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Prólogo: Eu auguro que você finalize bem a existência, gerenciando com sabedoria os bens materiais e valores morais espirituais, procurando equilibrar patrimônio e gastos, para reentrar leve no seu lar espiritual.
Fulano morreu. Entretanto, bem antes do último suspiro, os parentes já disputavam a herança que nem era assim tão valiosa. O velório foi denso, mais em razão das vibrações pesadas de desentendimento familiar do que pela “perda” do falecido. Nossa história é pródiga de situações dessa natureza, quando famílias se autodestroem em meio à ambição e falta de bom senso, problema atávico tendo em vista o baixo padrão moral da humanidade.
Seria possível mitigar causas dessa tragédia? Como diminuir o interesse de parentes sem noção pelo espólio? Dá para enxugar os bens transmissíveis? Como domar as contas ao fim da existência, equilibrando manutenção e consumo próprios, sendo corajoso e altruísta para efetivar a mudança dos bens, encarando a passagem existencial sem dívidas, sem ser credor, tentando “zerar” o que for possível dos recursos e livrando-se de grandes preocupações financeiras e materiais, e ainda assim patrocinando realizações meritórias?
Como desapegar? Manter apenas o necessário e suficiente e ainda assim estar seguro para o custeio do plano de saúde, da eventual estadia em lar de repouso, do custeio dos paliativos, da cobertura de UTI como processo demorado, doloroso e caro, e do… funeral, que virá? Nossa… que palavra horrível!
Há sabedoria em dissipar bens sem correr riscos de “errar na mão” e ficar sem recursos para os “finalmentes”. Verdade é que estamos vulneráveis a muitas surpresas deste mundo caríssimo e complicado em que vivemos. É uma conquista e tanto conseguir dissipar antecipadamente para reduzir a dificuldade de cuidar de muitas coisas complicadas quando já não temos disposição nem muita saúde.
Bobagem achar que conseguimos controlar tudo. Mesmo os filhos nem sempre são as pessoas mais indicadas, considerando as nossas expectativas, pois são seres humanos com sua tendências. Mas, eles são consequência de como os educamos desde crianças, fase em que é possível moldar o caráter. É preciso escolher a pessoa certa para ajudar na gestão das nossas finanças e é necessário conversar sinceramente com a família sobre certos tabus sucessórios.
Então, mãos à obra. Aqui estão algumas sugestões que podem amenizar essa situação que todos passamos quando o Pai começa a avisar que está para nos recolher:
Orçamento: Crie e siga um orçamento que reflita seus valores e metas financeiras de longo prazo. Isso deve incluir, se possível bem antecipadamente, o que fazer com a bagagem ao final da viagem.
Prioridades Financeiras: Identifique o que fazer com seus recursos financeiros evitando sobras desnecessárias, como ser certeiro para a justa e merecida aposentadoria, investindo em educação ou apoiando causas que sejam significativas para você.
Economias para Emergências: Mantenha uma reserva de emergência em uma conta separada para cobrir despesas imprevistas e evite acumular dívidas. E não use indevidamente essa reserva em hipótese alguma.
Investimentos Conscientes: Invista seu dinheiro de forma consciente em opções que estejam alinhadas com seus valores. Evite investimentos de alto risco que possam prejudicar seu patrimônio. Ele pode ser a sua contribuição final para o próximo.
Seguro de Vida e Saúde: Tenha um seguro de vida e saúde adequado para proteger você e sua família em caso de eventos inesperados, que podem acontecer.
Planejamento Sucessório: Prepare um testamento com planejamento sucessório adequado para garantir que seus ativos sejam transferidos de
acordo com seus desejos após o falecimento. Melhor quando são informados antes, para que todos os beneméritos saibam antecipadamente o que podem receber. É preciso fazer de tudo para não transferir dívidas aos sucessores.
Caridade e Solidariedade: Considere a doação de parte de seus recursos para causas caridosas ou filantrópicas que estejam de acordo com seus valores espirituais e suas crenças.
Simplicidade e Desapego: Você vai precisar dessas todas? Então, pratique o desapego dos bens materiais e evite acumular coisas desnecessárias. Lembre-se de que a busca excessiva e continuada por riqueza material pode lhe ser prejudicial espiritualmente.
Educação Financeira: Qual a imagem de gestor você gostaria que as pessoas tivessem quando tiver que partir? Dá para ser previdente nesse nível? Invista tempo em aprender pelo menos um pouco sobre finanças pessoais e seu planejamento, para tomar decisões informadas e conscientes. Consulte um consultor financeiro ou planejador de patrimônio que possa ajudá-lo a criar uma estratégia financeira adequada às suas necessidades e objetivos.
Autoconhecimento e Espiritualidade: Desenvolva seu autoconhecimento e espiritualidade para entender melhor o que devem ser seus valores e metas na vida. Isso pode ajudá-lo a equilibrar constantemente as necessidades materiais e espirituais para deixá-lo em paz. Lembrando que a busca por equilíbrio financeiro, material e espiritual, é uma jornada de responsabilidade pessoal, e que não existe fórmula única para todos. O importante é refletir bastante sobre as próprias prioridades e valores de forma a tomar decisões que estejam alinhadas com uma cosmovisão equilibrada.
Assim, segundo uma percepção espiritualista, deixar muitos bens materiais valiosos para herdeiros pode não ser uma boa escolha. É saudável quando patrimônios tangíveis são construídos por cada ser humano com o suor do próprio rosto. Portanto, aqueles que acumulam riqueza podem antes de morrer encontrar maneiras de usar seus recursos para ajudar os outros e promover o bem comum.
Comece doando ou encaminhando o que não é mais conveniente deter. Dar encaminhamento pode ser ultrapassar a barreira dos laços da própria família e alcançar pessoas outras que também nos amam e que permanecem verdadeiramente ao nosso lado e ajudam a reduzir o sofrimento até o final. Dissipe inteligente e caridosamente o dinheiro proveniente disso tudo. A ideia é possuir um mínimo e ser cada vez mais feliz. WF
O autor é Coronel Reformado do Exército Brasileiro e Doutor em Engenharia de Produção pela UFSC.
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