A mesma Marinha que ofereceu tanques para Golpe Militar frustrado de Bolsonaro, faz agora um Vídeo que retrata civis como vagabundos, mundanos e inferiores e gera reação nas redes

Peça publicitária pretende mostrar integrantes da corporação como trabalhadores sacrificados

Marinha usou recursos públicos dos civis para produzir um vídeo em que os civis que trabalham para bancar os privilégios dos oficiais da Marinha curtem a vida enquanto só a Marinha trabalha

Quem já participou dos banquetes da Marinha, regada a Uísque, Caviar, Champagne e finos doces e cascatas de chocolates para as madames, geralmente em praias particulares, sabe os privilégios que se tem sendo um oficial da Marinha do Brasil, tudo é pago com o dinheiro dos impostos cobrados do civil, mas daí usar o dinheiro de quem trabalha e produz e paga seus impostos para dizer ao contrário, já se está passando do limite, já não bastasse o recente apoio a um frustrado golpe militar no estado democrático brasileiro, o contribuinte brasileiro ainda é obrigado a ver propagandas ridículas produzidas pela Marinha, tem que se apurar e punir esses criminosos, que nem de longe parece querer contribuir para segurança do Brasil.

O vídeo foi postado no domingo (1), com o texto: “Ao chegarmos em dezembro, homenageamos os Marinheiros e Fuzileiros, que abdicam de suas famílias e dos momentos de lazer para proteger as riquezas do Brasil no mar”, seguido pelas hashtags #DiaDoMarinheiro #VemPraMarinha.

Reações ao vídeo da Marinha

“Para a Marinha não existe classe trabalhadora”, escreveu em postagem no X o antropólogo Piero Leirner. “Os civis são um bando de turistas no Brasil, enquanto eles fazem tudo”.

O professor de Administração Pública, Raphael Viegas, da Fundação Getúlio Vargas, questiona a produção da peça publicitária.

“A Marinha do Brasil usou recursos públicos para produzir um vídeo em que os civis curtem a vida enquanto só a Marinha trabalha. Quem autorizou produzir esse vídeo e quanto custou? Queremos saber”, cobra Viegas.

Deputada estadual pelo PT do Rio Grande do Sul, Laura Sito considerou a peça inacreditável.

“O vídeo real deveria ser os pensionistas dos militares curtindo a vida com altas pensões, enquanto o povo se ferra no transporte coletivo indo trabalhar. Vergonha!”.

O perfil Pensar a História publicou no X a seguinte observação: “Qualquer professor, qualquer cobrador de ônibus, qualquer motorista de Uber, qualquer pedreiro, qualquer trabalhador civil desse país tem uma rotina mais estressante e mais perigosa do que essa galera. E ganha muito menos”.

Cena do vídeo produzido pela Marinha que mostra marinheiros como sacrificados (Foto: Reprodução)

Corte de gastos dos militares

A divulgação do vídeo, que sugere que a Marinha não tem privilégios e sim a população civil, acontece quando o ministro da Fazenda Fernando Haddad propõe corte de recursos para o Ministério da Defesa, assim como aconteceu com todas as outras pastas.

No pacote de corte de gastos divulgado na quinta-feira (28), o governo anunciou medidas que restringem privilégios das Forças Armadas. Entre as medidas, estão o fim do benefício pago a familiares de militares expulsos das Forças Armadas, passagem para a reserva remunerada vai aumentar a idade mínima de 50 para 55 anos; aumento do desconto para os fundos de saúde para 3,5% para todos e limitação da transferência de pensão.

Entre as medidas que mais incomodaram os militares, está a mudança no tempo para aposentadoria. No pronunciamento feito por Haddad na quarta-feira (27), ele justificou as mudanças.

“Para as aposentadorias militares, nós vamos promover mais igualdade, com a instituição de uma idade mínima para a reserva e a limitação de transferência de pensões, além de outros ajustes. São mudanças justas e necessárias.”

