Até onde você iria por redenção?

Espetáculo que aborda suicídio e valorização da vida estreia em setembro amarelo

Até onde você iria por redenção?

Os dados são alarmantes. De acordo com a OMS, Organização Mundial de Saúde, 32 pessoas se suicidam por dia no Brasil. Em 2013, a ABP, Associação Brasileira de Psiquiatria, colocou no calendário nacional a campanha internacional Setembro Amarelo. E, desde 2014, em parceria com o CFM, Conselho Federal de Medicina, divulgam e conquistam parceiros no Brasil inteiro com essa importante campanha de combate e prevenção ao suicídio.

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Esse ano, mais uma colaboração chega através da arte. O espetáculo “Cova Rasa”, que estreia no Teatro Glauce Rocha dia 04 de setembro, tem a proposta inovadora de abordar todas as complexidades que envolvem o tema. O projeto busca desestigmatizar o diálogo em torno dessas questões sensíveis, promovendo a conscientização e a prevenção. Com uma abordagem artística que inclui apresentações, oficinas e debates, com ações de sensibilização e inclusão, o objetivo é que todos tenham acesso à cultura e ao conhecimento sobre saúde mental.

No palco, a história de quatro almas aprisionadas entre a vida e a morte em cova rasa. Cada uma marcada por tragédias pessoais e mortes prematuras. Nesse limbo, elas confrontam seus demônios internos e revivem memórias dolorosas, enquanto se veem diante da escolha de lutar pela vida ou se sacrificar por alguém que já desistiu. À medida que suas histórias se entrelaçam, revelações impactantes emergem, desafiando o conceito de perdão e explorando as profundezas da dor humana.
O autor Ton de Melo conta que não tinha dimensão do impacto que o espetáculo teria.
“Quando escrevi ‘Cova Rasa’, nunca imaginei a profundidade a partir do momento em que a primeira fala fosse pronunciada. Junto com a direção e o elenco, descobri que nossa missão era muito maior do que havia imaginado. A resposta do público tem sido profundamente emocionante. Em Minas Gerais, durante os festivais em que estivemos, os relatos que recebemos foram tocantes e reveladores. Cada linha do texto parece tocar uma corda sensível, trazendo à tona memórias e emoções profundas.

Com isso, deixamos de falar apenas sobre a dor para abrir um espaço vital para o diálogo sobre vida, saúde mental e a luta pela existência. A peça educa e inspira, promovendo a conscientização e oferecendo esperança, com o desejo de transformar a forma como enfrentamos e falamos sobre nossos maiores desafios.”

O elenco foi treinado com técnicas de teatro físico e biomecânica para expressar emoções e conflitos de forma autêntica, envolvendo o público na trama sem recorrer ao sensacionalismo. A narrativa, que entrelaça casos de assassinatos com um suicídio, será tratada com cuidado. O debate sobre as intenções de quem tira a própria vida será explorado de forma respeitosa, revelando o silêncio e a tragédia social sem simular a dor explicitamente. A direção investiu em interpretações autênticas e individuais, permitindo que cada ator traga sua verdade ao papel, enriquecendo a narrativa e promovendo empatia e reflexão no público.


“Cova Rasa propõe uma análise profunda sobre a essência da vida, alinhando-se com os princípios do setembro amarelo. O palco minimalista, aliado a uma iluminação introspectiva, destaca a dualidade entre proteção e vulnerabilidade das personagens. Queremos falar, sobretudo, sobre valorização da vida e o apoio mútuo”, explica o encenador Waldecyr Rosas


As quatro personagens são apresentadas como numerais, simbolizando estatísticas que habitam espaços específicos no palco. Este simbolismo reflete a desumanização e a abstração das identidades individuais na sociedade moderna. Cada personagem encontra-se em uma “cadeira,” que serve tanto como porto seguro quanto como instrumento cênico, representando a estabilidade e a restrição de suas existências.
O elenco é composto por atores e atrizes do Grupo de Teatro UMMA, que revezam as interpretações das personagens, trazendo uma nova perspectiva a cada apresentação. Este revezamento desafia normas de gênero e permite que cada ator ofereça uma verdade singular, enriquecendo a experiência dramática.

O espetáculo, em constante evolução, foi desenvolvido ao longo de mais de onze meses de ensaios, leituras e oficinas, e continuará a se adaptar aos diferentes contextos sociais e culturais, mesmo após sua circulação por festivais de teatro e apresentações.

Após cada apresentação, serão realizados bate-papos interativos que incentivam a discussão sobre os temas abordados, criando uma rede de apoio e conscientização em torno da importância do cuidado emocional e da prevenção do suicídio.


Com uma equipe de profissionais experientes e um compromisso com a responsabilidade social, o projeto representa uma oportunidade de transformação. Ao receber apoio para sua realização, como o programa Funarte Aberta, a ideia é expandir seu alcance, gerando diálogos significativos e contribuindo para uma sociedade mais empática e solidária.

Ficha Técnica

Elenco
Jeovani Guilherme
Nathalia Araújo
Ton de Melo
Mikael Selva
Duda Kólin
Luana Magalhães
Eduarda Cotias
Gabriel Espindola

Texto
Ton de Melo

Direção
Waldecyr Rosas

Figurino
Leonardo Braza

Cenário
Waldecyr Rosas

Supervisão cenográfica
Cachalote Mattos

Iluminação
Paulo Denizot

Visagismo
Ernane Pinho

Programador visual
Ton de Melo

Preparação corporal
Rafael Fernandes

Consultoria Psicológica
Jéssica Moreira

Assessoria de Imprensa
Dia Comunicação

Produção
Ton de Melo
Waldecyr Rosas

Realização
Grupo UMMA

Serviço

Espetáculo Cova Rasa
Datas: Quartas e Quintas de 04 a 26 de Setembro às 19h30
Local: Teatro Glauce Rocha (Auditório Murilo Miranda) Av. Rio Branco , 179 – Centro RJ.
Classificação indicativa: 16 anos

Informações
Email:contatogrupoumma@gmail.com
Instagram: @covarasa.espetaculo
Vendas online: Sympla
Este projeto foi contemplado pelo Programa Funarte Aberta

Por Angélica Cunha em 27/08/2024
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