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Perto do exército brasileiro o “Gabinete do Ódio”, estrutura paralela de comunicação do governo federal que propaga mentiras, é iniciante.
Quem conhece a história de mentiras e distorções do exército brasileiro durante a ditadura militar que fechou o Congresso, restringiu a liberdade da imprensa, matou inocentes e deixou o país com uma dívida externa gigantesca não se surpreende, mas ainda assim é revoltante o que aconteceu hoje no julgamento dos militares que assassinaram o músico Evaldo Rosa e o catador latinhas Luciano Macedo, morto na mesma ação militar com mais de 257 tiros.
É inacreditável, mas a defesa dos 12 militares que respondem às mortes na Justiça Militar acusou, sem apresentar provas ,o catador de latinhas, morto na mesma ação militar, pelo crime.
Durante quatro horas de manifestação, o advogado Paulo Henrique de Mello apresentou versões contraditórias para o crime. As viúvas de Evaldo Rosa e Macedo reagiram com indignação à acusação, que contraria o relato das vítimas que sobreviveram assim como a perícia feita no local. Na cena do crime, não foi encontrada qualquer arma que pertencesse a Macedo.
Segundo Dayana Fernandes, viúva de Macedo, o marido tentou ajudar Evaldo após o carro da família do músico ser alvejado por ao menos 62 tiros —ao todo, foram 257 disparos de fuzil e pistola que partiram dos militares, segundo a perícia.
Na versão dos militares, Macedo seria olheiro do tráfico local e atirou na tropa para fugir. O suposto ataque, diz o advogado, teria deflagrado as centenas de disparos contra o carro onde estava a família de Evaldo Rosa.
Segundo Dayana Fernandes, viúva de Macedo, o marido tentou ajudar Evaldo após o carro da família do músico ser alvejado por ao menos 62 tiros —ao todo, foram 257 disparos de fuzil e pistola que partiram dos militares, segundo a perícia.
Na versão dos militares, Macedo seria olheiro do tráfico local e atirou na tropa para fugir. O suposto ataque, diz o advogado, teria deflagrado as centenas de disparos contra o carro onde estava a família de Evaldo Rosa
"É revoltante, eu estou indignada. Estão insinuando que meu marido tinha envolvimento com o tráfico da região, que meu marido foi culpado pelo que aconteceu com o Evaldo. É muito fácil acusar quem já está morto e não pode se defender. Enquanto isso, o Exército mata quem eles querem. O Luciano já tinha saído do tráfico há muito tempo, já tinha saído dessa vida", disse Dayana.
"Eu já esperava que eles acusariam o Luciano, mas a justiça de Deus tarda mas não falha. Eu tenho um filho para criar e preciso seguir a minha vida. Mas a justiça vai ser feita" disse Luciana Nogueira, esposa de Evaldo.
Inicialmente, o advogado Paulo Henrique de Mello afirmou que traficantes de Guadalupe, na zona norte do Rio, onde ocorreu o crime, mataram Evaldo. Mais tarde, afirmou que Macedo era olheiro do tráfico e, no final das alegações, disse que o tiro que matou Evaldo partiu de Macedo.
Para sustentar essas acusações, o defensor dos militares não apresentou provas.
A defesa dos militares apresentou trechos de depoimento à Justiça Militar da viúva do catador. Na ocasião, Dayana relatou que tanto ela quanto o marido tinham antecedentes criminais por tráfico de drogas.
Também na tentativa de justificar a ação dos militares que abriram fogo contra o carro de Evaldo, o advogado exibiu um trecho do depoimento do general Miranda Filho, comandante da brigada, sobre confrontos com o tráfico supostamente ocorridos na manhã do dia das mortes. Segundo o militar, um Ford Ka Branco —mesmo modelo e cor do veículo de Evaldo— realizou assaltos na ocasião.
A defesa ainda afirmou, mais uma vez sem provas, que os militares reagiram a disparos de traficantes que atuam na região.
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