Apesar de tudo, feliz natal…

Apesar de tudo, feliz natal…

A poucos dias do Natal e do fim do ano, o Brasil enfrenta desafios que fazem o clima de festividade parecer um luxo distante, para a maioria dos brasileiros A crise cambial, agravada por fatores internos e externos, levou o dólar a níveis acima de R$ 6,00. O impacto vai além do mercado financeiro: produtos importados como bacalhau e vinho ficaram mais caros, sem falar nas castanhas. Tudo isso potencializa a inflação e corrói o poder de compra da população. Este vai ser o natal, das prendinhas e do Frango.

A cada Natal, as luzes cintilam e a esperança se renova. Mas em 2024, a realidade brasileira contrasta com esse cenário idílico. O tradicional banquete natalino virou raridade.

O que está por trás da crise cambial?

A desvalorização do real reflete uma combinação de fatores. No cenário internacional, a política monetária americana segue influenciando os fluxos globais de capitais. Com os Estados Unidos mantendo taxas de juros elevadas, os investidores buscam refúgio em ativos mais seguros, retirando recursos de mercados emergentes como o Brasil.

Por outro lado, as incertezas domésticas não ajudam. Embora o governo tenha apresentado uma reforma tributária e um pacote fiscal, a falta de clareza sobre a implementação dessa medidas — somada a ruídos políticos entre o Palácio do Planalto e o Congresso — gera desconfiança nos mercados. Como resultado, o real não sofre apenas os ventos externos, mas também os tropeços internos, desmoronando a níveis raramente vistos.

Popularidade em Declínio

Esse cenário adverso começa a se refletir na percepção popular sobre o governo. Nas últimas pesquisas de opinião, a avaliação do presidente Lula apresentou queda significativa. Os analistas atribuem a retração a uma combinação de expectativas frustradas, um mercado de trabalho que ainda não mostrou sinais claros de recuperação e o impacto direto da inflação sobre itens básicos, como alimentos.

A agenda do presidente, que inclui pautas progressistas e um discurso mais conciliatório, encontra resistência em um país profundamente polarizado. Para uma parte da população, a recuperação prometida durante a campanha parece mais distante do que nunca.

Além disso, eventos recentes, como a votação do pacote fiscal e a regulamentação da reforma tributária mostraram as dificuldades de manter uma base parlamentar sólida, e isso mina a capacidade de entrega do governo. Esse ambiente de instabilidade dificulta não apenas a aprovação de projetos estratégicos, mas também a construção de uma narrativa de governança eficiente.

Um Natal com Desafios

Neste natal, o país parece dividido entre o desejo de comemorar e a realidade de apertar os cintos. Dados do varejo indicam que as famílias estão priorizando itens básicos, com menor disposição para gastos em grandes presentes ou comemorações. O espírito natalino, tradicionalmente um momento de relaxamento para as tensões do ano, encontra-se ofuscado pelas dificuldades econômicas e pelo pessimismo em relação ao futuro.

Ainda assim, há algo no Natal que transcende os números e as crises. É um momento de reflexão, quando as famílias tentam se reunir e encontrar conforto nas pequenas alegrias. Mesmo que as luzes nas vitrines não sejam tão brilhantes este ano, a esperança — essa eterna resiliência brasileira — continua viva.

Em um ano marcado por incertezas e desafios, o Natal nos convida a refletir sobre a importância da solidariedade, da esperança e da união. Ao olharmos para o futuro, é fundamental que sociedade e governo trabalhem juntos para construir um país mais justo e próspero. Que o espírito natalino inspire a todos a buscar soluções inovadoras e a construir um futuro melhor para nós e para as próximas gerações.

Filinto Branco – colunista político.

 

Por Ultima Hora em 21/12/2024
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