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Na terra de sol e sombra, onde as histórias de coragem e desventura se entrelaçam com o fio da justiça e da moral, uma nova página se escreve na crônica de um homem que, um dia, teve nas mãos o destino de um estado. Falo de Sérgio Cabral, ex-governador do Rio de Janeiro, cujo nome hoje ressoa nos corredores do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2), não por feitos, mas por desfeitas.
O pedido de Cabral, que buscava alívio nas medidas cautelares que lhe foram impostas, encontrou eco na negativa da Primeira Turma Especializada. O homem que já comandou com poderes quase monárquicos, hoje vê-se atado à moderna corrente de Prometeu: a tornozeleira eletrônica. E mais, a ele é negado o direito de cruzar fronteiras, como se o próprio mar, que tanto banha nossa terra, recusasse-lhe a passagem. A cada mês, como um réu confesso que busca redenção, deve apresentar-se perante a justiça, num ritual que lembra os antigos autos de fé.
A defesa de Cabral, em seus lamentos, aponta para o bom comportamento do seu cliente, como se a ausência de novas falhas pudesse apagar as marcas deixadas por antigas transgressões. Mas a desembargadora federal Simone Schreiber, com a sabedoria que a toga confere, lembrou-nos de que o réu não é um homem comum, mas o suposto líder de um esquema criminoso que sangrou os cofres do Estado, em um tempo onde esperança e desespero caminhavam lado a lado.
As condenações que pesam sobre Cabral, somando mais de 89 anos de reclusão, são como fantasmas que o perseguem, lembrando a todos que, em tempos de impunidade, a justiça ainda pode se fazer presente. A relatora, em sua decisão, não apenas manteve as correntes que o prendem ao presente, mas também sinalizou que, enquanto houver caminhos a serem trilhados pela justiça, a liberdade plena é um sonho distante para aqueles que, do alto de seus poderes, esqueceram-se de que são, antes de tudo, servos do povo.
No cerne desta história, está a Operação Eficiência, que desvelou os meandros de uma trama de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, onde Cabral, segundo acusações, teria sido um dos protagonistas. Receber propinas de Eike Batista, lavar dinheiro, enviar valores para o exterior com a ajuda de operadores financeiros e doleiros, são atos que, se comprovados, revelam não apenas a falha de um homem, mas a de um sistema que permitiu que tais desmandos ocorressem.
Assim, enquanto o sol se põe sobre as praias do Rio, a justiça, impassível, continua seu curso, lembrando a todos que, em nossa terra, por mais longa que seja a noite, a alvorada da justiça eventualmente chegará. E para Sérgio Cabral, resta o enfrentamento de seus atos, sob o olhar atento de uma sociedade que, cansada de desilusões, ainda ousa acreditar em dias melhores.
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