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O bloco informal bolsonarista, criado no mês passado em meio a insatisfações com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), já reúne sete deputados na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) e uma lista de interesses que quer entrar para o grupo.
Ricardo Madalena, ex-líder do PL na Casa, foi o último parlamentar a aderir à bancada paralela, que já tem mais integrantes que partidos como PSOL e PP. O bloco também tem entre seus membros os deputados Lucas Bove, Gil Diniz, Major Meca, Tenente Coimbra, Paulo Mansur e Fabiana Bolsonaro. Todos são do PL, mesmo partido do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Uma gota d'água para a criação do bloco foi a notícia de que o governo queria enviar um projeto para aumentar o imposto. O panorama de fundo, porém, inclui também o desprestígio dos deputados junto ao Palácio dos Bandeirantes e o distanciamento de Tarcísio das chamadas pautas ideológicas.
A bancada incomodou o governador neste fim de ano, quando ele precisou da ajuda de aliados para aprovar medidas importantes, como a privatização da Sabesp e a reforma administrativa do estado. Apesar de ter maioria na Casa Legislativa, o Executivo estadual sofreu diversas vezes com falta de quórum no plenário, fruto da desmobilização da base.
Para aplacar resistências, o titular do Palácio dos Bandeirantes decidiu recuperar o aumento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). O compromisso de não enviar o projeto à assembleia foi feito em reunião junto ao bloco às vésperas da votação da Sabesp.
No encontro, Tarcísio prometeu encaminhar até o ano que vem o Projeto de Lei (PL) que institui o Programa Escola Cívico-Militar no estado de São Paulo. O texto, que já está incluído pronto, foi construído em conjunto com os parlamentares do bloco.
O governador respondeu aos parlamentares sobre a pouca participação dos bolsonaristas na gestão estadual e a força que Gilberto Kassab, secretário de Governo, teve na administração. Para os bolsonaristas, Tarcísio não poderia ter um aliado de Lula como um de seus homens fortes.
Aos aliados, Tarcísio disse que se considerava alguém moderado e que, se os parlamentares queriam um governador superideológico, escolheram a pessoa errada. Num gesto, porém, o ex-ministro da Infraestrutura prometeu manter conversas mais próximas com os aliados para discutir espaços na sua administração.
— Esse bloco foi criado num momento de tensão. O estopim foi a sinalização do governador de envio de uma proposta de aumento de imposto, que vai contra tudo o que a gente defende. As conversas que tivemos com o governador foram boas. Ele e seu entorno, incluindo o chefe da Casa Civil e o Diego Torres (assessor de Tarcísio, irmão de Michelle Bolsonaro) se mostraram sensíveis às nossas colocações e sinalizaram com uma reaproximação no ano que vem. Os sinais foram feitos, agora é acompanhar para saber como será na prática —diz Lucas Bove, um dos fundadores do bloco.
O deputado Tenente Coimbra ressalta que o bloco é formado por pessoas que sempre apoiam Tarcísio e que continuam até hoje ao lado do governador.
— Mas é um bloco que vai fazer questionamentos também, vai cobrar algumas pautas coletivas, não individuais, importantes dentro dos nossos aspectos ideológicos, dentro de algumas questões de costumes e de alguns posicionamentos no governo do estado — acrescentou.
Ricardo Madalena, último a integrar o bloco, acredita que o grupo ainda irá crescer muito.
—Teremos uma independência maior (do governo), principalmente com as pautas de direita— diz.
Mal-estar
O mal estar entre o governador de São Paulo e os bolsonaristas se arrasta há meses e ganhou força após o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro se queixar publicamente do ex-ministro, dizendo que o aliado < a i=1>"dá suas escorregadas" e que "não está tudo certo" na relação dos dois.
Entre os episódios que geraram rusgas estão a liberação para a realização da feira do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) no Parque da Água Branca, a destinação de verba para a Parada LGBTQIA+ e as comemorações no Dia da Consciência Negra. Os parlamentares rechaçaram o fato de Tarcísio ter recebido a viúva de Nelson Mandela no Palácio dos Bandeirantes e ter sancionado o projeto de lei de Teonilio Barba (PT) que estabelece feriado no Dia da Consciência Negra.
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