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Um encontro inusitado e teoricamente impossível se torna possível no palco, lugar que acolhe todas as falas e possibilidades. Nesse encontro estão frente a frente duas figuras proeminentes que defendem posições distintas e opostas, Sigmund Freud e C.S. Lewis.
Pensadores expoentes do século XX se encontram para um embate profundo sobre a existência de Deus, o sentido da vida, suas crenças e posições. No balaio da conversa outros assuntos surgem com a mesma intensidade de defesa de cada ponto de vista, como sexo e as relações humanas, sem tabu e com rigorosa e entusiasmada defesa de ambos. Como intelectuais discutem ideias e por isso a escuta é apurada e transforma o encontro em um descortinar de olhares distintos, no entanto, sempre fundamentado, o que enriquece o debate e o que se pode depreender.
Freud ateu convicto traz concretude em todo seu pensamento permeado de um humor irônico e refinado e C. S. Lewis responde da mesma forma defendendo de forma implacável os princípios cristãos que o norteiam após sua conversão ao cristianismo.
O texto de Mark St. Germain e? baseado no livro Deus em Questa?o e traz à cena dois atores em estado pleno. Odilon Wagner, premiado por essa atuação, traduz magistralmente Freud nos levando ao universo do psicanalista de maneira exemplar e convincente. Sua performance acerta inclusive nos detalhes. No contraponto Marcelo Airoldi interpreta o filósofo, professor universitário, critico literário C. S. Lewis impecavelmente.
A história se passa no gabinete de Freud, na Londres de 1939, no dia em que a Inglaterra ingressou na Segunda Guerra Mundial. A peça inclusive tem como pano de fundo a questão da guerra que de algum modo permeia os questionamentos abordados. Um tema contundente e polêmico que ganha cores e vozes muito apropriadas a essas discussões e ideias que vez ou outra acontecem na vida cotidiana, o que torna ainda mais atraente o espetáculo.
Os elementos criativos merecem um olhar especial como o cena?rio realista e o figurino de época assinados por Fa?bio Namatame que são extremamente cuidadosos e compõem perfeitamente à cena, além de bonitos. A luz outroponto forte da encenação apresenta um desenho que privilegia cada cena e o tom desejado. A direção exímia de Elias Andreato completa o time de acertos ao lado dos demais componentes criativos.
Um espetáculo que privilegia a palavra, matéria prima do teatro, raro nos tempos atuais, evidenciando o mais brilhante papel que o teatro pode oferecer.
Teatro Adolfo Bloch
Rua do Russel, 804, Glória, Rio de Janeiro
Sextas às 20h, sa?bados às 17h e 20h e domingos a?s 17h e 19.30h
Temporada: Ate 20 de outubro
Por Rogéria Gomes
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