Após 3h de depoimento sobre vacinas, Bolsonaro deixa sede da PF

Ex-presidente Jair Bolsonaro depôs no âmbito da Operação Venire, que investiga possíveis fraudes em cartões de vacina

Após 3h de depoimento sobre vacinas, Bolsonaro deixa sede da PF

Após três horas de depoimento, o ex-presidente Jair Bolsonaro deixou, por volta das 17h20 desta terça-feira (16/5), a sede da Polícia Federal, em Brasília (DF). O ex-mandatário depôs sobre fraudes nos cartões de vacinação dele, da filha, de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, e de pessoas próximas.

O ex-presidente chegou à sede da Polícia Federal por volta das 13h30 e começou a depor às 14h. Este foi o depoimento mais longo prestado por ele, dentre os três nos últimos 40 dias. As informações são do Metrópoles.

Bolsonaro deu sua versão sobre o caso, investigado na Operação Venire. A PF investiga Bolsonaro e outras 15 pessoas por infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores.

O colunista do Metrópoles Guilherme Amado apurou que Jair Bolsonaro alegou que Mauro Cid tinha acesso ao celular dele e mexia no aparelho sem permissão. Se fosse perguntado se sabia da falsificação, Bolsonaro afirmaria que não tinha conhecimento e que foi surpreendido.

Emissão de certificados
As versões, no entanto, se chocam com as diligências da Polícia Federal. Quando a documentação que embasou a prisão de aliados bolsonaristas, como o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, foi liberada por Moraes, tornou-se público que o usuário de Bolsonaro no aplicativo ConecteSUS, do Ministério da Saúde, emitiu ao menos quatro vezes certificados de vacinação contra Covid-19 que seriam do ex-presidente.

Três desses certificados foram emitidos em 22, 27 e 30 de dezembro de 2022; antes, portanto, de Bolsonaro embarcar para o autoexílio em Orlando (EUA), no início da tarde de 30 de dezembro.

Conforme publicado pelo colunista do Metrópoles Igor Gadelha, antes de Bolsonaro deixar a Presidência, o e-mail de acesso à sua conta no ConecteSUS estava no nome de Cid. Após o dia 30, o e-mail foi alterado, deixando o controle com Marcelo Costa Câmara, assessor especial do ex-mandatário. Os cartões de vacina foram posteriormente apagados.

Espera-se que a defesa de Bolsonaro insista no argumento de que ele não sabia do suposto esquema de falsificação nos cartões de vacinação e aponte Mauro Cid como o responsável pelas fraudes.

Depoimento adiado
O pedido da PF era para que Bolsonaro prestasse depoimento já em 3 de maio, quando a operação foi deflagrada. No entanto, o ex-presidente optou por não falar na data, pois a defesa ainda não havia tido acesso ao processo. Wajngarten afirmou que o ex-titular do Planalto desconhecia o suposto esquema.

Segundo a PF, um grupo próximo a Bolsonaro, incluindo seu ex-ajudante de ordens Mauro Cid, teria emitido certificados falsos de vacinação para pessoas que não tinham sido imunizadas a fim de que elas pudessem viajar e acessar locais em que a imunização era obrigatória.

Para a Polícia Federal, Bolsonaro tinha ciência do esquema. “Jair Bolsonaro, Mauro Cid e, possivelmente, Marcelo Câmara tinham plena ciência da inserção fraudulenta dos dados de vacinação, se quedando inertes em relação a tais fatos até o presente momento”, diz a PF. A afirmação foi sustentada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes.

Por Ultima Hora em 16/05/2023
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