A Cultura de 'Desistir para Mudar: A Urgente Necessidade de Reestruturação no Brasil'

Por Silvia Blumberg

A Cultura de 'Desistir para Mudar: A Urgente Necessidade de Reestruturação no Brasil'

Em todos os anos a queima dos fogos em Copacabana simboliza um novo ano, mas, ao mesmo tempo, nos lembra que as realidades sociais e políticas se mantêm inalteradas. 

O contraste entre celebração e a continuidade das desigualdades é gritante, especialmente em um cenário de crise econômica que perpetua a pobreza e a violência. 
Como podemos esperar mudanças reais se, enquanto as festividades se sucedem, as estruturas de poder permanecem inabaláveis?

 A Fumaça dos Fogos e as Ilusões de Mudança

A fumaça dos fogos, que se dissipa rapidamente, serve como uma metáfora para as falsas promessas de progresso. À medida que mais um ano se inicia, somos confrontados com a dura realidade: a manutenção das desigualdades sociais e a ausência de oportunidades para os mais pobres. As esperanças de mudanças significativas se perdem entre discursos políticos vazios e práticas de governança que se mantém ineficazes.

A Crise Econômica e seu Impacto Social

Com a economia brasileira em crise, as falas sobre a programação do carnaval, que deveria ser um momento de alegria, soam vazias diante de uma população que luta por sobrevivência. 
O ciclo da pobreza e da violência continua a ser alimentado por decisões políticas que ignoram as necessidades básicas da sociedade. Quando as estruturas que sustentam a desigualdade não são questionadas, qualquer tentativa de mudança se torna uma miragem.

O Silêncio sobre os Gastos Públicos

A proibição de discutir gastos como os do cartão corporativo presidencial por 100 anos simboliza um distanciamento preocupante da transparência e da responsabilidade governamental. Esse silêncio só reforça a sensação de impotência e diminui o espaço para um debate crítico sobre como e para quem o dinheiro público é alocado. Sem transparência, não podemos falar em responsabilidade, e sem responsabilidade, não há como promover mudanças efetivas.

Desistir como Forma de Coragem

Adam Phillips nos lembra que desistir pode ser um prelúdio para algo novo. Reler essa perspectiva implica reconhecer que instruções falhas e sistemas opressivos nos desencorajam a lutar por mudanças. 

A covardia, que se arrasta por todas as esferas governamentais, precisa ser confrontada. É fundamental que cidadãos e gestores públicos reavaliem o significado de desistir: não como uma rendição, mas como um chamado à reinvenção.

 Construindo um Caminho para a Esperança

A esperança não é um conceito abstrato, mas um elemento prático e necessário na luta por justiça social. Para retomar a esperança, precisamos de um novo modelo de governança que abrigue a diversidade e as necessidades do povo. Isso envolve a participação ativa da sociedade civil, a promoção da transparência e a responsabilização dos líderes. 
A mudança é possível, mas exige coragem e uma disposição coletiva para deixar para trás estruturas que não funcionam.

Portanto, devemos nos perguntar: podemos continuar a ignorar as desigualdades e a falta de esperança? O ato de desistir, se entendido como um passo em direção à transformação, pode abrir espaço para que novas ideias e ações floresçam.

Somente através de uma reestruturação profunda do poder e da governança conseguiremos, enfim, transformar a realidade que nos cerca e garantir um futuro mais justo e igualitário. Desistir pode ser o primeiro passo para mudar!

Por Ultima Hora em 05/01/2025
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