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O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 1,4% no segundo trimestre de 2024, superando as expectativas dos economistas. Mas antes de estourar o champanhe, é bom dar uma olhada no contexto internacional, onde a economia global está a andar mais devagar que a tartaruga, quase à beira de uma recessão.
Nosso crescimento foi impulsionado principalmente pelo aumento dos gastos públicos, o que a médio prazo pode ser um complicador. Afinal, um déficit público acentuado é como jogar gasolina na fogueira da inflação e das crises.
O consumo das famílias, a retomada dos investimentos e a queda na taxa de desemprego também deram uma mãozinha para esse crescimento econômico. No entanto, os desafios permanecem, como aquela gripe que nunca vai embora.
A tabela a seguir ilustra o crescimento do PIB de diferentes países no segundo trimestre de 2024, em comparação com o trimestre anterior:
Peru: 2,4%
Brasil: 1,4% (empatado com Arábia Saudita e Noruega)
Japão: 0,8%
China: 0,7%
Estados Unidos: 0,7%
Alemanha: -0,1%
Coreia do Sul: -0,2%
Chile: -0,6%
Embora o crescimento global esteja abaixo do esperado, o Brasil se destaca entre as nações com melhor desempenho, sinalizando uma recuperação significativa. Isso é relevante num contexto onde potências econômicas, como China e Alemanha, enfrentam desaceleração.
A possibilidade de uma recessão mundial ainda não está caracterizada, mas alguns sinais de alerta já são evidentes: economias poderosas como China, Estados Unidos e Alemanha estão registrando crescimento baixo ou negativo.
A redução nas importações e exportações de grandes economias, como já observado na China, pode gerar uma redução na demanda global por bens e serviços. Países exportadores de commodities, como o Brasil, sentirão esse impacto de forma direta.
Se essa crise se agravar, os reflexos serão globais, especialmente para economias dependentes das exportações de commodities, como a nossa. Conflitos como a guerra entre Rússia e Ucrânia, além das tensões no Oriente Médio, geram incertezas nos mercados energéticos (petróleo) e alimentares, pressionando a inflação global e o crescimento econômico.
Apesar da desaceleração global, muitos economistas ainda não preveem uma recessão profunda a caminho. O panorama é de uma desaceleração prolongada, com recessões técnicas em algumas economias e crescimento modesto em outras. No entanto, o risco de uma recessão global não está descartada.
Para o Brasil, essa conjuntura traz implicações graves, dado o peso das exportações de commodities.
A China, principal parceiro comercial do Brasil, tem apresentado um crescimento abaixo das expectativas em 2024. Essa desaceleração afeta diretamente a demanda por commodities brasileiras, essenciais para o agronegócio e a mineração. A queda nas importações chinesas poderá impactar exportações de produtos como soja, carne e minério de ferro, com efeitos tanto no curto quanto no médio prazo.
Além disso, a desaceleração em outras regiões, como Europa e Estados Unidos, intensifica a queda na demanda global, o que restringe as receitas de exportação brasileiras e limita o crescimento econômico nos trimestres seguintes.
No curto prazo, a redução da demanda externa pode pressionar setores exportadores, afetando a balança comercial e comprometendo a recuperação econômica.
No médio prazo, o Brasil precisará diversificar seus mercados e reduzir sua dependência da China e das commodities.
Considerações Finais
Embora o crescimento robusto registrado no segundo trimestre de 2024 seja um sinal positivo, o Brasil ainda enfrenta desafios significativos, particularmente devido à desaceleração da China e ao crescimento global diminuto.
O otimismo em relação ao futuro deve ser moderado, considerando um cenário externo que pode impor limites à continuidade da recuperação econômica brasileira. Infelizmente o nosso pais que desde Getulio, tenta virar uma potência industrial, está retrocedendo e voltando a ser uma economia agroexportadora. Mas isso é assunto pra aprofundar em outros artigos.
Bom final semana.
Filinto Branco – Colunista Politico
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