Cuidar do idoso é olhar para o nosso futuro

Cuidar do idoso é olhar para o nosso futuro

Há um ano, o distanciamento social, o uso de máscaras e outras medidas necessárias a  fim de combater a pandemia exigiram a adaptação ao novo normal. As reuniões familiares passaram a ser realizadas por meio da tela de um celular ou TV num período em que pais, filhos, avós e netos precisaram se distanciar fisicamente. A internet tornou-se o lugar seguro para se pagar conta, comprar remédios, fazer compras de mercado, cursos, trabalhar, realizar consultas, entre tantas outras atividades que migraram para o mundo virtual. E como foi a adaptação para quem não estava habituado a utilizar essas ferramentas? No caso dos idosos, principal grupo de risco, como aprender em tão pouco tempo? 
 
A população brasileira com mais de 60 anos já representa quase 16% da população, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As projeções do próprio instituto indicam que, em 2060, o percentual de pessoas com 65 anos ou mais de idade chegará a 25,5%. Ou seja, existe uma tendência de aceleração desse envelhecimento em todas as regiões.
 
É importante destacar que  a responsabilidade com o sustento da família  permanece na terceira idade.  A vontade de adquirir conhecimento também. De acordo com um estudo realizado entre o Sesc São Paulo e a Fundação Perseu Abramo, “Idosos no Brasil: Vivências, Desafios e Expectativas na Terceira Idade”, 68% dos entrevistados com mais de 60 anos eram os responsáveis pela casa  e 25% trabalhavam. Quanto ao mundo digital, 81% dos idosos afirmaram saber o que é a internet, mas apenas 23% afirmaram usar sempre. Segundo a pesquisa, de cada dez idosos, sete nunca utilizaram um aplicativo.Quanto ao uso de redes sociais, seis em cada dez entrevistados afirmaram nunca ter utilizado. Sobre novas habilidades, metade disse ter interesse em realizar algum curso, sendo informática e computação um dos mais citados. 

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Mesmo estando ativos no mercado de trabalho e ávidos por conhecimento,  percebe-se que  há uma grande deficiência  de programas de capacitação específicos, o que contribui para a exclusão digital nessa faixa etária. Não se pode adotar o pensamento de que, com o passar das gerações, à medida que os usuários vão envelhecendo, a exclusão digital será solucionada.Essa justificativa é descabida. Por isso, propus ao  ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, o astronauta Marcos Pontes, a criação da Escola Nacional de Educação Digital para  Idosos (ENEDI). É necessário que a pessoa idosa sinta-se incluída  e possa se conectar sem depender de terceiros. Isso é o mínimo que pode ser feito a fim de impedir que as desigualdades do  mundo off-line sejam reproduzidas no on-line. 
 
Uma outra proposta que fiz recentemente também  coloca as pessoas acima de 60 anos como prioridade.Apresentei um projeto de lei que determina a criação de linha de crédito e financiamento habitacional voltados especialmente para servidores da segurança pública. Protocolado em fevereiro, o PL prevê prioridade para os agentes aposentados e idosos e tem como principal objetivo permitir que esses servidores, estando na ativa ou não, possam deixar de morar em regiões dominadas pela milícia e tráfico.
 
É um dever moral garantir direitos e desenvolver políticas públicas em diversas questões como educação, trabalho, mobilidade urbana, saúde e assistência social específicas para a terceira idade,  que produz, consome, contribui para o sustento da família e gera riquezas para o país.

Foto: Reprodução/Internet.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Tribuna da Imprensa Digital e é de total responsabilidade de seus idealizadores. 

Por em 09/04/2021
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