1,3 Milhão de Turistas: Seminário da Economia do Mar Destaca o Potencial Bilionário do Setor e Abre Série de Eventos no Brasil

1,3 Milhão de Turistas: Seminário da Economia do Mar Destaca o Potencial Bilionário do Setor e Abre Série de Eventos no Brasil

O Rio de Janeiro recebeu 1,3 milhão dos 6,4 milhões de turistas estrangeiros que visitaram o Brasil no último ano, atraídos principalmente pelas suas praias e pelo sol. Esse dado foi um dos destaques do primeiro Seminário da Economia do Mar, realizado na quinta-feira, 15 de agosto, que marcou o início de uma série de discussões estratégicas sobre o imenso potencial desse setor no Brasil. 

Organizado pela Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Rio de Janeiro (Facerj), o seminário reuniu empresários, gestores públicos, especialistas e autoridades, consolidando-se como um marco para o associativismo e o cooperativismo empreendedor no país.

Robson Carneiro, presidente da Facerj e idealizador do evento, destacou a importância do seminário como um ponto de partida para a expansão da Economia do Mar no Brasil. “O Seminário foi um marco para o associativismo e o cooperativismo empreendedor brasileiro no tema da Economia do Mar Sustentável, com o objetivo de gerar novas oportunidades de negócios e renda. Este é apenas o primeiro de uma série de eventos que irão consolidar essa temática em todo o país. ”

A Economia do Mar reúne todo setor que tem o mar como negócio. Com 8.500 km de costa e um potencial de 57 milhões de km² de Zona Econômica Exclusiva, o Brasil apresenta um grande potencial no campo marítimo. Entre os estados nacionais, o Rio de Janeiro tem a maior participação no chamado “PIB do Mar” (25%), puxado principalmente pelos segmentos de energia e turismo.

Mas, apesar da sua importância, levantamento recente mostra que 83% dos brasileiros desconhecem o que é a “Economia do Mar”. Renato Regazzi, um dos maiores especialistas em Economia do Mar e autor do primeiro livro publicado no Brasil sobre o tema, ressaltou a importância de eventos como o seminário para divulgar o conceito e articular o trabalho integrado de diferentes setores. “O seminário é um exemplo prático do exercício da literacia oceânica, formando opiniões e promovendo reflexões para tornar a Economia Azul um vetor de desenvolvimento econômico, social e ambiental para o país, com foco no empreendedorismo e no desenvolvimento local.”

João Leal, coordenador de Energia Nuclear da Seretaria de Energia e economia do Mar e um dos organizadores do seminário, destacou a assinatura do memorando de entendimentos que marca o planejamento de novos eventos pela costa brasileira. “Um marco para a economia do mar com foco no associativismo, com o memorando de entendimentos entabulado com a CACB e com a ABEEMAR, agora é compartilhar as melhores práticas, produtos e serviços fluminenses pela costa brasileira, rumo à economia do mar.”

Turismo: Um Pilar da Economia do Mar

O seminário sublinhou a relevância do turismo marítimo no Rio de Janeiro, onde 65% dos turistas mencionaram as praias e o sol como principais motivações de sua visita. O evento enfatizou a necessidade de organizar, identificar e divulgar produtos turísticos vinculados ao mar, como mergulho em naufrágios, observação de baleias e pesca oceânica. Niterói, por exemplo, está mapeando essas atividades para estabelecer políticas públicas que possam maximizar esse potencial, especialmente com a perspectiva de despoluição da Baía de Guanabara.

Transição Energética: Um Desafio e uma Oportunidade para o Brasil

O tema da transição energética foi um dos pontos altos do seminário, com discussões aprofundadas sobre o papel da energia nuclear nesse processo.

Raul Lycurgo, CEO da Eletronuclear, destacou que interromper a construção de Angra III vai custar R$ 14 bilhões. “Construir consome mais de 20 bilhões de reais, mas não construir seria ainda pior, além de uma vergonha mundial. Precisamos tirar esses projetos do papel e garantir que o Brasil esteja na vanguarda da transição energética global.”

O executivo afirmou ainda que "sem energia nuclear, não há transição energética eficaz". Ele ressaltou que Angra I e II fornecem energia suficiente para 40% do estado do Rio de Janeiro, o que seria equivalente a 40 km² de painéis solares. Com a extensão da vida útil de Angra I por mais 20 anos, o Brasil poderá continuar se beneficiando de uma fonte de energia segura e confiável que já opera há 40 anos.

Economia dos Pequenos Negócios Ligados ao Mar

O Sebrae RJ, atento ao potencial da despoluição da Baía de Guanabara, criou no ano passado um programa voltado para os empreendedores do entorno da baía, que já realizou 1.300 atendimentos. A importância de integrar pequenos negócios ao desenvolvimento sustentável do setor marítimo foi destacada como uma forma de gerar emprego e renda para a população local.

Desafios e Oportunidades na Pesca

Apesar de possuir a maior costa do continente, o Brasil ocupa apenas o terceiro lugar no mercado pesqueiro, perdendo para Peru e Chile. O seminário evidenciou a falta de linhas de crédito específicas para pescadores e a necessidade de investimentos em tecnologia para a indústria da pesca. 

Niterói, com sua vocação pesqueira, conta com 750 embarcações de pesca artesanal e 150 de pesca industrial, e o retorno do terminal pesqueiro com 20 mil metros quadrados de área promete impulsionar esse setorimpactando diretamente o consumidor com a redução do preço final do pescado.

Hoje, armadores locais precisando se submeter a atravessadores devido à falta de locais adequados para descarregar suas capturas.

O novo terminal pesqueiro de Niterói está em processo de licitação e a previsão é de que seja inaugurado em dois anos. 

Saneamento e Despoluição da Baía de Guanabara

A despoluição da Baía de Guanabara foi outro tema central no seminário, com a meta de ter 90% do esgoto tratado e coletado até 2033. 

A região metropolitana do Rio de Janeiro cresce desordenadamente a uma taxa de 32 km² por ano, equivalente a cinco Copacabanas, tornando o desafio do saneamento ainda mais urgente. 

A dragagem da baía e as obras de infraestrutura para tratar o esgoto são vistas como fundamentais para revitalizar a área e atrair investimentos, tanto no turismo quanto na pesca.

Portos e Marinas: Estruturas Essenciais para o Futuro da Economia do Mar

O seminário também abordou o papel estratégico dos portos e marinas na economia do mar. O Porto do Rio, por exemplo, fechou o semestre com mais de 23% de aumento na movimentação de cargas, e há planos para ampliar a capacidade de descomissionamento de plataformas de petróleo em Angra dos Reis, um mercado promissor. A parceria com a FGV para estudar a capacidade de Angra é um passo importante nesse sentido.

Zona Livre no Porto do Açu

O cooperativismo foi apontado como uma solução eficaz para organizar as cadeias produtivas e fortalecer a economia local. 

A criação de zonas de exportação com imposto zero em distritos industriais ligados à economia do mar, como no Porto do Açu, em São João da Barra, foi citada como uma estratégia para estimular o desenvolvimento regional.

Próximos Passos e Perspectivas Futuras

O sucesso do seminário é um indicativo de que o Brasil está pronto para explorar o vasto potencial da Economia do Mar. Com mais eventos planejados para os próximos meses, a Facerj pretende continuar fomentando o debate e a conscientização sobre o tema, promovendo iniciativas que não só gerem novas oportunidades de negócios, mas que também impulsionem o desenvolvimento sustentável em todo o território nacional.

Por Ultima Hora em 17/08/2024
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