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Viralizou nos últimos dias nas redes sociais um comentário desrespeitoso de Rogério Xavier, sócio da SPX Capital, uma das maiores gestoras de investimentos do Brasil, sobre Leonel Brizola, falecido ex-governador do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. No vídeo, gravado no ano passado em um painel do BTG Pactual ele fala sobre a parcela da população brasileira que vota na esquerda e acaba soltando impressões pessoais sobre dois políticos de esquerda, Lula e Brizola.
“Lula e Brizola são a mesma coisa. A gente larga de 25%, 30% de voto na esquerda, se (Lula) não morrer. E eu espero que não morra. Eu não desejo a morte de ninguém. Desejei a do Brizola, foi a única pessoa na minha vida que eu desejei. Aquilo realmente destruiu o Rio de Janeiro. Esse eu realmente falei: não é possível que esse cara não morra… E não morria…”, disse Xavier.
O comentário foi recebido com aplausos e gargalhadas pela platéria de operadores financeiros e com risos pelo outros participantes do painel, André Esteves (BTG Pactual) e Luís Stuhlberger (Verde Asset).
A recente circulação do vídeo fez com que Xavier e os participantes do evento recebessem muitas críticas nas redes.
“O que confessou ter torcido pela morte de Brizola controla mais de 60 bilhões. Eles jamais aceitariam a economia dominada pelos interesses populares. Por isso se incomodavam com Brizola”, comentou no Instagram Roberto Robaina, vereador de Porto Alegre pelo PSOL.
“Brizola foi o maior presidente que o Brasil não teve!”, postou na mesma plataforma o internauta Jones Rodrigues.
“O chefe do executivo que mais fez escolas nesse país, em qualquer esfera, municipal, estadual ou federal, por isso odeiam tanto Brizola”, escreveu Giovani Maia Pinto.
Brizola em meio a apoiadores
O que fez Brizola como governador do RS e do RJ
Em 1958, ele foi eleito governador do Rio Grande do Sul, mandato em que implementou políticas ousadas para a industrialização do estado e criação de serviços públicos estatais. Brizola garantiu que a economia gaúcha seria controlada pelo capital nacional e não aceitaria interferência estrangeira.
As ações de nacionalização tornaram-se um problema diplomático. Por essa razão, o presidente John F. Kennedy o transformou em alvo da Emenda Hickenlooper. Tratava-se de uma iniciativa para interromper a ajuda financeira a países que expropriavam propriedades norte-americanas.
Além disso, estabeleceu acordos com escolas privadas para disponibilizar vagas gratuitas e construiu mais de seis mil instituições de ensino. Como resultado, abertura de 689 mil matrículas e 42 mil vagas para docentes. Dessa forma, o estado teve a mais alta taxa de escolarização do Brasil na época.
Para empreender a reforma agrária, Brizola criou o Instituto Gaúcho de Reforma Agrária, que prestou assistência e verbas para produtores. Ele também ajudou a organizar acampamentos do Movimento dos Agricultores Sem Terra e concedeu propriedade de terras da Fazenda Pangaré.
Prioridade para Direitos Humanos, Educação e questão fundiária
O político brasileiro foi eleito governador do estado do Rio de Janeiro em duas ocasiões, 1983-1987 e 1991-1994. Durante seus mandatos implementou mudanças significativas na estrutura da segurança pública e por sua defesa dos direitos dos cidadãos.
Ele deu grande importância à Secretaria de Justiça, à Procuradoria-Geral do Estado e ao Ministério Público. Tais instituições tinham como missão garantir os direitos dos cidadãos. Além disso, o governo de Brizola tinha uma postura diferenciada diante das ações policiais nas áreas mais carentes do estado.
Ele extinguiu a Secretaria de Segurança Pública e elevou a Polícia Militar e a Polícia Civil ao nível de Secretarias de Estado. Dessa forma, haveria maior fiscalização e transparência nas ações policiais.
A abordagem de Brizola para a segurança pública não incluía ações policiais violentas, com tiros indiscriminados que atingiam inocentes desamparados. Isso fez com que policiais e defensores de uma política de segurança truculenta contra os pobres passassem a sabotar o governo estadual e a espalhar o boato mentiroso de que Brizola proibira que os policiais entrassem nas favelas.
Além disso, o governo criou uma comissão de assuntos fundiários. Dessa forma, passou a negociar diretamente com os proprietários para desapropriar áreas. Também iniciou um processo de regularização fundiária de diversas favelas e áreas rurais.
As famílias receberam títulos de direito real de uso, que lhes garantiam o direito de permanecer em suas casas ou terras.
Projeto educacional
Cieps, escolas públicas de tempo integral criadas por Brizola e Darcy Ribeiro
Durante seu mandato, criou os CIEPs, centros integrados de educação pública. Conhecidas como “brizolões”, não eram apenas para estudar, mas um espaço para a prática de esportes, leitura e aprendizado em geral.
Os CIEPs eram construídos em comunidades carentes e favelas, justamente onde a educação era mais escassa. Era uma forma de garantir que as crianças tivessem acesso a uma educação de qualidade, independentemente de onde morassem.
Algumas contavam com casas em sua cobertura para abrigar crianças sem lar, que eram assistidas por chamados “pais sociais”.
Mas Brizola não parou por aí. Ele também criou as escolas Lelé, destinadas a crianças em idade pré-escolar.
No final do seu governo, cerca de 550 escolas de tempo integral haviam sido construídas em todo o estado.
Os “brizolões” se tornaram um símbolo de esperança para as comunidades carentes, que antes eram deixadas à margem da sociedade.
No final do governo, 4.600 crianças entre 8 e 12 anos em situação de vulnerabilidade foram assistidas pelos “pais sociais”.
(Com informações do site Politize)
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