Deputado Yuri Moura denuncia Joana Prado e Vitor Belfort ao Ministério Público por racismo religioso

Nas redes, casal associou o carnaval

Deputado Yuri Moura denuncia Joana Prado e Vitor Belfort ao Ministério Público por racismo religioso

O deputado estadual Yuri Moura (Psol) enviou nesta terça-feira (26/02) ofício ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro para a instauração de um procedimento que apure a prática de racismo religioso por parte do casal Joana Prado e Vitor Belfort. A solicitação surge após declarações feitas pelos dois nas redes sociais, associando o Carnaval a práticas demoníacas e fazendo menções depreciativas às religiões de matriz africana.

As falas do casal, amplamente divulgadas na internet, incluem trechos como: “existe ali um culto aos orixás, uma consagração, onde a invocação aos demônios acontece”, além de referências ao Carnaval como uma festa que “envolve muito a cultura da macumba” e “promove tudo o que é contrário à vontade de Deus”. Para o deputado, tais declarações reforçam estereótipos preconceituosos e contribuem para a marginalização das religiões afro-brasileiras.

“O que foi dito por Joana Prado e Vitor Belfort não pode ser tratado como mera opinião. Estamos falando de racismo religioso, que tem base na discriminação e na perseguição histórica às religiões de matriz africana. Não podemos aceitar que, em 2025, esse tipo de discurso ainda encontre espaço e não tenha consequências. Nosso mandato está comprometido com o combate à intolerância e com a garantia da liberdade religiosa”, afirmou Yuri Moura.

O pedido do deputado agora aguarda análise do Ministério Público. Caso a denúncia seja aceita, o casal poderá ser investigado e responder por crime de racismo religioso, o que pode acarretar pena de reclusão e multa.

“É inaceitável que figuras públicas usem sua visibilidade para disseminar ódio e preconceito. Racismo religioso é crime e deve ser tratado como tal”, pondera Yuri Moura.

Racismo religioso no Brasil: uma realidade persistente

O racismo religioso é uma forma de discriminação que se manifesta na perseguição, na violência e na tentativa de silenciamento das práticas e crenças de grupos religiosos historicamente marginalizados. No Brasil, as principais vítimas são os adeptos das religiões de matriz africana, como o Candomblé e a Umbanda, que enfrentam não apenas ataques verbais e físicos, mas também a destruição de terreiros e a criminalização de seus rituais.

Segundo um relatório da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde (Renafro), 78% das comunidades tradicionais de terreiros afirmam já ter sofrido algum tipo de violência motivada por racismo religioso. Além disso, dados do Disque 100 mostram um aumento alarmante de denúncias: em 2023, foram registradas 2.124 ocorrências de intolerância religiosa, um crescimento de 80% em relação ao ano anterior. Os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia concentram a maior parte dos casos.

A legislação contra o racismo religioso

A Constituição Federal de 1988 assegura a liberdade religiosa e protege os locais de culto, mas não impede que a intolerância persista. O Brasil conta com diversas leis que criminalizam a discriminação religiosa e garantem punição para os infratores:

- Constituição Federal de 1988 – Garante o direito ao livre exercício dos cultos religiosos e protege os locais de culto e suas liturgias (art. 5º, incisos VI ao VIII; art. 19, incisos I ao III).

- Lei nº 7.716/1989 – Define crimes de racismo, incluindo atos discriminatórios por motivo de religião.

- Lei nº 9.459/1997 – Tipifica crimes resultantes de preconceito religioso.

- Lei nº 11.635/2007 – Institui o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa.

- Lei nº 12.288/2010 – Estabelece o Estatuto da Igualdade Racial, reconhecendo o direito à preservação das práticas culturais afro-brasileiras.

- Lei nº 14.532/2023 – Equipara a injúria racial ao crime de racismo e determina penas de dois a cinco anos de prisão para quem impedir ou empregar violência contra manifestações religiosas.

- Decreto nº 10.932/2022 – Ratifica a Convenção Interamericana contra o Racismo, reforçando o compromisso do Brasil no combate à intolerância.

Apesar do arcabouço jurídico, o desafio está na efetiva aplicação dessas leis. Para Yuri é preciso garantir que a punição para crimes de intolerância religiosa seja exemplar. “A impunidade é um dos fatores que alimentam esses ataques. Precisamos de ações concretas para que episódios como esse não se repitam. Se há leis, elas precisam ser cumpridas”, declarou o deputado.

Reflexão e combate à intolerância

O caso envolvendo Joana Prado e Vitor Belfort não é isolado. A intolerância religiosa no Brasil, especialmente contra religiões de matriz africana, é reflexo de um racismo estrutural que ainda persiste. A desqualificação dessas práticas religiosas não se dá apenas em discursos individuais, mas também em políticas públicas negligentes, na falta de representatividade e no apagamento cultural.

A liberdade religiosa é um direito fundamental, mas, na prática, ainda não é uma realidade para todos. O ataque ao Carnaval e às religiões afro-brasileiras representa um ataque à cultura e à identidade de grande parte da população brasileira.

Mais informações podem ser obtidas através do Facebook, Instagram e Youtube @yurimourarj, bem como do WhatsApp (24) 99955-2730.

Vídeo original – Instagram Joana Prado: https://www.instagram.com/p/DGgJL5Fykks/

Vídeo de repúdio – Instagram Yuri Moura: https://www.instagram.com/reel/DGiuxDfuAer/

 

Por Ultima Hora em 26/02/2025
Publicidade

Comentários

  • Nenhum comentário. Seja o primeiro a comentar!

Notícias Relacionadas

Candidato do PL faz vergonha: Câmara de Búzios no Centro de Investigação sobre Fake News em Campanha Política
25 de Setembro de 2024

Candidato do PL faz vergonha: Câmara de Búzios no Centro de Investigação sobre Fake News em Campanha Política

MPRJ obtém o afastamento de vereador de Porto Real por improbidade administrativa
27 de Dezembro de 2023

MPRJ obtém o afastamento de vereador de Porto Real por improbidade administrativa

Ministro da Justiça se reúne com forças federais no Rio
16 de Outubro de 2023

Ministro da Justiça se reúne com forças federais no Rio

CNJ não consegue intimar Moro e Gabriela Hardt sobre investigação de
02 de Novembro de 2023

CNJ não consegue intimar Moro e Gabriela Hardt sobre investigação de "gestão caótica" de recursos da Lava Jato

Aguarde..