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A carne brasileira, que já conquistou paladares mundo afora, virou alvo de fogo cruzado no plenário da Assembleia Nacional da França. Entre discursos inflamados, deputados não pouparam adjetivos pesados: “lixo”, “cancerígena” e “vagamente rastreável”. Mas, no fim das contas, o que realmente está em jogo no acordo Mercosul-União Europeia? É a carne ou a política?
Enquanto um deputado acusava o Brasil de “não saber o que é rastreabilidade” e outro declarava que “nossos pratos não são latas de lixo”, o consenso era claro: qualquer coisa servia para atacar o Mercosul. Curioso é que, em meio ao coro das críticas, o Uruguai foi exaltado como exemplo de rastreabilidade confiável. O resto? Escanteado como "ameaça sanitária".
Se por um lado a França exige carne impecável, do outro, seus próprios agricultores estão de olho no prejuízo. É que, na lógica deles, competir com o agronegócio brasileiro, com preços e produtividade tão diferentes, seria como colocar uma bicicleta para disputar com um foguete. Mas será mesmo que a briga é só por qualidade?
Hormônios, antibióticos e… hipocrisia?
Além de chamarem nossa carne de “hormonada”, os deputados acusaram o Brasil de usar produtos proibidos na Europa desde 2006. Irônico, não? Afinal, enquanto a França ataca o sistema produtivo do Mercosul, mantém seus supermercados abastecidos com produtos brasileiros – e, convenhamos, não foi a carne que transformou Paris na Cidade Luz.
E se o problema fosse tão grave, por que grandes empresas como Carrefour e Danone continuam na parceria? Vale lembrar que o próprio Carrefour, após críticas de seu CEO global, foi rápido em pedir desculpas e elogiar a “alta qualidade” da carne brasileira. Contradição ou apenas jogo de cena?
Quem está com a faca e o queijo na mão?
No Brasil, o agronegócio reage. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil já planeja acionar a União Europeia contra empresas francesas que questionam a qualidade dos produtos nacionais. E, enquanto isso, deputados franceses mostram que podem até não concordar em muita coisa, mas quando o assunto é proteger o próprio mercado, a união é exemplar.
A pergunta que fica: será que a França está mesmo preocupada com os pratos ou apenas usando a carne como bode expiatório para resistir à competitividade do Mercosul? No fim, o churrasco que virou polêmica só reforça uma velha lição: na política, o que está na mesa raramente é só comida.
Por: Arinos Monge.
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