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OUTRO LADO: Governo do Rio diz que os valores são avaliação unilateral da consulta e que não há erro na modelagem, pois contrato prevê possível divergência
Folhapress - Rio de Janeiro
A Águas do Rio, principal concessionária de saneamento básico do Rio de Janeiro, apontou em estudo um desequilíbrio econômico-financeiro de R$ 5,9 bilhões provocado pelo suposto erro no edital de licitação do serviço.
O montante representa 22% do total pago como outorga ao Governo do Rio de Janeiro, considerando os valores deflacionados para a época da licitação , realizada em abril de 2021.
Estação de tratamento de água da Cedae - Eduardo Anizelli - 24.nov.22/Folhapress
Em nota, o governo afirma que os valores "são uma avaliação unilateral da consulta". Também afirmou que "não é o caso de afirmar que há um erro na modelagem, já que uma possível divergência é prevista no contrato".
“O Governo do Estado aguardou uma análise dos pleitos da empresa pela Agenensa [agência regulardora do setor], que sequer chegou ao direito da Águas do Rio de solicitar o reequilíbrio do contrato, o que só deverá ocorrer ao fim dos processos em andamento na agência reguladora", diz nota.
Como a Folha revelou nesta quinta-feira (21), o governador Cláudio Castro ( PL ) assinou um termo de conciliação com a Águas do Rio no qual prevê para os próximos dois anos aumento na tarifa de água e esgoto para compensar os possíveis erros no edital de licitação do serviço.
O acordo também autoriza o aumento no número de consumidores a serem cobrados pelo serviço de saneamento. Além disso, suspende-se a necessidade de ampliação do abastecimento de água e coleta de esgoto até a conclusão dos estudos sobre os erros apontados no edital.
As cláusulas do contrato são temporárias, mas têm validade até a Agenersa (agência reguladora do setor no estado) concluir os estudos para averiguar se ocorreram falhas do edital e seu eventual impacto na concessão.
A Agenersa disse, em nota, que o acordo não foi confirmado direito à Águas do Rio e afirmou que as falhas do edital "ainda dependem de confirmação e de validação". A comercialização disse apenas estar "em tratativa técnica com a Agenersa".
A maior desequilíbrio é, segundo os dados apresentados pela operação, no bloco 4, que engloba centro e zona norte do Rio de Janeiro e outros oito municípios. A empresa afirma que falhas nos dados sobre a região geram um prejuízo de R$ 4,4 bilhões.
Retroagindo os valores para a base de dados da licitação, o montante representa 35,5% dos R$ 7,2 bilhões pagos como outorga.
Privatização da Cedae
No bloco 1, que engloba a zona sul carioca e mais 18 municípios, o desequilíbrio foi calculado em R$ 1,5 bilhão, o equivalente a 10,7% dos R$ 8,2 bilhões pagos em outorga, em valores da época.A conciliação, assinada no início deste mês, foi intermediada pela agência para evitar que a Águas do Rio buscasse, por meio de arbitragem, a suspensão do pagamento da parcela de R$ 3,8 bilhões, prevista para este ano, dos quais R$ 2 ,4 bilhões são destinados aos cofres estaduais e aos restantes às prefeituras.
A Águas do Rio venceu a licitação dos blocos 1 e 4, abrangendo 26 municípios e as zonas sul, norte e central da capital fluminense. Pagou pelos dois uma outorga de R$ 15,4 bilhões, assumindo uma previsão de investimentos de R$ 24,3 bilhões até 2033.
Dois anos após assumir os serviços de saneamento básico, a entrega questionou os dados sobre coleta de esgoto que constavam no edital da chamada “privatização da Cedae”, em 2021.
A empresa afirma que, ao assumir o serviço, concorda com uma cobertura inicial de coleta de esgoto menor do que a indicada como existente no edital. A discrepância ampliaria a necessidade de investimento para atingir 90% de cobertura de coleta de esgoto em sua área de atuação até 2033, conforme prevê o contrato de concessão. Também reduz, segundo ela, a receita prevista da operação.
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