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Rio 2024: Candidatos transformam debate em festival de apelidos "prefeito do Tik Tok", "Pai da mentira", "nervosinho", "filho ingrato do Cabral", "soldado do Lula"...
Meus caros leitores, como diria o saudoso Chacrinha, "quem não se comunica, se trumbica". E comunicação foi o que não faltou no primeiro debate da eleição municipal do Rio de 2024, transmitido pela TV Bandeirantes na noite desta quinta-feira (08). O espetáculo político transformou-se em um verdadeiro show de criatividade linguística, com os candidatos rivalizando não apenas em propostas, mas também em apelidos pitorescos.
Eduardo Paes, o atual prefeito e candidato à reeleição pelo PSD, como já prometido e esperado, tornou-se o alvo preferencial de seus adversários, recebendo uma saraivada de epítetos dignos de um roteiro de comédia. "Pai da mentira", "nervosinho", "filho ingrato do Cabral", "soldado do Lula" e "prefeito do Tik Tok" foram algumas das pérolas lançadas contra o alcaide, principalmente pelo eloquente Rodrigo Amorim (União).
Como bem observou Nelson Rodrigues, "toda unanimidade é burra", e Paes certamente não gozou de unanimidade neste debate. O prefeito, no entanto, demonstrou a habilidade de um malabarista político, desviando-se das farpas com a destreza de dar inveja a "Schopenhauer" e de quem já enfrentou muitas batalhas eleitorais.
O tema da segurança pública abriu as hostilidades, com Alexandre Ramagem (PL) questionando a prioridade dada por Paes à área. O prefeito, em um movimento digno de um enxadrista, devolveu a bola quente para o campo adversário, e nem precisou lembrar que seu padrinho político Bolsonaro ficou 4 anos na presidência e na sua sombra a milícia cresceu 387% e virou a maior organização criminosa do Rio, lembrou apenas que a responsabilidade principal pela segurança recai sobre o governo do estado, comandado pelo correligionário do PL partido de Ramagem.
Na seara da educação, Paes enfrentou questionamentos e atacou a possível privatização nas escolas pelo Ramagem, enquanto este contra-atacou apontando o déficit de vagas em creches. O debate transformou-se em um ping-pong verbal, com acusações e defesas voando de um lado para o outro como em uma partida de tênis de mesa olímpica.
Tarcísio Motta (PSOL) não ficou de fora da festa retórica, mirando suas baterias contra Ramagem. O psolista trouxe à tona o espinhoso tema da pandemia de Covid-19, questionando o negacionismo e as teorias conspiratórias. "Viva o Zé Gotinha. Viva a ciência brasileira!", bradou Tarcísio, em um momento que poderia ter saído diretamente de um comício da década de 80.
O embate entre Amorim e Tarcísio ganhou contornos de uma novela das oito, com direito a acusações e muita dialética, enquanto Tarcisio Motta perguntava sobre tuberculose, Amorim saia pela tangente com acusações bolsonaristas de praxe (aborto, fantasma do comunismo, gênero, drogas e Cristo), e sobre drogas e houve pedidos de teste toxicológico e revelações pessoais. "Meu pai foi alcoólatra, usava uma droga legalizada", compartilhou Tarcísio, em um momento de vulnerabilidade que certamente tocou muitos telespectadores. E para finalizar, Amorim usou a tática de Bolsonaro de mandar procurar no Google "TICO-TACO-TECO" que revelou nas suas redes se tratar de um TAC feito na linha amarela pelo Paes que continha uma planilha com esse apelido.
Em meio a toda essa confusão verbal, os adversários ainda tentaram arrancar de Paes o compromisso de permanecer no cargo até o fim do mandato, caso eleito. O prefeito, hábil como sempre, garantiu seu amor pelo cargo: "Você sabe bem como eu gosto de ser prefeito, eu vou ficar os quatro anos. Isso é uma enorme honra para mim". Mas é claro que 2026 é logo ali, e passa por vitória em 2024.
Ao final deste circo político-midiático, ficou claro que Eduardo Paes terá pela frente uma campanha solitária, com Ramagem, Amorim, Queiroz e até Motta que não admite esconder Lula em seu encalço. Como diria Millôr Fernandes, "em política, o que parece é; o que não parece também pode ser".
Resta-nos aguardar os próximos capítulos desta novela eleitoral carioca. Afinal, como bem sabemos, no Rio de Janeiro, a realidade frequentemente supera a ficção. E neste palco político, onde as máscaras caem e os personagens se revelam, só o tempo dirá quem será o protagonista escolhido pelo público para liderar a Cidade Maravilhosa pelos próximos quatro anos.
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