Os militares, no entanto, resistem. O presidente Lula se reuniu no sábado (30) com ministro da Defesa e comandantes das Forças Armadas para debater o corte de R$ 2 bilhões nas Forças Armadas.

Marinha ofereceu tanques para golpe, mas Exército e FAB resistiram, diz PF

O ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, e Bolsonaro durante a comemoração do 7 de Setembro de 2022.

O ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, e Bolsonaro durante a comemoração do 7 de Setembro de 2022.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil.

A Polícia Federal apontou que o então comandante da Marinha, o almirante Almir Garnier, foi o único entre os chefes das Forças Armadas que teria se colocado à disposição do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para o suposto golpe de Estado. A informação faz parte do relatório da investigação que resultou no indiciamento de Bolsonaro, Garnier e outras 35 pessoas.

“As referidas mensagens vão ao encontro dos elementos de prova obtidos, confirmando que o então Comandante da Marinha, o almirante Almir Garnier, anuiu com o Golpe de Estado, colocando suas tropas à disposição do Presidente”, diz o documento que teve o sigilo reiterado pelo ministro Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes nesta terça-feira (26).

Em nota divulgada nesta quarta-feira (27), a Marinha destacou "que, em nenhum momento houve ordem, planejamento ou mobilização de veículos blindados para a execução de ações que tentassem abolir o Estado Democrático de Direito". (Veja a íntegra do comunicado abaixo).

A defesa do almirante reforça que ele é inocente. A PF teve acesso a uma troca de mensagens no celular do tenente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens de Bolsonaro, com um contato identificado como “Riva”.

O relatório traz um print da conversa em que “Riva” diz que Garnier é uma “patriota” e tinha tanques prontos, sinalizando que o almirante poderia auxiliar na concretização do golpe. “O Alte. Garnier é PATRIOTA. Tinham tanques no Arsenal prontos”, disse Riva.

Em resposta, o interlocutor diz que o “01”, referindo-se a Bolsonaro, deveria ter “rompido” com a Marinha, que o Exército e a Aeronáutica “iriam atrás”. A PF afirmou que os comandantes do Exército, o general Freire Gomes, e da Aeronáutica, o tenente-brigadeiro, Baptista Júnior, foram contra a ruptura institucional.

“Os elementos de prova obtidos, tais como mensagens de texto e depoimentos dos então Comandantes da Aeronáutica e do Exército prestados à Polícia Federal, evidenciam que o então Comandante da Marinha do Brasil, almirante Almir Garnier, foi o único dentre os três a aderir ao plano que objetivava a abolição do Estado Democrático de Direito”, diz o relatório.

Em nota, a defesa reiterou a inocência de Garnier. De acordo com a investigação, com o apoio do almirante, os investigados teriam pressionado os comandantes do Exército e da Aeronáutica.

“Outrossim, a adesão de Amir Garnier, conforme as trocas de mensagens entre investigados e adeptos do golpe de Estado, descritas ao longo do relatório, serviu para Organização Criminosa pressionar ainda mais o Alto Comando do Exército a aderir ao plano que objetivava a abolição do Estado Democrático de Direito”, afirmou a PF.

Comandantes contrários ao golpe foram alvos de “milícia digital”, aponta PF

A Polícia Federal afirmou que Freire Gomes e Baptista Júnior foram alvos de “ataques pessoais” nas redes sociais por uma "milícia digital" após rejeitarem o plano de golpe de Estado.

Conforme o relatório, os “investigados continuavam a investir nos ataques pessoais contra os comandantes Freire Gomes e Baptista Júnior, utilizando as ‘ferramentas’ da milícia digital, disseminando em alto volume, por multicanais, de forma contínua e repetitiva informações falsas”.

O objetivo das publicações seria passar a imagem ao meio militar e aos apoiadores do ex-presidente que os comandantes seriam “traidores da pátria” e alinhados ao “comunismo”.

