A economia da alegria: por que o Brasil é campeão em feriados e último em poupança

Feriados e festas: como a cultura brasileira afeta nossa capacidade de poupar

A economia da alegria:  por que o Brasil é campeão em feriados e último em poupança

Brasileiro poupa menos e aproveita mais: o impacto dos feriados na economia nacional

Por Ralph Lichotti

Cultura de celebração afeta hábitos financeiros e produtividade, revela estudo, em um cenário econômico global onde a poupança é vista como pilar fundamental para o desenvolvimento, o Brasil se destaca por um comportamento singular: somos um dos povos que menos poupa no mundo. Especialistas apontam que a abundância de feriados nacionais e a forte cultura de celebração impactam diretamente tanto nos hábitos de consumo quanto na produtividade do país.

Dados recentes mostram que enquanto nações como China, com sua reduzida quantidade de feriados, mantêm altas taxas de poupança e produção contínua, o brasileiro direciona parcela significativa de sua renda para o lazer e comemorações. Este comportamento, que pode parecer apenas cultural, tem raízes históricas profundas e revela muito sobre a formação da identidade nacional.

A relação do brasileiro com os feriados remonta a períodos de ditadura, repressão política e social. Durante épocas de restrição de liberdades, celebrações como o Carnaval se transformaram em verdadeiras válvulas de escape, permitindo expressões culturais e sociais que eram limitadas no cotidiano. O que começou como forma de resistência cultural evoluiu para uma característica marcante da sociedade brasileira contemporânea.

Economistas destacam que este fenômeno cria um paradoxo interessante: enquanto a baixa poupança pode representar um desafio para o desenvolvimento econômico de longo prazo, a cultura de celebração contribui para setores como turismo, entretenimento e serviços, gerando empregos e movimentando a economia de forma sazonal. O brasileiro médio prefere investir em experiências imediatas em vez de acumular recursos para o futuro.

Esta característica também reflete valores sociais distintos. Hoje, o Brasil é reconhecido como uma das sociedades mais livres em termos de expressão cultural e comportamental, onde a valorização do momento presente e das relações sociais frequentemente supera a preocupação com planejamento financeiro de longo prazo.

O desafio para o país está em encontrar um equilíbrio que preserve esta identidade cultural vibrante enquanto desenvolve uma cultura de poupança mais sólida para garantir estabilidade econômica futura.

O contraste com outros países

Enquanto o Brasil conta com cerca de 15 feriados nacionais, e dezenas de pontos facultativos que emperram a máquina pública, além de diversos feriados estaduais e municipais, países como os Estados Unidos têm apenas 10 feriados federais, e o Japão, apesar de seus 16 feriados, mantém uma das maiores taxas de poupança do mundo. A China, com apenas 7 feriados nacionais oficiais, apresenta uma das maiores taxas de poupança global, chegando a aproximadamente 45% do PIB.

O paradoxo dos feriados religiosos em um Estado laico

Um aspecto que chama atenção no calendário brasileiro é a contradição entre o caráter laico do Estado, garantido pela Constituição Federal de 1988, e a predominância de feriados religiosos de origem católica. Datas como Nossa Senhora Aparecida, Corpus Christi e Sexta-feira Santa permanecem como feriados nacionais, apesar da crescente diversidade religiosa no país.

Temos um Estado que se declara laico, mas que mantém uma estrutura de feriados que privilegia uma tradição religiosa específica. Isso reflete o peso histórico da colonização portuguesa e da influência da Igreja Católica na formação do Brasil, mesmo quando o perfil religioso da população já não é majoritariamente católico como no passado.

Economistas destacam que este fenômeno cria um paradoxo interessante: enquanto a baixa poupança pode representar um desafio para o desenvolvimento econômico de longo prazo, a cultura de celebração contribui para setores como turismo, entretenimento e serviços, gerando empregos e movimentando a economia de forma sazonal. O brasileiro médio prefere investir em experiências imediatas em vez de acumular recursos para o futuro.

* Ralph Lichotti - Advogado e Jornalista, Editor do Ultima Hora Online e Jornal da República, Foi Sócio Diretor do Jornal O Fluminense e acionista majoritário do Tribuna da Imprensa, Secretário Geral da Associação Nacional, Internacional de Imprensa - ANI, Ex- Secretário Municipal de Receita de Itaperuna-RJ, Ex-Presidente da Comissão de Sindicância e Conselheiro da Associação Brasileira de Imprensa - ABI - MTb 31.335/RJ

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Por Ultima Hora em 23/04/2025
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