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Os britânicos tiveram que esperar 70 anos para ver novamente uma coroação. A espera deles, e principalmente de Charles, foi muito grande por causa da extraordinária longevidade no cargo da mãe dele, a rainha Elizabeth.
A festa, dessa vez, foi menor do que em 1953, mais de acordo com a realidade econômica atual da Grã Bretanha, que não está nada boa.
O dia começou com o rei Charles e a rainha Camila desfilando em uma carruagem adaptada e com os confortos modernos como ar condicionado. Nas calçadas multidões coloridas, fantasiadas e entusiasmadas esticavam seus pescoços pra ver brevemente o cortejo passar. Do Palácio de Buckingham até a Abadia de Westminster, local da cerimônia de coroação, são pouco mais de 2 quilômetros.
E foi sob uma chuvinha persistente, e bem típica de Londres, que o rei Charles chegou para o momento em que ele esperou quase uma vida inteira.
Na abadia, com 2,2 mil convidados, entre eles o presidente Lula e Janja, a cerimônia foi uma mistura de rigidez protocolar, músicas solenes com coros e orquestra, e um lado religioso, que remete a uma época em que reis se achavam com o direito divino de mandar. A única concessão à modernidade foi a presença de mulheres que são bispos, bispas, da igreja anglicana. Espada, cetro, duas coroas diferentes, capas enormes, uma ostentação de joias e luxos e tudo coreografado nos mínimos detalhes.
Outra coisa que chamou atenção foi a coroação de Camila como rainha. Sinal dos tempos, o fato dela ser divorciada, de ter sido execrada na época de Diana, tudo ficou pra trás. Um reconhecimento de uma história de amor genuíno entre ela e Charles.
Ao fim de tudo um novo cortejo, com uma carruagem folheada a ouro, de mais de 200 anos, mostrou o casal, rei e rainha voltando para casa. Estavam acompanhados de 4 mil militares, com uniformes brilhantes, cavalos, armas em desfile, uma exibição de ordem e força.
O último ato foi no balcão do Palácio de Buckingham, quando o rei Charles e a família real acenaram para o público. Foram mais de 4 horas de espetáculo. Tudo pareceu uma homenagem à um país que já teve um império, que já foi uma potência mundial, e que sente muita saudade desse prestígio perdido.
Olhar para o passado pode funcionar numa festa, na memória dos bons tempos. O problema é que esse mundo da realeza, como se fosse um conto de fadas, está cada vez mais distante do mundo real.
Muita gente protestou contra a monarquia e o custo dela pra sociedade. Alguns foram presos.
E um fim-de-semana de festa não altera o fato que a Grã Bretanha será o único país entre os mais desenvolvidos que não vai crescer esse ano.
Por Marcos Uchôa, enviado especial da Rádio Nacional - Londres
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