Pra sempre Cacá Diegues

Pra sempre Cacá Diegues

Cacá Diegues é o cinema nacional. Poucas pessoas são tão associadas ao oficio como ele. Foi um desbravador e idealista. Idealista porque acreditou e fez o cinema brasileiro em idos em que não se acreditava muito nessa ideia.

O cinema brasileiro o tem como parâmetro, quase um divisor de águas. Daí pra frente começa a tomar forma, criar mais identidade, um jeito que o cinema encontrou de ressurgir e seguir.

Seu trabalho significou a retomada histórica do cinema com a criação do cinema novo ao lado de profissionais tão geniais e idealistas quanto ele. Falar de sua imensa e qualitativa obra é chover no molhado.  

São mais de cinco décadas de um trabalho consistente, inteligente, inovador e pertinente. Vale lembrar que passou pelo tempo obscuro do Brasil. Foi um dos faróis que ajudou a iluminar o país. Nesse período lançou clássicos de seu repertório entre eles; Cinco Vezes Favela, A Grande Cidade, Os Herdeiros, filmes inspirados em utopias para o cinema e para o Brasil.

Por conta do descabido e truculento AI5 exilou-se com Nara Leão, sua esposa à época, na Itália e França, lugares que vários outros artistas foram obrigados a viver. Na bagagem de retorno, realizou outras obras primas: Quando o Carnaval Chegar, Joanna Francesa e o famoso Xica Da Silva, considerado um de seus sucessos mais populares. A carreira seguiu fluida, determinada, premiada e com reconhecimento internacional. Nunca esmoreceu e prosseguiu sempre com tenacidade deixando marcas ativas no cinema.

Além de cineasta de ponta foi um exímio pensador de seu tempo, da cultura e da arte. Uma pessoa gentilíssima e um papo genial. Com ele fiz ótimas entrevistas. Encontrávamos-nos com freqüência na ABL- Academia Brasileira de Letras- onde foi acadêmico e onde também, apesar do pouco tempo, deixou marcas.

Cacá nos brinda com um legado imensurável e deixa saudade, não só da pessoa e da obra, mas de sua lucidez tão necessária. Perder um artista desse quilate é uma lacuna e tanto em um país que temos tão pouco incentivo a cultura e rara memória.

Ficamos de coração partido e desejoso de que sua trajetória siga inspirando novas gerações. Quem não bebeu na sua fonte, certamente tem alguma lacuna que precisa ser reparada. O prezamos com fervor. Fez o cinema brilhar bonito e encantado, assim, como ficará em nossa lembrança.

Por Rogéria Gomes

teatroemcena@gmail.com

Por Ultima Hora em 14/02/2025

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