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Se tem algo que não muda em Brasília é que sempre surge um projeto para bagunçar o jogo. Dessa vez, o PL 3178/24, em tramitação na Câmara, resolveu lançar a moeda para decidir: contadores ou economistas? Quem ganha o direito exclusivo de analisar os números que movem empresas e governos?
Na prática, o projeto atualiza uma lei dos anos 1950 e propõe que as análises econômico-financeiras sejam exclusivas dos economistas. Isso significa que todo aquele balanço bonito, as DREs, os fluxos de caixa – que os contadores suam para produzir – poderiam parar nas mãos dos economistas para “interpretação”.
Pera lá, deputado, que o jogo tem duas torcidas e um juiz sumido.
De um lado, os contadores. Eles são os verdadeiros pais das Demonstrações Contábeis e entendem o DNA desses números como ninguém. Afinal, produzir balanços é trabalho deles. E quem melhor para destrinchar os dados do que quem os construiu? É como pedir para o padeiro fazer o pão e pro nutricionista dizer se ele está bom – o nutricionista analisa, mas o padeiro é quem domina a receita.
Do outro lado, os economistas defendem que suas formações trazem uma visão mais estratégica e que eles também têm capacidade técnica para a tarefa. Afinal, análise econômica é o dia a dia de quem estuda macroeconomia e finanças.
E as partes, quanto ganham ou perdem?
Se aprovado, o projeto pode significar menos mercado para contadores – que vão perder o direito de atuar como consultores econômico-financeiros. Os economistas, por outro lado, ampliariam seu território. A luta é por espaço no mercado, claro, mas também por prestígio: ninguém quer perder o título de especialista nos números que importam.
Quem paga o pato? Empresas, investidores, governos e a população, que podem ver as disputas de vaidade profissional se refletirem no preço dos serviços ou na qualidade das análises. Quanto mais exclusividade, menos concorrência, e todo mundo sabe como isso termina.
No fim, essa briga parece mais um cara ou coroa político. Se o PL passa, os economistas saem com a taça. Se ele cai, os contadores comemoram. Mas alguém já perguntou para o empresário ou para o cidadão quem ele quer que analise os números? Enquanto a Câmara joga a moeda, o mercado e os profissionais ficam no aguardo – ou no prejuízo.
E aí, deputado, vai dar bola para quem: contadores ou economistas? Ou será que a moeda ainda está no ar?
Por: Arinos Monge.
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