Deputado Estadual Yuri Moura denuncia Rubens Bomtempo ao Ministério Público por crime ambiental

Motivado pela crise do lixo, deputado pede apura

Deputado Estadual Yuri Moura denuncia Rubens Bomtempo ao Ministério Público por crime ambiental

A gestão de resíduos sólidos em Petrópolis tem sido palco de um dos maiores imbróglios administrativos e judiciais dos últimos anos. Denúncias, contratos emergenciais, questionamentos sobre licitações e representações no Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) culminaram em uma grave crise ambiental e de saúde pública. Diante desse cenário, o deputado estadual Yuri Moura protocolou uma denúncia formal ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ), exigindo investigação sobre possíveis práticas ilícitas que envolvem negligência, omissão administrativa e dano ambiental em Petrópolis, cidade inserida em uma Área de Proteção Ambiental (APA) da Mata Atlântica. 

A crise no setor de coleta e tratamento de lixo teve início em 2017, quando a Prefeitura de Petrópolis delegou a execução do serviço ao Consórcio LIMP-SERRA, formado pelas empresas Força Ambiental LTDA e PDCA Serviços LTDA. O contrato inicial, assinado em 2018, previa a execução dos serviços até 2022 por R$ 33,6 milhões. Desde então, a gestão dos resíduos se tornou alvo de contínuos aditivos contratuais, denúncias e disputas judiciais. 

Em 2022, com a proximidade do término do contrato, o consórcio denunciou ao TCE a ausência de um novo processo licitatório, acusando a Prefeitura de fabricar uma “emergência”. Mesmo assim, o contrato foi prorrogado por mais um ano e o valor reajustado para R$44,3 milhões. Em julho de 2023, a Prefeitura anunciou que a Companhia Municipal de Desenvolvimento de Petrópolis (COMDEP) assumiria os serviços, lançando licitações às pressas, que também foram questionadas. O Consórcio LIMP-SERRA apresentou novas representações, e as decisões judiciais resultaram na suspensão de contratos emergenciais. 

A situação se agravou quando a COMDEP, sem o devido planejamento, assumiu a coleta, resultando em sérias falhas no serviço. Vários bairros, como Itaipava, Sargento Boening e Estrada da Independência, enfrentaram acúmulos de lixo que prejudicaram moradores e turistas. A crise ganhou maior visibilidade com a cobertura da imprensa e a pressão de associações locais, destacando a falta de infraestrutura adequada, como a ausência de um transbordo eficiente e a necessidade de transporte direto de resíduos para o aterro em Três Rios, aumentando custos e reduzindo a eficácia do serviço. 

Em setembro de 2024, a situação atingiu um novo pico de insatisfação, quando a coleta se tornou intermitente, afetando inclusive eventos turísticos importantes como a Oktoberfest. A ausência de um transbordo adequado agravou o problema, com relatos de caminhões fazendo viagens individuais para o aterro, sobrecarregando o sistema e gerando atrasos constantes. 

Diante da inércia administrativa e das irregularidades, Yuri protocolou sua denúncia solicitando os seguintes pedidos ao MP: 

1. Seja instaurado procedimento investigatório para apurar as irregularidades narradas, com a coleta de provas e a oitiva dos envolvidos;

2. Seja avaliada a responsabilização do Prefeito de Petrópolis, Rubens José de França Bomtempo, por eventuais atos de improbidade administrativa e crimes ambientais;

3. Seja requisitada auditoria técnica e jurídica nos contratos celebrados pela COMDEP para a gestão de resíduos sólidos;

4. Sejam adotadas medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis para cessar os danos ambientais e garantir a regularização da coleta de lixo em Petrópolis;

5. Seja garantido o envolvimento das autoridades competentes, como o Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), o Instituto Estadual do Ambiente (INEA) e outros órgãos de fiscalização, para contribuir com as apurações e assegurar a integridade das ações investigatórias.

Petrópolis está inserida em uma APA, cuja preservação é crucial para a sustentabilidade da região. O acúmulo de resíduos em áreas sensíveis ameaça não apenas o ecossistema local, mas também a qualidade de vida dos moradores, contaminando solos e rios. A interrupção da coleta seletiva é um agravante, pois contraria as diretrizes do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). 

Yuri enfatiza que a negligência administrativa viola princípios constitucionais de proteção ambiental e saúde pública. “Não podemos permitir que a gestão ineficiente coloque em risco um dos maiores patrimônios ambientais do país. A saúde dos petropolitanos e a preservação da Mata Atlântica estão em jogo”, declarou o deputado. 

No documento protocolado no MP o deputado ainda ressalta que o artigo 23, inciso VI, da Constituição Federal estabelece que compete aos municípios, em conjunto com os estados e a União, proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas e que a omissão do Prefeito ao não cumprir o dever constitucional e legal de organizar a gestão de resíduos configura negligência administrativa e possível ato de improbidade.

“A possível omissão da Prefeitura de Petrópolis em organizar adequadamente a coleta seletiva de lixo, especialmente em uma região inserida na Área de Proteção Ambiental (APA) da Região Serrana, configura não apenas descumprimento obrigações legais e constitucionais, mas também uma agressão direta ao equilíbrio ambiental e à saúde pública”, ponderou Yuri.

O parlamentar requer que o MP tome medidas urgentes para responsabilizar os gestores públicos e garantir que a cidade volte a ter um serviço de coleta de resíduos eficaz, transparente e ambientalmente responsável. Ele defende ainda a necessidade de uma reformulação completa da política de resíduos sólidos em Petrópolis, com foco na sustentabilidade e na transparência das contratações públicas. 

“Com a mobilização popular e o clamor por mudanças, espero que as investigações possam corrigir as falhas e trazer à tona os responsáveis por essa grave crise que afeta Petrópolis, um município que deveria ser modelo de preservação ambiental e qualidade de vida”, finalizou Yuri.

 

Por Ultima Hora em 05/12/2024

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