Entenda a cronologia do plano para matar Lula, Moraes e Alckmin

A estratégia incluía detalhes sobre recursos humanos e armas necessárias, além da criação de um

Entenda a cronologia do plano para matar Lula, Moraes e Alckmin

A trama para matar Alexandre de Moraes, Lula e Alckmin teria começado no dia 9 de novembro de 2022. Ontem, 19 de março de 2024, cinco suspeitos foram presos pela Polícia Federal por fazerem parte do grupo por trás da manobra.

As investigações indicam que um documento chamado Planejamento - Punhal Verde e Amarelo teria sido criado por Mário Fernandes, general reformado que trabalhou na Secretaria Geral da Presidência da República durante o governo de Jair Bolsonaro (PL-RJ). 

Os agentes afirmam que o arquivo foi impresso no Palácio do Planalto.

Foram presos também um policial federal e três militares do Comando de Operações Especiais do Exército, conhecidos como "kids pretos". 

  • Esse é o nome dado a membros das forças especiais do Exército brasileiro. O grupo é treinado para missões de alto risco e complexidade, incluindo operações antiterrorismo e resgate de reféns. O termo refere-se ao uniforme usado pela tropa.

O esquema incluía detalhes sobre recursos humanos e armas necessárias, além da criação de um "Gabinete Institucional de Gestão de Crise".

A PF apresentou uma linha do tempo dos eventos. Veja a seguir: 

9 de novembro de 2022: criação do "Punhal Verde e Amarelo"

O documento descreve  uma operação para sequestrar e assassinar Lula, Alckmin e Moraes. De acordo com o texto, tratava-se de “um verdadeiro planejamento com características terroristas". Nele, “constam descritos todos os dados necessários para a execução de uma operação de alto risco”. 

Ainda segundo a PF: 

“O plano dispõe de riqueza de detalhes, com indicações acerca do que seria necessário para a sua execução, e, até mesmo, descrevendo a possibilidade da ocorrência de diversas mortes, inclusive de eventuais militares envolvidos”. 

12 de novembro de 2022: reunião na casa do general Walter Braga Netto

Os agentes suspeitam que uma reunião na residência do general Walter Braga Netto ocorreu no dia 12 de novembro. A partir daí, o grupo teria começado a vigiar Alexandre de Moraes. Na ocasião, a forma como os chamados “kids pretos” atuariam teria sido explicada. 

Essa categoria militar faz parte de uma divisão de elite do exército. O relatório aponta como participantes do encontro: 

  • o tenente-coronel Mauro Cesar Cid (ex-ajudante de ordens de Bolsonaro);
  •  o major Rafael de Oliveira e; 
  • o tenente-coronel Hélio Ferreira Lima. 

Oliveira e Ferreira Lima são considerados os responsáveis por levantar “pontos de interesse” relacionados a Moraes. 

14 de novembro: Cid e Oliveira trocam informações sobre deslocamento de pessoas

Mensagens de Whatsapp mostram uma conversa entre Mauro Cid e Rafael Oliveira. Os dois falavam sobre o traslado de pessoas do Rio de Janeiro para para Brasília. 

Prints obtidos pelo jornal O Globo mostram o diálogo: 

21 a 24 de novembro de 2022: possível monitoramento de Alexandre de Moraes

O relatório cita o aluguel de carros usados pelos investigados, além de com registros de pedágio que mostram que eles se deslocaram entre Goiânia e Brasília no período.

Os agentes examinaram informações contidas nos aparelhos confiscados e provas reunidas durante a investigação e concluíram que Alexandre de Moraes estava sendo observado desde novembro de 2022. No entanto, o teor dessas informações permanece sob sigilo. 

Apuraram ainda registros de geolocalização de Oliveira e Lima, que revelaram movimentações suspeitas dos  dois dos “kids pretos”.

Para os policiais, isso sugere que o plano era mais extenso e elaborado do que se imaginava inicialmente.

6 e 7 de dezembro de 2022: impressão no Palácio do Planalto

No dia 6 de dezembro, o secretário executivo da Presidência, Mário Fernandes, teria impresso a minuta do chamado "Punhal Verde e Amarelo" dentro do Palácio do Planalto. 

Mas o que realmente atraiu a atenção dos agentes foi a presença de Rafael Oliveira e Mauro Cid no prédio na mesma data. Isso porque neste período, Bolsonaro passava mais tempo no Palácio da Alvorada. 

Nessa mesma época foram registradas conversas entre Cid e Marcelo Câmara, outro assessor próximo de Bolsonaro.

8 e 9 de dezembro de 2022: Ativação de linhas telefônicas 

Entre os dias 8 e 9 de dezembro, linhas telefônicas usadas no grupo de mensagens “Copa 2022" foram ativadas. 

Os suspeitos teriam recebido codinomes associados a países – Alemanha, Áustria, Brasil, Argentina, Japão e Gana – para não revelarem suas verdadeiras identidades.

10 de dezembro de 2022: Troca de mensagens sobre a cerimônia de diplomação de Lula

O grupo também teria conversado no dia em que o TSE entregou a Lula e Alckmin seus diplomas, documento que lhes dava direito a tomar posse. 

Marcelo Câmara, então assessor de Bolsonaro, teria encaminhado quatro mensagens para Cid, informando sobre a cerimônia que seria realizada dia 12. Entre as comunicações estaria a rota de Moraes para chegar ao local.Durante o evento, os dois também trocam mensagens.

13 de dezembro de 2022: Movimentação de suspeitos em Brasília

Nesta data, o telefone associado ao “Gana” viajou de Goiânia para Brasília. Os registros de GPS mostram que o suspeito esteve em locais considerados relevantes para a ação que, marcada para o dia 15 de dezembro. 

Um dos locais visitados seria a residência funcional de Moraes.

15 de dezembro de 2022: A estratégia teria sido iniciada, mas depois cancelada

Esta seria a data em que o tudo teria começado. De acordo com os policiais,integrantes do grupo “Copa 2022″ posicionaram-se em pontos estratégicos de Brasília, incluindo a região próxima à casa de Alexandre de Moraes. 

O grupo teria monitorado sua movimentação em tempo real, de acordo com prints obtidos pelo Estado de São Paulo. 

Foto: reprodução. 

No dia seguinte, Câmara avisa a Cid que Moraes viajou para São Paulo. Ele teria escrito: 

“Por enquanto só retorna para Brasília para a posse do ladrão. Qualquer mudança que saiba lhe informo.”

Pouco depois, o plano teria sido cancelado após o adiamento da votação do STF sobre o chamado “orçamento secreto”. Isso teria feito com que os suspeitos desistissem da ação, utilizando o termo “exfiltração”. 

Trata-se de uma palavra usada por militares para se referir à retirada silenciosa do território inimigo. 

As investigações continuam para esclarecer todos os detalhes da trama. 

Via Brasil Paralelo

 

 

Por Ultima Hora em 20/11/2024
Publicidade
Aguarde..