Bolsonaro ameaçou espulsar do grupo quem votasse em Otoni de Paula na eleição na bancada evangélica

Eleição da FPE Revelou as Fraturas no Movimento Evangélico

 Bolsonaro ameaçou espulsar do grupo quem votasse em Otoni de Paula na eleição na bancada evangélica

Deputado culpa o ex-presidente pela derrota para Gilberto Nascimento

O deputado federal Otoni de Paula (MDB/RJ)

Racha na Bancada Evangélica: Otoni de Paula Acusa Bolsonaro após Derrota na FPE

Em uma reviravolta política que expõe as crescentes divisões na Frente Parlamentar Evangélica (FPE), o deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ) acusou o ex-presidente Jair Bolsonaro de ser o responsável por sua derrota na eleição para a liderança do grupo. A disputa, que terminou na noite de terça-feira, 27 de fevereiro de 2025, resultou na vitória de Gilberto Nascimento (PSD-SP), em um pleito que marca a primeira eleição formal na história da frente.

O resultado da votação, com 117 votos para Nascimento contra 61 para Otoni, não apenas definiu a nova liderança da FPE, mas também evidenciou as profundas fissuras ideológicas e políticas que permeiam a bancada evangélica no Congresso Nacional. Otoni de Paula, pastor da Assembleia de Deus de Madureira, vinha enfrentando críticas acirradas de figuras proeminentes do meio evangélico, como o pastor Silas Malafaia, devido à sua aproximação com o governo do presidente Lula.

Em declarações exclusivas à revista VEJA, Otoni não poupou palavras ao expressar sua frustração: "Foi a eleição do medo. Eu fui o cara mais aliado do Bolsonaro. Mas, por pensar diferente, fui eleito inimigo e adversário dele." O deputado argumenta que a pressão exercida por Bolsonaro e seus aliados criou um clima de intimidação entre os parlamentares evangélicos.

A trajetória política recente de Otoni de Paula ilustra as complexidades do cenário político brasileiro pós-Bolsonaro. Outrora um ferrenho apoiador do ex-presidente, Otoni gradualmente se distanciou do bolsonarismo, chegando a se autodeclarar "antibolsonarista". Esse afastamento culminou em um encontro com o presidente Lula no Palácio do Planalto em outubro do ano passado, evento que aprofundou as divisões na bancada evangélica.

A eleição para a liderança da FPE tornou-se, assim, um campo de batalha ideológico, com Otoni representando uma ala mais moderada e disposta ao diálogo com o atual governo, enquanto seus opositores mantêm-se alinhados com o bolsonarismo. O deputado derrotado não hesitou em expressar seu descontentamento: "Nunca mais Bolsonaro terá minha solidariedade para nada", afirmou, sinalizando uma ruptura definitiva com o ex-presidente.

Apesar das acusações de aproximação com o governo Lula, Otoni nega qualquer alinhamento ideológico com o petista. "Meu candidato, até então, podia ser Bolsonaro. Mas me mantenho com Ronaldo Caiado", declarou, reafirmando sua posição política independente.

Este episódio marca um ponto de inflexão na política evangélica brasileira, tradicionalmente vista como um bloco monolítico de apoio ao conservadorismo. A eleição na FPE revela uma realidade mais nuançada, com diferentes correntes disputando a hegemonia do movimento evangélico no cenário político nacional.

As repercussões dessa eleição prometem ecoar além dos corredores do Congresso, potencialmente influenciando as estratégias políticas dos partidos e a própria dinâmica das eleições de 2026. Enquanto isso, a bancada evangélica, uma das mais influentes do Legislativo, enfrenta o desafio de manter sua unidade em meio a divergências cada vez mais evidentes.

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Com informações da revista Veja

Por Ultima Hora em 27/02/2025
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