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Em uma explosão de cores, aromas e sabores, a chef Lucimar levou um pedaço do Pará para a Baixada Fluminense durante sua participação no evento Baixada Gastronômica. Com uma apresentação que impressionou o público e os organizadores, a paraense mostrou por que a gastronomia amazônica tem conquistado cada vez mais espaço no cenário nacional.
"Nasci em Belém do Pará, onde tudo começou, numa casa de família, e descobri que eu queria isso para a minha vida: aprender mais, mais e mais", conta Lucimar, que acumula 30 anos de experiência culinária. "São 25 anos de Rio de Janeiro, sou 'parioca'", brinca, referindo-se à mistura de suas raízes paraenses com a influência carioca.
Sua jornada gastronômica não parou por aí. "Vamos para a Argentina, e ficou uma mescla, a 'parioca' com a Argentina. Hoje eu levo essa cultura gastronômica para a Argentina", explica a chef, que se tornou uma espécie de embaixadora da culinária amazônica no exterior.
Tacacá: o caldo que conta a história do Pará.
O destaque da apresentação foi o tacacá, prato emblemático da culinária paraense que intriga e fascina quem experimenta pela primeira vez. "Eles costumam dizer: 'Você tem aquela sopa que a folha treme na boca?' Eu digo: eu tenho!", relata Lucimar, referindo-se ao jambu, erva que causa uma leve dormência na boca, um dos ingredientes do prato.
"O tacacá é esse líquido maravilhoso que se extrai da mandioca", explica a chef, detalhando o preparo tradicional. "Na verdade, a história do tacacá é que, no final da tarde, três, quatro horas da tarde, estão lá as tacazeiras, que são as mulheres que vendem tacacá. Não tem chef, não tem cozinheira, tem as tacazeiras."
A preparação, segundo Lucimar, segue um ritual. "Elas montam aquela mesinha, aí está uma panela com o tucupi, outra com a goma, uma vasilha com o jambu, outra com camarão e a pimenta", descreve. "É isso: você vem na cuia, goma, tucupi, camarão, jambu, que é essa folha que dá essa dormência, e pimenta."
A versatilidade da mandioca na cultura paraense.
Durante sua apresentação, a chef aproveitou para destacar a importância da mandioca na culinária do Norte. "Dessa mandioca a gente faz muita coisa, às vezes é de cultura. Carioca pede um aipim com uma carne seca, aipim frito com uma carne seca. Já em Belém do Pará, se pede um bolo de macaxeira, se pede o tacacá, se pede um pato no tucupi, se pede um bolo de puba, se pede a tapioca, se pede uma goma, se pede um mingau de tapioca."
A chef fez questão de alertar os presentes sobre o sabor peculiar do tacacá. "Ele é uma experiência, porque é um sabor bem diferente. As pessoas não estão muito acostumadas ainda com o sabor", comenta. "Tanto que eu deixei livre para as pessoas que nunca tivessem degustado. Ele é forte, ele tem um sabor intenso."
Entre tacazeiras e alta gastronomia.
Lucimar celebra a valorização crescente da gastronomia paraense. "Hoje eu fico muito feliz de o tacacá estar em grandes restaurantes, muitos restaurantes." No entanto, faz questão de manter viva a tradição original: "Na verdade, a história do tacacá é que no final da tarde, três, quatro horas, estão lá as tacazeiras."
A paixão pela gastronomia é evidente quando a chef fala sobre sua profissão. "A gente fica nessa adrenalina, nessa pressão. Essa pressão existe, essa pressão ela é real", afirma, relembrando desafios como competições culinárias. "Existe um momento que não tem esse pré-preparo, que a gente não sabe o que vai preparar, levanta a tampa, caixa surpresa, aí 20 minutos." Eu gosto dessa adrenalina."
Por Robson Talber @robsontalber
Repórter Débora Barbosa @chefdeborabarbosa assessoria de Alberto Aquino @albertoaquino10
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