“Nesse contexto, Braga Netto determinou a Ailton Gonçalves Barros que direcionasse ataques pessoais (inclusive a familiares) ao então comandante do Exército, general Freire Gomes e ao então comandante da Aeronáutica, o tenente-brigadeiro Baptista Júnior, e por outro lado, elogiasse o então comandante da Marinha, o almirante-de-esquadra Almir Garnier Santos”, diz o relatório.

Segundo a PF, Braga Netto ainda orientou a “disseminação de notícia, com o objetivo de
atingir a reputação” do general Tomás Paiva, atual comandante do Exército, que “também adotou uma posição institucional, opondo-se a qualquer ação ilícita das Forças Armadas”.

Garnier foi responsável por desfile de blindados até o Planalto

Garnier foi nomeado por Bolsonaro para comandar a Marinha em abril de 2021. Em 10 de agosto daquele ano, a Marinha fez um desfile de blindados e outros veículos militares até o Palácio do Planalto para convidar o então presidente para o exercício da Operação Formosa.

O desfile ocorreu no mesmo dia em que a Câmara dos Deputados votaria a PEC do voto impresso. A proposta foi rejeitada por 229 votos a favor, 218 contra e uma abstenção.

Na ocasião, Bolsonaro recebeu o convite das mãos de um oficial da Marinha na rampa do Planalto acompanhado do então ministro da Defesa, Walter Braga Netto, e dos três comandantes das Forças Armadas, além de outros ministros e autoridades.

Bolsonaro negou suposto plano golpista

O ex-presidente negou ter participado do suposto plano golpista, pelo qual foi indiciado pela Polícia Federal, mas admitiu que estudou que estudou “todas as medidas possíveis dentro das quatro linhas” da Constituição, como o Estado de sítio.

A palavra golpe nunca esteve no meu dicionário… Jamais faria algo fora das quatro linhas da Constituição. Dá pra resolver os problemas do Brasil dentro da Constituição”, disse Bolsonaro em entrevista nesta segunda-feira (25) ao chegar em Brasília.

“É uma loucura falar em golpe, meu Deus do céu, é uma loucura, golpe com general da reserva e cinco oficiais da ativa. E outra coisa: golpe existe em cima de uma autoridade constituída, quando já tomou posse”, acrescentou.

Marinha reforça que sua estrutura “não foi e nem será desviada” para restringir Poderes Constitucionais

A Marinha afirmou, em nota, que em “nenhum momento” houve qualquer mobilização de blindados para a execução de ações que tentassem abolir o Estado Democrático de Direito. “A Marinha do Brasil, instituição nacional, permanente e regular, assegura que seus atos são pautados pela rigorosa observância da legislação, valores éticos e transparência”, diz o comunicado.

A Força disse que está à disposição dos órgãos competentes para prestar as informações necessárias. Além disso, destacou que a “constante prontidão dos meios navais, aeronavais e de fuzileiros navais não foi e nem será desviada para servir a iniciativas que impeçam ou restrinjam o exercício dos Poderes Constitucionais”. Veja abaixo a íntegra da nota:

“Em relação às matérias veiculadas na mídia que mencionam ‘tanques na rua prontos para o golpe’, a Marinha do Brasil (MB) afiança que em nenhum momento houve ordem, planejamento ou mobilização de veículos blindados para a execução de ações que tentassem abolir o Estado Democrático de Direito.

Sublinha-se que a constante prontidão dos meios navais, aeronavais e de fuzileiros navais não foi e nem será desviada para servir a iniciativas que impeçam ou restrinjam o exercício dos Poderes Constitucionais.

A Marinha do Brasil, instituição nacional, permanente e regular, assegura que seus atos são pautados pela rigorosa observância da legislação, valores éticos e transparência. Ademais, a MB encontra-se à disposição dos órgãos competentes para prestar as informações que se fizerem necessárias para o inteiro esclarecimento dos fatos, reiterando o compromisso com a verdade e com a justiça”.

Com informações Gazeta do Povo

 

 

 

 

Por Ultima Hora em 02/12/2024
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