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Mais uma vez, em função do calor (e que calor!) do momento, e para não perder o bonde da história, adiantei o artigo de fim de semana. A posse de Donald Trump, pela importância dos Estados Unidos no contexto global, merece todas as atenções e preocupações. Então, aqui estão, queridos leitores e leitoras algumas reflexões preliminares sobre os atos iniciais de Trump como o líder da nação mais poderosa do mundo.
Trump ingressando novamente na Casa Branca traz à tona mais uma fase de incertezas e tensões globais para os Estados Unidos. Seus primeiros passos, repletos de simbolismo e marcados por traços autoritários, revelam uma agenda que promete desestabilizar a ordem política mundial. Para compreender esse novo cenário, será necessário encarar algumas verdades desconfortáveis de forma corajosa.
Nos dias iniciais de sua presidência, Trump ressuscitou seus apelos ao protecionismo, quase provocativamente contra o mercado internacional. Impôs tarifas sobre produtos chineses, alemães, canadenses e mexicanos, declarando: "América em primeiro lugar, gostem ou não." E quem arca com os custos? Qualquer um dependente de uma economia global estável.
Em um ato que beirava a hipérbole (exagero), retirou-se de acordos ambientais e abriu a exploração de combustíveis fósseis em áreas antes proibidas para tal atividade. Trump afirma que isso criará empregos, mas o planeta, nosso único lar, provavelmente diria "Ai!" com as consequências. Nesse passo, os Estados Unidos retiraram-se do Acordo de Paris, isolando-se ainda mais na batalha contra a mudança climática.
Se você acredita que Trump mudou desde seu mandato anterior, tenho más notícias pra te contar: ele ainda segue seu manual, contra os Direitos conquistadas pela comunidade LGBTQIA+, estipulando que somente masculino e feminino serão reconhecidos nos EUA. Deixando vulneráveis todos aqueles que não se encaixam nesta visão binária.
A retórica xenofóbica também está de volta com força total, tocando em um disco antigo arranhado. Mais muros, deportação em massa e criminalização implícita do status de imigrante estão novamente no coração da política. Para Trump, ser estrangeiro é um crime, e o mundo diz: "Que tempos sombrios!"
E o autoritarismo? Bem, ele anda de mãos dadas com o Trumpismo. A deslegitimação das instituições democráticas e a perseguição dos opositores são agora o roteiro. Em um escândalo internacional, soubemos que o convidado de honra da inauguração, Elon Musk, fez uma saudação nazista, gerando indignação internacionalmente.
Um dos movimentos mais simbólicos de sua nova administração foi libertar os invasores do Capitólio condenados pelos ataques antidemocráticos de 6 de janeiro de 2021. Essa medida, fortemente criticada pelos democratas, foi aclamada por seus apoiadores como um gesto de "reparação histórica". Essa decisão prepara um novo capítulo na natureza autoritária do Trumpismo e seu impulso para reescrever a história em seu benefício.
Trump ainda declarou que os Estados Unidos estão se desengajando da Organização Mundial da Saúde (OMS), que ele culpou pela inépcia na pandemia. Embora sem entrar no mérito das ações da OMS, acredito que a saída dos EUA só serve para minar uma resposta global coletiva para a saúde pública. Ele também mirou no grupo BRICS, ameaçando tomar medidas comerciais contra nações que fortalecem laços com a China, incluindo o Brasil.
Um dos atos mais controversos de Trump foi redesenhar o cenário político e geográfico. Ele ameaça anexar o Canal do Panamá sob o pretexto de necessidade estratégica e declarou a Groenlândia como propriedade americana — uma "vitória diplomática", ele chamou. Para piorar a situação, ele rebatizou o Golfo do México como "Golfo da América", uma mistura de arrogância e simbolismo político que levou a protestos em todo o mundo.
Mas vamos dar crédito a quem o merece: Trump está simplesmente cumprindo uma promessa feita na campanha. Nada disso deveria ser surpreendente. O povo americano, por grande margem, fez essa escolha, abraçando políticas nacionalistas e o estilo confrontativo de seu líder.
Conclusão
Mas aqui está o ponto — O retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos marca o início de uma nova era de desafios e incertezas." Se a história tem algo a nos ensinar, é que a adaptabilidade e o pragmatismo são indispensáveis para os países que buscam relevância no cenário internacional.
O retorno de Trump não é simplesmente um evento político; é um convite para pensarmos novamente sobre as trajetórias da política global. Será vital para o Brasil entender e enfrentar os desafios que estão nesta nova etapa, para que sejamos protagonistas e não espectadores passivos.
Fazemos a história juntos, para melhor ou pior, mesmo quando os líderes de quem dependemos e confiamos nos decepcionam precisamos como cidadãos assumirmos as nossas responsabilidades. Rosa Luxemburgo, no início do séc. XX afirmou corretamente: "Quem não se movimenta, não sente as correntes que o prendem."
Para aqueles que sobreviverem ao calor, até a próxima semana.
Filinto Branco, colunista político
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