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Parlamentar acusado de mandar matar Marielle perde o mandato por... não bater ponto na Câmara
Chiquinho Brazão não é mais deputado. Mas calma lá: não se empolgue achando que foi pela acusação de ser mandante do assassinato de Marielle Franco. Isso seria pedir demais do Congresso Nacional. Ele perdeu o cargo porque... faltou ao trabalho. Sim, exatamente isso. O famoso "não veio, perdeu".
A Mesa Diretora da Câmara, com todo o zelo burocrático que lhe cabe, publicou nesta sexta-feira um ato declarando a perda do mandato do deputado por “ausência injustificada em sessões”. Nada sobre crime, sobre milícia, sobre morte. Apenas sobre falta.
Preso há mais de um ano, Brazão já não botava os pés no plenário desde março de 2024. E mesmo assim, a tal cassação por decoro — aquela recomendada pelo Conselho de Ética lá em agosto do ano passado — nunca chegou a ser votada. Faltou “clima político”, disseram nos corredores. Ou talvez tenha sobrado medo de botar a digital na cassação de alguém com amigos influentes.
A líder do PSOL, Talíria Petrone, acertou na mosca: “Já passou da hora do acusado de mandar matar Marielle perder o mandato. Mas lamento profundamente que isso não tenha acontecido via plenário. É uma forma de preservar seus direitos políticos — e de poupar deputados do constrangimento de votar contra”.
E ela não está errada. Com a manobra regimental, Brazão sai discretamente, sem o carimbo de “cassado por assassinato” que muitos gostariam de ver estampado no Diário Oficial. Não há deliberação, não há símbolo político, não há enfrentamento. Só uma nota fria sobre um nome riscado da lista.
Assim, o deputado sai de cena sem holofotes, sem discursos inflamados, e — quem diria — com os direitos políticos ainda em dia. Um feito. Afinal, em tempos de democracia fragilizada, até quem é acusado de mandar matar uma vereadora pode perder o cargo... por não bater ponto. E olhe lá.
Por: Arinos Monge.
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