Bolsonaro: Maior Petista do Brasil

Bolsonaro: Maior Petista do Brasil

A noite do último domingo foi marcada pela eleição do petista Luiz Inácio Lula da Silva para seu terceiro mandato como presidente da república. Em uma eleição marcada por brigas e sangue, o atual chefe de Estado, Jair Bolsonaro, viu sua possível reeleição se transformar na fumaça dos fogos de artifício soltos pelos apoiadores do ex-presidente Lula. Mas engana-se quem pensa que a derrota se deu na votação. O líder do Executivo já vinha “trabalhando” para que isso acontecesse (porque realmente, parece que foi intencional).

Mas, antes de tudo, lembremos que a luta para tirar o PT do poder foi grande. O ano de 2013, marcado pelos colossais protestos de julho, foi o início de uma onda de manifestações contra a, então presidente, Dilma Rousseff que culminou na criação do MBL, na marcha a pé de São Paulo até Brasília organizada pelo movimento e, por fim, no seu impeachment.

No meio de tudo isso, uma figura cresceu. Jair Messias Bolsonaro, que ocupava uma cadeira na Câmara dos Deputados desde 1991, começou a ficar conhecido por seus discursos inflamados contra a esquerda. Durante a votação do processo contra a presidente, ele chegou a exaltar Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-chefe do DOI-CODI, órgão de repressão e tortura do tenebroso Regime Militar, e que havia falecido um ano antes. A polêmica sobre sua declaração de voto, aliada a antigas brigas com outros parlamentares, em especial Maria do Rosário (PT-RS) e Jean Wyllys (PSOL-RJ), ampliou consideravelmente sua visibilidade.

Bolsonaro, que não é bobo nem nada, resolveu se candidatar à presidência, levantando, ao mesmo tempo, pautas de progresso, moralidade e ordem. Suas plataformas iam desde privatizações e responsabilidade fiscal, passando pelo combate à corrupção e chegando à moral cristã, patriotismo e família. O brasileiro, cheio de esperanças, confiou a ele o cargo mais importante (ao menos em tese) deste país. E, uma vez no poder, começaria a colocar em prática todas as suas promessas, certo?

Errado. Logo no primeiro ano de mandato, o presidente nomeou, para a Procuradoria-Geral da República, o petista Augusto Aras. O órgão em questão é simplesmente o responsável por investigar e denunciar falcatruas e irregularidades dos três poderes. Aras não fez nada disso; ficou na inércia e não reportou corrupção alguma. E quem lhe nomeou para essa função de tamanha importância foi justamente o líder do Poder Executivo.

Como se já não bastasse, ainda houve a nomeação de Kassio Nunes para o lugar de Celso de Mello, ex-ministro do STF. E vejam que ironia: justamente o primeiro magistrado indicado por quem disse que iria lutar bravamente contra o PT no governo deu o voto de minerva para que Lula pudesse ser candidato. Parece uma piada, e de muito mal gosto. Fosse isso um episódio de alguma série, os fãs já estariam em polvorosa dizendo que é “forçado”. Mas é a mais pura realidade.

E não para por aí. Testemunhamos a CPI da Lava-Toga no Senado, que investigaria diversos ministros, dentre eles Dias Toffoli, apelidado carinhosamente de “advogado do PT” por Bolsonaro, ser dizimada e jogada no lixo justamente pela família do presidente, especialmente por seu filho, Flávio Bolsonaro, senador da República pelo nosso estado. Ah, e o Toffoli virou amiguinho do líder máximo do Brasil. Até à casa do presidente o ministro já foi.

E daí se seguem vários e vários erros e traições cometidas pelo atual governo: ignorou e-mails da Pfizer, falou em “gripezinha” no meio da pandemia, atrasou a compra de vacinas, orientou o Ministro da Educação a favorecer cidades cujos prefeitos eram amigos de um certo pastor evangélico… ufa. Seria necessária uma tese de mestrado inteira para falar de tudo.

Fato é que a incompetência bolsonarista trouxe Lula de volta. E não é como se isso não fosse previsível. João Amoedo, candidato à presidência em 2018, já alertava sobre esse risco, caso Bolsonaro fosse eleito. E, aliás, o próprio Jair Bolsonaro havia afirmado em entrevista após ser eleito: “se eu errar, o PT volta”. Não fomos nós, os quase seis milhões que anularam o voto, os responsáveis por isso. Não nomeamos um petista para a PGR, nem eliminamos a possibilidade de uma CPI da Lava-Toga. Não foi o MBL que assumiu o poder com Lula preso, inelegível e politicamente morto que o soltou, tornou elegível e ressuscitou seu capital político. Fizemos um esforço gigantesco para tirar a esquerda do poder e nosso propósito foi usurpado por quem, no fim de tudo, o subverteu.

O Brasil terá anos difíceis pela frente. Um novo governo Lula será desastroso caso ele ponha novamente em ação a velha política econômica de gastos públicos exacerbados e aumento da dívida, como ocorreu em suas últimas gestões. Mas não podemos abaixar a cabeça. A batalha continua. Seguiremos na vanguarda de um país melhor e bem longe dos dois projetos de poder corruptos que foram ao segundo turno.

Como diz o título daquela música de Gonzaguinha: “E vamos à luta”.

 

Assinatura: Movimento Brasil Livre - Rio de Janeiro.

Por Ultima Hora em 07/11/2022
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