Os desafios da segurança pública em tempos de pandemia

Os desafios da segurança pública em tempos de pandemia

Discutir os desafios da segurança pública em tempos de pandemia remete a alguns pontos importantes e complexos. A redução da circulação de pessoas nas ruas, em razão do isolamento social, resultou na queda de índices de criminalidade como roubos de carga, de rua e de veículos. O fato poderia ser uma brecha para que o estado oferecesse melhores condições de trabalho às forças de segurança, mas não é bem assim. Os policiais estão nas ruas e nas delegacias sem uma política de segurança definida, sem equipamentos de proteção individual adequados e expostos ao vírus diariamente.  

A diminuição de alguns tipos de crimes seria o momento oportuno para que o estado investisse no treinamento de policiais e traçasse um projeto eficaz de segurança pública para o combate à milícia e ao tráfico de drogas, que continuam agindo fortemente no Rio. Na maior crise sanitária da história, a violência desses grupos não deu trégua, sobretudo, nas comunidades. 

Levantamento do Instituto Fogo Cruzado mostra que somente no mês de março, por 11 dias consecutivos, moradores de favelas da Praça Seca - área dominada por milicianos - testemunharam tiroteios. Dados do Instituto de Segurança Pública revelam que, nos primeiros dois meses do ano, as polícias Civil e Militar retiraram de circulação cerca de 22 armas de fogo por dia no estado, contabilizando um total de 1.272 armas. Destas, 93 eram fuzis. 

A estatística é uma amostra de que policiais - assim como profissionais de outras áreas - não podem adaptar sua atividade profissional por conta da Covid.  Afinal, trata-se de um serviço essencial a todos nós que não pode parar. Os novos riscos representados pela exposição ao vírus estão na rotina de cada um dos agentes. É muito evidente que não é só a saúde pública e a economia que sentem os reflexos da pandemia do coronavírus. A segurança também é uma área afetada pelas graves consequências da doença. 

Foto: Ricardo Moraes/Reuters/Direitos Reservados.

 Del. Martha Rocha é deputada estadual do Rio de Janeiro. A 1ª mulher a comandar a Polícia Civil, cria da Penha e fruto da escola pública.

 

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Tribuna da Imprensa Digital e é de total responsabilidade de seus idealizadores. 

Por Ultima Hora em 21/04/2021
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