Disputa pelo Legado do PTB: ex-secretário de Brizola e aliado de Roberto Jefferson tentam recriar Partido

 O Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), fundado em 1945 e extinto em novembro de 2023 após fusão com o Patriota, se tornou o centro de uma disputa acirrada que está sendo julgada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O confronto pelo legado do partido, que já foi um ícone do poder político no Brasil, envolve dois lados distintos do espectro político.

De um lado está Vivaldo Barbosa, ex-secretário de Justiça no governo Leonel Brizola no Rio de Janeiro e ex-deputado federal. Do outro, o empresário Eryk Heeyzer de Vaz Braga, apoiador fervoroso de Roberto Jefferson, aliado próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Nesta terça-feira, o TSE deu uma vitória inicial à ala brizolista, negando o pedido dos aliados de Jefferson.

O PTB, antes de ser associado a Roberto Jefferson, teve suas raízes na esquerda trabalhista, abrigando figuras históricas como Getúlio Vargas, João Goulart e o próprio Brizola. A disputa atual reflete uma mudança ideológica drástica do partido ao longo dos anos.

Vivaldo Barbosa, presidente do novo PTB, busca resgatar o "verdadeiro trabalhismo" no Brasil, inspirado pelo espírito de Vargas e ideias de desenvolvimentismo. Em contrapartida, os aliados de Jefferson querem manter a chama da direita radical acesa.

A questão central, analisada pelo TSE, envolve a União Trabalhista Brasileira (UTB), um partido em formação por ex-integrantes do PTB de Jefferson, contra o "novo" PTB de Vivaldo. A fusão do PTB com o Patriota, no final do ano passado, criou o Partido da Renovação Democrática (PRD), abrindo espaço para novos grupos reivindicarem a sigla.

Os aliados de Jefferson, através da UTB, sustentam ter preferência na utilização da denominação, sigla, número e símbolos do PTB. No entanto, a decisão do TSE, com voto da relatora Isabel Gallotti, permitiu a continuidade do pedido de criação do PTB pelos trabalhistas. A relatora destacou que a disputa pelo direito de preferência pela sigla ainda pode retornar ao Judiciário.

Se a denominação permanecer com os trabalhistas liderados por Vivaldo e os herdeiros do brizolismo, o partido precisará reposicionar sua marca, distanciando-se da imagem de direita radical associada a figuras como Roberto Jefferson, Daniel Silveira e Eduardo Cunha.

Em 2023, ao permitir a fusão do "antigo" PTB com o Patriota, o TSE confirmou que todas as exigências legais foram cumpridas. A ministra Cármen Lúcia, na ocasião, votou pelo deferimento da fusão e alteração nominal para Partido Renovação Democrática (PRD), destacando que o estatuto e o programa do novo partido foram aprovados em convenção nacional e publicados no Diário Oficial da União.

Fonte: O Globo