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O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), tenente-coronel do Exército Mauro Cid, decidiu ficar em silêncio durante depoimento à Polícia Federal (PF), em Brasília, nesta quinta-feira (18/5). A oitiva com Cid durou menos de uma hora.
O militar chegou à sede da PF, em Brasília, escoltado por policiais do Exército às 14h25. Saiu menos de uma hora depois, às 15h08. Ele foi questionado sobre a falsificação de dados de vacina contra a Covid-19 no sistema do Ministério da Saúde, mas preferiu não responder.
O aliado de Bolsonaro está preso pela PF desde o dia 3 de maio, no âmbito da Operação Venire. Na data, foram cumpridas 16 ordens de buscas e seis mandados de prisão.
A operação que prendeu Cid foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A decisão foi proferida no âmbito do inquérito que apura as “milícias digitais”.
Segundo a investigação, Cid é suspeito de cometer os crimes de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação, peculato eletrônico e corrupção de menores.
Bolsonaro também prestou depoimento no inquérito. Na última terça-feira (16/5), o ex-presidente afirmou que nunca tomou conhecimento do suposto esquema de fraudes nos cartões de vacinação.
O ex-chefe do Executo federal também negou que tenha participado, apoiado ou orientado os atos antidemocráticos — de insurreição ou subversão — contra o Estado de Direito, que culminaram com as manifestações golpistas de 8 de janeiro.
No depoimento, Bolsonaro afirma que nunca ouviu Mauro Cid mencionar o esquema ou como obteve os certificados, apesar de o ex-ajudante de ordens ficar encarregado de toda a sua gestão de cunho pessoal. O ex-presidente ainda ressalta que nem sequer sabe operar o ConecteSUS, sistema que detém os dados de saúde dos brasileiros.
“Indagado se Mauro Cesar Cid relatou ao declarante como obteve os certificados de vacinação contra Covid-19 falsos, Bolsonaro respondeu que Mauro Cid nunca comentou como obteve os certificados de vacinação; que [nem] sequer comentou sobre certificados de vacinas”, diz trecho do depoimento.
Segundo a PF, as inserções de dados falsos, que ocorreram entre novembro de 2021 e dezembro de 2022, tiveram como consequência a alteração da verdade sobre a condição de imunizado contra a Covid-19 dos beneficiários. O próprio Bolsonaro teria o cartão de vacina adulterado, além da filha mais nova dele, Laura, 12 anos; Mauro Cid, a esposa e a filha dele.
A PF descobriu o esquema após a quebra do sigilo do celular do oficial. Os investigadores encontraram diálogos do tenente-coronel nos quais ele solicitava ajuda para obter certificados falsos de vacinação.
A apuração da Polícia Federal identificou indícios de que houve fraude no cartão de Bolsonaro e de sua filha mais nova, com o objetivo de burlar as exigências estabelecidas pelas autoridades dos Estados Unidos para entrada no país, no fim do ano passado. Um secretário municipal de Duque de Caxias teria sido acionado para inserir os dados fraudulentos do cartão de vacina de Bolsonaro no sistema do Ministério da Saúde, o que permitiria a produção do certificado falso. (Do Metrópoles)
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