CDC confirma primeiro caso grave de Gripe Aviária – H5N1 no estado da Lousiana-EUA. E agora?

Profª. Drª. Adriana Pedrenho Departamento de Ciências Fisiológicas, UFRRJ Idealizadora da Nave Química Fisiológica

CDC confirma primeiro caso grave de Gripe Aviária – H5N1 no estado da Lousiana-EUA. E agora?

Ao todo são 61 casos de gripe aviária confirmados em humanos nos Estados Unidos, mas o último caso confirmado nessa quarta-feira pelo Centro de controle e prevenção de doenças (CDC) é o primeiro caso grave e o paciente está hospitalizado em estado crítico, despertando preocupação e investigação, que ainda está em andamento. Parece que o paciente teve contato com aves doentes ou mortas provenientes de uma criação doméstica.

O CDC fez o sequenciamento genético preliminar da cepa e os testes indicam que é do tipo D1.1 que é uma cepa presente em aves nos EUA e que também ocasionou um caso de gripe aviária em uma pessoa no Canadá. Essa cepa é diferente daquela encontrada no gado leiteiro americano, mesmo assim, o governador do estado da Califórnia, Gavin Newsom, emitiu “estado de emergência” como precaução pois metade dos casos confirmados de H5N1 em pessoas nos EUA está concentrada no estado da Califórnia.

O diretor do Centro Nacional de Imunização e Doenças Respiratórias do CDC, Demetre Daskalakis, disse, em entrevista coletiva na mesma quarta-feira, que “o risco atual para a população em geral continua baixo, mas o crescente número de animais infectados pelo vírus H5 aumenta o risco potencial para infectar pessoas e o vírus pode se adaptar e causar a disseminação entre humanos”.

Existem três tipos de vírus da gripe: influenza A, influenza B e influenza C. O H5N1 é um subtipo de influenza A, e é conhecido como vírus da gripe aviária porque também é encontrado em aves.

Em geral, a mortalidade da gripe é baixa, mas em caso de infecção por H5N1, a taxa de mortalidade pode chegar a 60%. A transmissão para humanos ocorre principalmente através do contato direto com aves infectadas ou pelo consumo de sua carne.

As aves eliminam o vírus através da saliva, muco e fezes, e ele pode se tornar aerotransportado quando sua cama e penas são agitadas nos celeiros, particularmente durante operações de abate.

Os sintomas são semelhantes ao de mal-estar de uma gripe comum: febre, dor de garganta, tosse seca e coriza, entretanto, na gripe aviária os sintomas evoluem mais rápido e existe um risco maior para complicações graves como pneumonia ou sangramento.

O tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível, e geralmente envolve o uso de antivirais e remédios para aliviar os sintomas, além de monitorização constante para evitar agravo da doença.

Desde 2022 o vírus H5N1 vem apresentando novas mutações que o permitiu infectar outros animais, incluindo o gado leiteiro, iniciando um surto em março desse ano quando o primeiro caso da gripe na espécie foi anunciado no Texas.

Desde então, pelo menos 16 estados estadunidenses foram afetados com mais de 860 rebanhos contaminados. No gado, o H5N1 se concentra na teta da vaca e podem ser observados em alta concentração no leite cru proveniente de vacas contaminadas, o que pode ser um risco alto para os trabalhadores envolvidos na ordenha.

Esse tipo de comportamento do vírus em se habilitar para infectar mamíferos sugere fortemente que o vírus possa se adaptar e passar a ser transferido diretamente por humanos, com chances de uma nova pandemia.

O ministério da saúde informou que existem 166 focos de casos em aves contaminadas com H5N1 no Brasil, sendo 163 em aves silvestres. O Infectologista Esper Kallás, diretor do Instituto Butantan aguarda a liberação para os testes clínicos de uma vacina contra o H5N1 (NIBRG-301-A/duck/Vietnam/NCVD-1584/2012 (H5N1) que está em fase de testes pré-clínicos e poderá ser usada como imunizante a uma potencial pandemia provocada pela cepa aviária H5N1 no país.

A cepa H5N1 entra nas células para infectá-las através da fixação em açúcares que se projetam da superfície celular, chamados ácidos siálicos.

A cepa de H5N1 do vírus da gripe aviária por trás do surto atual nos EUA demonstrou afinidade apenas com os tipos de receptores de ácido siálico que são mais abundantes no trato respiratório das aves.

Mas, os vírus da gripe também podem mutar rapidamente, e desde 2022, o H5N1 tem infectado uma variedade crescente de mamíferos, incluindo gado leiteiro. Isso preocupa os cientistas, pois quanto mais o vírus circula em animais vai se especializando em “saltar” para novas espécies.

Um estudo publicado na semana passada na revista Science mostrou que uma pequena alteração no material genético do vírus já permitiria que ele se ligasse aos tipos de ácidos siálicos mais comuns no nariz e pulmões de humanos. Se esse quadro futurístico trágico vai acontecer, não podemos prever, mas devemos continuar alertas.

Profª. Drª. Adriana Pedrenho

Departamento de Ciências Fisiológicas, UFRRJ

Idealizadora da Nave Química Fisiológica

 

Por Ultima Hora em 20/12/2024
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