O futuro da Estação Barão de Mauá: restauração ou descaracterização?

 O futuro da Estação Barão de Mauá: restauração ou descaracterização?

Após décadas de abandono, a histórica Estação Barão de Mauá, localizada na Avenida Francisco Bicalho, no Rio de Janeiro, está finalmente passando por uma restauração. A notícia traz esperança para os cariocas, ansiosos por ver o patrimônio arquitetônico da cidade revitalizado. No entanto, essa restauração vem acompanhada de uma série de projetos que têm gerado preocupação entre especialistas e entidades ligadas à mobilidade urbana.

A proposta da Prefeitura do Rio de Janeiro, que visa transformar o complexo da antiga estação em um espaço multifuncional, incluindo a construção da nova Fábrica do Samba, habitação popular e um centro de convenções, levanta questões sobre o futuro da conexão ferroviária da cidade. Segundo o chefe da Divisão Técnica de Transporte e Logística (DTRL) do Clube de Engenharia, Itamar Marques Junior, a decisão de desativar a função de mobilidade da estação pode representar um erro estratégico, especialmente em um momento em que se discute a reativação de linhas ferroviárias cruciais para o estado, como o futuro Trem de Alta Velocidade (TAV) Rio-São Paulo.

O manifesto emitido pelo Fórum Permanente de Mobilidade Urbana da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, em conjunto com a DTRL, critica a proposta de desvio da função ferroviária do Complexo Barão de Mauá. O documento, que já conta com o apoio de mais de 20 entidades do setor de transporte e engenharia, destaca a importância de manter a estação como um hub ferroviário, aproveitando sua localização estratégica próxima a outras importantes conexões de transporte, como o VLT, o Terminal Gentileza do BRT, a Rodoviária Novo Rio e estações de metrô.

A proposta da Prefeitura de instalar a Fábrica do Samba no terreno da estação também é motivo de controvérsia. A localização, próxima à Avenida Presidente Vargas, promete reduzir o impacto viário e facilitar o transporte de alegorias para o Sambódromo, mas o Fórum de Mobilidade alerta que isso poderia intensificar os já caóticos problemas de trânsito durante o Carnaval.

A nota oficial da Prefeitura defende que a responsabilidade sobre as conexões ferroviárias não é de competência municipal, mas ressalta que estão em estudo projetos para expandir a rede de veículos leves sobre trilhos (VLT) na região. Essa expansão poderia incluir a Quinta da Boa Vista e o Pavilhão de São Cristóvão, de forma a integrar o possível novo estádio do Flamengo, que também seria atendido pelo Terminal Gentileza.

O manifesto conclui que, embora a restauração da estação seja um passo positivo, é crucial que o local mantenha sua função ferroviária, única na área central do Rio de Janeiro. O Fórum Permanente de Mobilidade Urbana se coloca à disposição para dialogar com as autoridades, buscando alternativas que preservem tanto o patrimônio arquitetônico quanto a mobilidade dos cidadãos.

A revitalização da Estação Barão de Mauá apresenta uma oportunidade única de restaurar um importante patrimônio histórico do Rio de Janeiro. Contudo, as decisões que acompanham este processo devem ser cuidadosamente avaliadas para evitar a perda de uma conexão ferroviária vital para a cidade e o estado. O futuro da mobilidade urbana no Rio de Janeiro depende de uma abordagem que equilibre preservação histórica com funcionalidade moderna, garantindo que o Complexo Barão de Mauá continue a servir a população como um importante ponto de integração intermodal.

 

Fonte: sengerj

Por Ultima Hora em 21/08/2024
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