A Cultura e o Direito de Sentir Tristeza: A Vida Real x Vida Fake 

Silvia Blumberg

A Cultura e o Direito de Sentir Tristeza: A Vida Real x Vida Fake 

Nos dias atuais, viver em um mundo repleto de desafios sociais e econômicos pode parecer um obstáculo para encontrar a alegria. A realidade brasileira e global está marcada por profundas preocupações que geram tristeza e desilusão. 

Tivemos anos de reflexão e expectativas pensando em transformações sociais e a realidade é que estamos vivendo  em ciclos que se repetem indefinidamente e parece que não teremos saída!


 O Brasil é um dos países com maiores índices de desigualdade no mundo. A divisão entre ricos e pobres se intensifica, dificultando o acesso a oportunidades e serviços básicos como saúde e educação, segurança, habitação dentre outros.

Mudanças exigem determinação e coragem.
Estamos sempre acreditando que amanhã será outro dia, e os dias só pioram seja na área econômica, social e climática.

E  neste final de ano criaram  a campanha viral na qual as pessoas afirmam  que não podem estar  sentindo tristeza, pois seus mundos estão  intensos  de tantas alegrias. Será? 

Como ser alegre  com as guerras, com a violência crescente, com a impunidade, com a corrupção, com a hipocrisia, com as injustiças?

Como poderemos ser  pensar e  agir para mudar tudo que estamos vivendo?
 
O mundo precisa se permitir a sensação de perdas e tristezas!

A campanha que sugere que não há como ficar triste pode ser vista de diferentes ângulos. Por um lado, pode refletir uma tentativa de promover uma mentalidade positiva, mas por outro, pode ser interpretada como uma forma de evitar ou minimizar emoções complexas como a tristeza, que são naturais e importantes na experiência humana.

Sentir tristeza e passar pelo luto é essencial para o processo de cura emocional. Essas emoções são respostas saudáveis a perdas e desafios, e reconhecê-las pode, na verdade, nos ajudar a alcançar um estado de felicidade mais autêntico no futuro. Reprimir essas emoções pode levar a um acúmulo de desconforto e, eventualmente, a problemas maiores de saúde mental.

Permitir-se sentir tristeza pode promover o autoconhecimento e o crescimento pessoal. Cada emoção tem seu propósito, e ao respeitar nossos sentimentos de maneira genuína, podemos encontrar um equilíbrio emocional mais saudável, que, por sua vez, pode nos levar a experiências mais profundas de felicidade.

Em resumo, a tristeza e a felicidade coexistem. Reconhecer e validar todos os nossos sentimentos é um passo importante para encontrar um verdadeiro equilíbrio emocional,

Logo é preciso refletir  sobre o que estamos vivendo  numa bolha reprimida  onde somente a felicidade mesmo  que seja uma fachada é o principal.

Que seja possível cada um repensar sobre o universo existente á sua volta, que o individualismo dê lugar ao coletivo e que seja normal e humano o direito de  estar triste!

Nunca vivemos tempos tão sombrios!

Por Ultima Hora em 22/12/2024
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