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Nos últimos anos, um movimento significativo tem ganhado força no mundo dos influenciadores digitais: a decisão de deixar grandes agências e começar a gerenciar suas próprias carreiras. Famosos como Felipe Neto, Larissa Manoela, Alexandra Gurgel, Carol Bresolin, Viih Tube, Kéfera Buchmann e Hugo Gloss são exemplos de influenciadores que optaram por esta independência, buscando maior controle sobre suas marcas e rendimentos.
Patrícia Ribeiro, especialista em marketing, explica que as grandes agências desempenham um papel crucial no início da carreira de um influenciador. "No meu ponto de vista e o que pude concluir com movimentações de mercado, é que as grandes agências são importantes na carreira do influenciador no começo, onde ele não sabe nem mesmo precificar sua publicidade. Além de ser, é claro, uma 'chancela' para o creator ter um e-mail na bio com o domínio de alguma agência, de fato gera mais credibilidade a ele e ele também se sente pertencente a esse universo," aponta.
No entanto, Patrícia explica que muitas agências falham em oferecer um suporte mais robusto à medida que os influenciadores crescem. "Hoje 80% do mercado acaba deixando um e-mail na bio do cara e fica tirando pedido recebendo % em cima. Algumas agências não criam um cronograma de postagem, não criam um projeto especial específico pra pessoa, não tem estúdio de conteúdo para facilitar a gravação ou produtora parceira, as vezes não faz nem reunião de acompanhamento semanal da carreira do cara, literalmente só ganha % de job para administrar um e-mail e a parte financeira," ressalta.
A principal motivação para influenciadores buscarem a independência é o desejo de um atendimento mais personalizado e uma gestão mais eficiente de suas carreiras. Patrícia Ribeiro destaca que muitas agências acabam perdendo a capacidade de atender individualmente cada influenciador. "Muitas agências pensando no lado comercial da coisa, captaram tanto influenciador pro casting que perderam a mão no atendimento individual de cada empresa, porque o influenciador é uma empresa e precisa ser visto como uma," sugere.
Além disso, a independência pode representar uma economia significativa para os influenciadores. "Uma agência ganha em média de 15 a 30% do cachê do influenciador, de cada job fechado, sendo que uma equipe composta por 1 financeiro, 1 jurídico e 1 assessor pessoal, mensal, acaba saindo muito mais barato dependendo da demanda," explica.
Apesar das vantagens, a transição para uma gestão independente não é isenta de riscos. "Toda sociedade existe risco. Para se escolher um sócio precisa ter muita cautela, escolher uma agência é a mesma coisa. PRINCIPALMENTE ao assinar um contrato de exclusividade, para sair disso precisa estudar direitinho o ônus e o bônus. Ao meu ver o grande ônus é a multa contratual mesmo, se houver," alerta Patrícia.
As marcas têm mostrado uma receptividade crescente a trabalhar diretamente com influenciadores e suas equipes internas. "As marcas preferem lidar direto com o influenciador e/ou sua equipe própria.Tirando os ruídos de comunicação no meio do processo, briefing, alterações em conteúdo, tudo isso acaba atrapalhando o timing das campanhas pela quantidade de intermediários e às vezes de diversas demandas que a própria agência tem," explica.
Patrícia Ribeiro vê esse movimento de independência como positivo para a indústria, embora ressalte que ainda há um longo caminho a percorrer. "Eu acho que ainda estamos longe do dia em que todos terão seu próprio time, até porque não é brincadeira. O influenciador precisa de uma aula de mercado a longo prazo, precisa amadurecer como creator e se enxergar como uma empresa de fato pra poder seguir carreira solo," reflete.
Para Patrícia, a descentralização do poder nas mãos das grandes agências é um passo natural e necessário para o crescimento do mercado de influenciadores. "Toda indústria é assim, né? Começa com o poder centralizado e depois vemos a descentralização, assim é a vida," conclui.
Com essa tendência crescente, o cenário de influenciadores digitais promete se tornar cada vez mais diversificado e autônomo, com criadores de conteúdo assumindo o controle total de suas carreiras e estabelecendo novas formas de conexão com suas audiências e marcas.
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