Bolsonaro perdeu o posto para Pablo Marçal e seus filhos se desesperam

Bolsonaro perdeu o posto para Pablo Marçal e seus filhos se desesperam

  A recente pesquisa Datafolha em São Paulo mostrou um crescimento expressivo do ex-coach Pablo Marçal, um fenômeno que confirma o que muitos já vinham percebendo: a influência do ex-presidente Jair Bolsonaro sobre a política brasileira está em declínio. A trajetória de Marçal, que agora lidera a corrida pela prefeitura da maior cidade do país, revela que o fascismo tupiniquim pode prosperar sem a benção de Bolsonaro, contanto que o candidato seja tão ou mais radical que o antigo líder.

Esse cenário explica a insatisfação crescente de Jair Bolsonaro e seus filhos com a ascensão de Marçal. Antes visto como o único nome capaz de liderar o movimento de extrema-direita no Brasil, Bolsonaro agora se encontra em uma posição desconfortável, com seu espaço político sendo tomado por um outsider que, com o apoio de bilionários como Hélio Seibel, acionista da Klabin e da Leo Madeiras, desponta como o novo rosto da extrema-direita no país.

Para muitos analistas, a "ação Bolsonaro", se fosse uma empresa listada na bolsa, estaria em queda livre. A promessa de força, virilidade e invencibilidade que o ex-presidente carregava foi minada por uma série de investigações e processos judiciais, e o desempenho pífio de seus candidatos nas eleições municipais apenas reforça sua irrelevância crescente. A situação de Bolsonaro pode se agravar ainda mais caso o procurador-geral Paulo Gonet decida avançar com denúncias criminais contra ele, algo que parece cada vez mais provável.

A Estratégia Equivocada de Ricardo Nunes

O atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, do MDB, também enfrenta dificuldades decorrentes de sua associação com o bolsonarismo. A escolha de um vice imposto por Bolsonaro e a adesão a uma campanha voltada para a extrema-direita, em vez de focar em sua própria gestão, podem ter sido erros estratégicos fatais. Agora, com Marçal à frente nas pesquisas, Nunes se vê em uma posição frágil, tentando equilibrar o apoio dos bolsonaristas enquanto tenta conquistar eleitores mais moderados.

Em terceiro lugar nas pesquisas, Nunes enfrenta o desafio de se distanciar de uma figura política em declínio, enquanto precisa decidir se radicaliza ainda mais sua campanha ou busca uma estratégia alternativa. Comparado a outros prefeitos, como Eduardo Paes no Rio de Janeiro e João Campos em Recife, que mantiveram suas campanhas focadas na gestão local, Nunes pode ter desperdiçado uma oportunidade de fortalecer sua imagem ao nacionalizar a disputa.

Oportunidades e Desafios para Guilherme Boulos

Por outro lado, Guilherme Boulos, candidato do PSOL com o apoio do PT, pode se beneficiar da erosão do bolsonarismo. Com Marçal assumindo o papel de líder da extrema-direita, Boulos tem a chance de consolidar o apoio dos eleitores que votaram em Lula em 2022, além de buscar alianças para o segundo turno com figuras como Tabata Amaral (PSB) e José Luiz Datena (PSDB). A decadência desses nomes, simbolizando a perda de poder do capital e da mídia tradicional, respectivamente, também joga a favor de Boulos, que se apresenta como uma alternativa progressista em um cenário político em mutação.

A ascensão de Pablo Marçal e o consequente declínio de Jair Bolsonaro apontam para uma transformação significativa no cenário político brasileiro. Enquanto Bolsonaro perde relevância e corre o risco de enfrentar processos criminais, o fascismo se reinventa com novos protagonistas. O desaparecimento gradual da "franquia Bolsonaro" pode ser um alívio para muitos, mas a ascensão de figuras como Marçal mostra que o desafio de combater o extremismo está longe de ser superado. A política brasileira continua em ebulição, e as próximas eleições municipais podem ser um prenúncio do que está por vir nas disputas nacionais.

 

Fonte: Brasil247

Por Ultima Hora em 23/08/2024
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