Cruz da primeira missa chega ao Cristo Redentor em momento histórico de fé e reflexão

Reliquia de 525 anos percorre o Brasil em peregrinação que une história, fé e reconhecimento dos povos originários durante celebração da Semana Santa

Cruz da primeira missa chega ao Cristo Redentor em momento histórico de fé e reflexão

Em um encontro simbólico que une fé, história e reconhecimento dos povos originários, a cruz utilizada na primeira missa celebrada em solo brasileiro há 525 anos chegou ao Santuário Arquidiocesano Cristo Redentor, no Rio de Janeiro.

A peça histórica, que saiu do Tesouro-Museu da Sé de Braga, em Portugal, faz parte do evento "Brasil com fé - Celebrando os 525 anos da primeira missa no Brasil, Terra de Santa Cruz", e está percorrendo diversas cidades brasileiras e portuguesas em uma peregrinação sem precedentes na história nacional.

O momento marcante ocorreu durante a Vigília Pascal deste sábado, 19 de abril, véspera da Páscoa, em celebração que incluiu os Sacramentos da Iniciação Cristã.

"Peregrinar com a cruz de Cristo nesse contexto pascal evidencia o tema mais importante que estamos celebrando ao longo desse ano na Igreja Católica em todo o mundo: o tema da esperança", declarou o padre Omar, reitor do Santuário. Em entrevista exclusiva, ele ressaltou o significado profundo do momento: "Peregrinar com a cruz da primeira missa no Brasil significa perceber que existe uma história nesse Brasil, uma história de formação católica cristã desde a origem, trazida pelo povo português, ao qual temos muita gratidão".

A cruz, feita de material simples e resistente, simboliza para o religioso a própria resistência da fé cristã e do amor ao longo de mais de cinco séculos.

O evento ganhou ainda mais significado com a participação de Wilza Neves, indígena da etnia Pataxó e advogada indigenista, que integrou a comitiva que recebeu a cruz histórica.

"É uma emoção ímpar, indescritível", afirmou Wilza, que destacou a importância desse momento para dar visibilidade à causa indígena. Segundo ela, o gesto do padre Omar em incluí-la na recepção da cruz representa um passo importante no reconhecimento dos povos originários:

"Existe um discurso da colonização que está sendo remodelado."

Nós, povos indígenas, já estávamos aqui. Então chegaram os desbravadores europeus e já existiam cerca de 4 milhões de indígenas", explicou a advogada.

A presença da cruz no Cristo Redentor, principal símbolo religioso do Brasil moderno, cria uma ponte temporal entre o passado e o presente da formação da identidade nacional.

O encontro histórico ocorre em um contexto onde o diálogo inter-religioso e o reconhecimento dos povos indígenas ganham espaço no discurso da Igreja, inspirado pela encíclica Laudato Si' do papa Francisco, que completou dez anos. Wilza ressaltou que, apesar de reconhecer a importância dos europeus que trouxeram o cristianismo ao Brasil, é fundamental que a história seja contada com maior precisão:

"Os livros de história no Brasil precisam ser reescritos para contar a história da maneira como realmente aconteceu."

A programação da Semana Santa no Santuário continuará neste domingo, 20 de abril, com missas às 11h e 14h, encerrando este momento histórico que uniu fé, cultura e reflexão sobre as origens da nação brasileira.

Para o padre Omar, este encontro simboliza a esperança necessária nos tempos atuais: "No dia de Páscoa, percebemos a vitória de Jesus Cristo sobre a morte." A ressurreição de Cristo é celebrada. Por isso essa cruz está vazia, porque Cristo venceu a morte.

É isso que a gente crê, é isso que a gente precisa: vitória sobre todos os males dessa vida." O momento representa não apenas uma celebração religiosa, mas também um convite à reflexão sobre a formação multicultural do Brasil e o papel dos diferentes povos que constituem a identidade nacional.

Por Robson Talber / Erasto Filho e Alessandro Monteiro

Por Ultima Hora em 20/04/2025
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