40 anos da tragédia em Jonestown: o suicídio coletivo que chocou o mundo

40 anos da tragédia em Jonestown: o suicídio coletivo que chocou o mundo

  Há 40 anos, em 18 de novembro de 1978, o mundo testemunhou um dos eventos mais trágicos e perturbadores da história moderna. Em meio à floresta amazônica, no território da Guiana, 918 pessoas morreram em um misto de suicídio coletivo e assassinatos na comuna de Jonestown, fundada por Jim Jones, pastor e fundador do Templo Popular, uma seita pentecostal cristã de orientação socialista. Este episódio marcou a maior tragédia envolvendo ações deliberadas contra civis americanos até os ataques de 11 de setembro.

O Início de um Sonho Utópico

O Templo Popular, iniciado em 1956 no Estado americano de Indiana, foi a realização de um sonho utópico para muitos. Jim Jones, carismático e visionário, atraiu um grande número de seguidores promovendo ideais igualitários e ações sociais, como a distribuição de comida gratuita e fornecimento de carvão para famílias pobres. Apesar de seus métodos questionáveis, como curas "milagrosas" fraudulentas, Jones conseguiu formar uma congregação diversificada racialmente e dedicada aos seus ideais.

Mudança para a Califórnia e Ascensão

Na década de 1960, o Templo Popular se mudou para a Califórnia, um estado mais receptivo aos ideais defendidos por Jones. O movimento ganhou popularidade e influência, permitindo a Jones circular entre figuras poderosas, incluindo a primeira-dama Rosalynn Carter. No entanto, a crescente notoriedade trouxe também investigações da mídia, que começaram a revelar um lado mais sombrio do pastor.

Fuga para a Guiana

Em 1974, sob escrutínio crescente, Jones e seus seguidores buscaram refúgio na Guiana, onde fundaram a comuna de Jonestown. Localizada em meio à selva, a comuna foi planejada para ser autossuficiente, com escola, bangalôs e áreas para plantio. Mas, conforme relatos de sobreviventes, o que deveria ser um paraíso utópico rapidamente se transformou em um regime ditatorial, com punições severas e guardas armados.

O Fim Trágico

Alertado pela preocupação de parentes dos habitantes de Jonestown, o deputado federal Leo Ryan viajou à Guiana em 1978 para investigar. Sua visita resultou em um ataque na pista de pouso próxima, onde ele e mais quatro pessoas foram mortos. Poucas horas depois, Jones ordenou o suicídio coletivo, que resultou na morte de 918 pessoas. A maioria foi envenenada com um ponche misturado com cianeto, enquanto outros foram mortos a tiros ou facadas ao tentar fugir.

Sobreviventes e Legado

Apenas 35 pessoas que estavam em Jonestown naquele dia sobreviveram. Entre elas, Laura Johnston Kohl, que estava na capital guianesa, Georgetown, comprando mantimentos para a comuna. "Nós éramos visionários que deixaram para trás os confortos da vida urbana e se mudaram para o meio da floresta para criar um modelo de comunidade para o resto do mundo", disse Kohl, autora de um livro sobre suas experiências no culto.

Quatro décadas depois, o local de Jonestown foi "reconquistado" pela floresta, e a tragédia continua a provocar debates na Guiana. Alguns defendem a transformação do local em um ponto turístico, similar aos antigos campos de concentração nazistas na Europa, mas o governo do país tem resistido à ideia.

A tragédia de Jonestown serve como um lembrete sombrio do poder de líderes carismáticos e das consequências devastadoras que podem resultar de ideologias extremas. Enquanto o terreno da comuna se torna parte da paisagem natural novamente, as lições de Jonestown permanecem vivas, instigando reflexão e discussão sobre os limites do poder e da fé.

 

Fonte:  bbc.com

Por Ultima Hora em 05/08/2024
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