas férias – e, como bom português, não poderia deixar de ir à terrinha. Antes de partir, gostaria de compartilhar algumas reflexões sobre os orçamentos das cidades que mais me encantam: Porto, a segunda maior cidade de Portugal e, sem dúvida, a mais charmosa; Niterói, a cidade mais próspera do Rio de Janeiro; e Maricá, rica em royalties do petróleo.
Os números são impressionantes: Niterói possui um orçamento de R$ 6 bilhões (cerca de € 1 bilhão), Maricá tem R$7 bilhões (aproximadamente € 1,08 bilhão), enquanto Porto opera com apenas € 450 milhões – menos da metade dos recursos disponíveis nas duas cidades brasileiras. Ironicamente, é a cidade portuguesa que oferece uma qualidade de vida muito superior. Isso nos leva a refletir: afinal, não é o tamanho do orçamento que importa, mas sim como ele é utilizado. Porto investe estrategicamente em regeneração urbana (39,4%), habitação social (13,8%) e transição energética (6%), enquanto as cidades brasileiras gastam mais de 40% com pessoal e lidam com rumores de má gestão. Os números por si só já são eloquentes, mas vamos a mais algumas observações.
Em Niterói, avanços significativos foram alcançados nas últimas gestões, com melhorias na qualidade de vida e projetos urbanos que transformaram a cidade em uma referência no estado. Sob a liderança de Rodrigo Neves, há esperança de um salto ainda maior, consolidando Niterói como um modelo de bem-estar e administração eficiente. Por outro lado, Maricá, com seus abundantes royalties do petróleo, tinha tudo para ser um exemplo de desenvolvimento, mas parece que parte dessa fortuna se desvanece em projetos questionáveis.
Porto se destaca por fazer mais com menos, provando que o sucesso urbano não depende exclusivamente do tamanho do orçamento. Este contraste oferece uma lição clara: não basta ter cifras bilionárias; é essencial investir de forma inteligente e sustentável. Enquanto Niterói e Maricá tentam equilibrar recursos abundantes com eficiência administrativa, Porto projeta seu futuro com um planejamento estratégico exemplar. E, convenhamos, não depender de royalties finitos acaba por ser uma vantagem que Porto sabe aproveitar com eficácia.
No final, a má administração do dinheiro público transforma-se em um fantasma que assombra as promessas de progresso. A mensagem é clara e transparente, como um céu limpo, sem ameaça de chuvas de impostos: não adianta possuir orçamentos astronômicos se a gestão se assemelha a uma montanha-russa de ineficiência. É essencial investir numa gestão inteligente e em práticas de transparência, pois, caso contrário, o próximo "tarifaço" ou fiasco financeiro estará à espreita, pronto para nos recordar que a estabilidade não passa de um mito.
Despeço-me agora de todos que acompanham meus artigos. Estarei ausente nas próximas três semanas, a recarregar energias em Portugal. Prometo voltar com novas reflexões e um olhar renovado após as férias. Até breve!
Filinto Branco - colunista Político.
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