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Ao ter acesso a determinado caminho ou ferramenta de gestão para aplicar em seus negócios, boa parte dos profissionais busca descobrir e identificar o retorno em valor possível proporcionado pelo investimento a ser feito, assim como a probabilidade de que este retorno se materialize de fato.
Na gestão de risco não é diferente, porém, em grande parte das pequenas e médias empresas observa-se que esta fase de descoberta das vantagens sequer é atingida, diante de um pré-julgamento comum no mercado, de que gestão de risco efetiva somente é viável e capaz de trazer resultados tangíveis para grandes empresas.
Em complemento a este pré-julgamento existe ainda a ideia de que gestão de riscos tem como foco aspectos ou eventos negativos (fraquezas e ameaças, em especial). Neste ponto, o grande erro está em não enxergar a gestão de riscos como ferramenta capaz de oferecer meios de potencializar aspectos positivos, tornando resultados bons em resultados ótimos.
Um plano de gestão de riscos bem elaborado e implementado, consegue atuar em ambas as frentes: de um lado, combatem-se e mitigam-se as fraquezas e ameaças. Do outro, avaliam-se as oportunidades que podem ser aproveitadas, e as forças a serem potencializadas. Com isso, atinge-se o melhor resultado possível, e o planejamento é aproveitado em sua plenitude.
Além desta função, a gestão de riscos tem ainda a capacidade e a responsabilidade de projetar um plano de contingência diante das situações mais variadas possíveis, e que colocariam a organização diante de grandes dificuldades e até ameaças à sua continuidade e sobrevivência. É o que comumente chamamos de Plano de Continuidade de Negócios.
• A gestão de risco aplicada
Quando diretores, empreendedores e gestores de clientes me questionam se está na hora de começar a pensar na gestão de risco, diante de um crescimento significativo do negócio, o surgimento de um grande concorrente ou produto substituto, ou mesmo diante de um evento de grande impacto ao negócio, meu pensamento é sempre o mesmo: já deveria ter sido iniciado há tempos. A demora para essa consciência, e a consequente demora para a ação, está intrinsecamente relacionada à cultura de governança e gestão pouco disseminada em nosso mercado.
Observo com frequência que a cultura do imediatismo, o excesso de expectativas de retorno no curto prazo, de emoção e até empolgação na condução de novos empreendimentos, ou de negócios já estabelecidos, aliados a grandes talentos, criam uma falsa sensação de autossuficiência para condução de empreendimentos, porém quase sempre de prazo totalmente limitado.
Neste cenário, não são incomuns as empresas geridas a partir de forças tarefas frequentes, que se criam para enfrentar crises e grandes desafios em sequência, e que incluem até mesmo a recuperação de projetos que tinham enormes chances de sucesso, mas que por falta de planejamento, previsibilidade e gestão, tornam-se grandes problemas.
Reuniões e mais reuniões para definir ações de enfrentamento de questões que se tornaram urgentes, mas que há 6 ou 8 meses eram apenas importantes. E justamente por serem “apenas” importantes, eram sempre relegadas ao fim da fila à época, diante de outras questões urgentes naquele momento, mas que meses antes também eram apenas importantes. Ou seja, forma-se um ciclo contínuo e de grande dispêndio de energia, pautado pela gestão por “forças tarefas” para fazer o que não foi feito em momento oportuno, diante da falta de previsibilidade, planejamento e gestão.
Expansão do negócio, aquisição ou fusão com outra empresa, inclusão de novo produto em seu portfólio, novo concorrente ou substituto no mercado, crise de suprimentos, implementação de um sistema de gestão ou um programa de integridade, esses e outros itens estão relacionados diretamente ao cotidiano da empresa, seja ela do segmento que for, e à gestão de riscos.
Conhecer os objetivos, mapear e qualificar eventos de risco, e estabelecer um plano de ação contínuo e monitorado, é fundamental para qualquer empresa, independentemente do tamanho e tempo de mercado.
Encontrar metodologias e ferramentas de gestão de riscos que sejam viáveis e efetivas, com base nas expectativas e estrutura da organização, além de ter foco no alinhamento deste trabalho aos objetivos estratégicos, é função de um bom profissional da área de riscos. Como já mencionei em artigos anteriores, não há como estacionar um caminhão em uma vaga de moto, muito menos acreditar que um jet ski seja o meio de transporte escolhido para atravessar-se o deserto.
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