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“O velho mundo está morrendo.
E o novo mundo luta
para nascer. Agora é
tempo de monstros.” Antonio G.
Mais uma vez vejo artigo falando da compra de blindados e como isto poderia ser muito interessante para movimentar a indústria de blindados nacionais, porém, ao invés de “ressuscitarmos” a Engesa que tanto nos deu orgulho no passado, ou a Avibras que possui condições até para a fabricação de drones modernos, preferimos gastar tempo e dinheiro em o que não funciona.
Não é o caso somente do país do fornecedor estar em guerra ou acusado de genocídio para se suspender tal intenção, como disse recentemente Celso Amorim, assessor da presidência para assuntos internacionais. No contexto militar, necessidade de defesa do nosso país está à frente de qualquer coisa do tipo.
Mas há coisas que são e coisas que não são. Toda vez que pensamos na compra de um novo armamento ou equipamento para compor as nossas forças armadas, não devemos escolher semente por razões de diplomacia, por razões econômicas ou mesmo por razões de marketing.
Novamente volto a dizer que temos uma doutrina militar brasileira que necessariamente deveria estar calçada no Plano Nacional de Defesa - PND, e a toda vez que trazemos nos últimos tempos a exigência ou a intenção de compra de equipamento, a última coisa que se tem se observado é a sua utilidade prática nos empregos imediatos e nos cenários estudados em uma necessidade real de confronto armado na defesa de nossa soberania e território nacional.
Segundo o site do Ministério de Defesa:
“O PND é o documento condicionante de mais alto nível para o planejamento de ações destinadas à defesa do País. Voltada prioritariamente para ameaças externas, estabelece objetivos para o preparo e o emprego de todas as expressões do Poder Nacional, em prol da Defesa Nacional".
Primeiramente, se os blindados não tem emprego estratégico tático e operacional é inútil. Se ele não traz nenhum acréscimo tecnológico de nenhuma autonomia militar, não está dentro do conjunto de necessidades prementes e urgentes da defesa, então não é prioritário, não é útil ou não é relevante. Isso é o básico, é PREMISSA.
Será que isso também não fora levado em conta pelo TCU, que última quarta-feira (18) decidiu de forma unânime não haver impedimentos legais para que o governo brasileiro adquira tais blindados, mesmo diante da intervenção por Israel na Faixa de Gaza? Ignora o TCU as necessidades do PND? Oh TCU... como explicar que seria também o dinheiro do contribuinte malgasto? E FFAA?
Recentemente também vi na imprensa que filho de general era representante de empresa estrangeira de suprimentos militares, e que intermediou e concretizou negócios com o Exército, isso, quando seu pai era alta parte do executivo nacional. Não é ilegal, mas de acordo com muitas situações análogas também noticiadas e controversas, mostram-se, todavia, que, tais processos não são tão transparentes como deveriam ser, e criam dúvidas quanto a sua moralidade não obstante até que ponto podem influenciar em escolhas contrárias às necessidades.
O confronto militar na Ucrânia mostrou-nos que a guerra contemporânea sofre algumas fragilidades estruturais ao mesmo tempo que muitos equipamentos anteriormente vitais se tornaram completamente inúteis, obsoletos.
Artilharia e Obuseiros só são úteis quando capazes de proferir fogo acima de 80 km de distância do ponto de contato. Blindados se tornam apenas alvos e armadilhas para morte de diversos soldados em transporte, como vimos sendo atacados por bombas lançadas por aviões e drones de combate.
Mas, principalmente, esse tipo de situação em só adquirir do estrangeiro materiais praticamente defasados tecnologicamente e estrategicamente, mantém a dependência militar que significa grandes linhas de suprimento, colocando em altíssimo risco nossa soberania, que conta com geografia especifica e consequentemente exigências diferenciadas.
Vejamos, pois, porque hoje a OTAN está perdendo o conflito na Ucrânia. Cada tiro dado no front viaja a uma distância equivalente do Estados Unidos ou Europa Ocidental até o porto europeu ou aeroporto, e de lá, mais 72 horas por estradas nem sempre nem regulamentadas até chegar ao front, enquanto do lado Russo em 48 horas andando qualquer munição chega ao mesmo front.
Diferentemente de Hollywood, a guerra é “fria”, pois decisões assim são tomadas por aqueles que detém conhecimento e vocação para tanto. Rússia está agindo como sempre agiu, formou o “caldeirão” e saiu calmamente executando o seu planejamento, que era principalmente esticar mais ainda a linha de suprimentos da Ucrânia, trazendo a “briga” para seu território, onde domina e é amplamente apoiada por sua população, que por sua vez praticamente todos possuem parente ou parentes mortos em guerras inclusive contra nazistas, e que com a malfadada incursão a Kursk pelo vizinho, acarretou substancial levantamento moral pela pátria, causando alistamentos de jovens em massa, aumentando seu exercito agora em mais de 180 mil soldados, treinados. Isso são fatos.
Enquanto isso, seu oponente necessita literalmente sequestrar jovens e adultos nas ruas, levando desespero a suas famílias – há fartos vídeos na internet comprovando isso, e sofrendo até críticas de políticos europeus “amigos”, de que seu 7º exercito montado para este conflito é muito “velho”, com média de homens com idade de 40 anos, que hoje a grande maioria é formado por mercenários contratados, não possuindo mais nenhum veterano no front.
Ontem o mais poderoso blindado alemão Leopard, sucumbiu em Liman, demostrando novas realidades de guerra. Nem sua suposta armadura “avançada” suportou. São mais que fatos, mesmo que propagandas de guerra digam o contrário.
Qualquer equipamento militar brasileiro que não rode em meio a floresta densa, dependa de longa linha de suprimentos, ou peças de reposição em países beligerantes, deve ser riscado imediatamente da lista de desejos, mas estranhamente vemos, como no caso Black Hawks citado em artigos anteriores - e agora o casos dos tanques da Elbit (mesmo já estando estes todos defasados), decisões e “cartuchos” politicos gastos equivocadamente.
Tal situação demonstrou até pressão do próprio Ministro da Defesa para que o governo adquira os blindados da Elbit Systems, em contraponto do assessor do presidente, que também entende que isso geraria uma “dependência perigosa” conforme declarou, mas estranhamente isso tudo passou batido pelo TCU.
Triste país do faz de contas. Mas a conta chega numa hora, e estaremos despreparados. Essequibo está à vista e talvez iminente, lembrando que Maduro não respeitou o Brasil novamente como agora na embaixada Argentina em Caracas. Energia será a maior demanda futura, e todos lutarão por ela se utilizando de qualquer desculpa amparadas em marketing, caso não haja uma grande guerra, segundo relatório da Aramco.
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