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Paes Amplia Apoio a Eventos Religiosos: R$ 500 Mil para Festival Evangélico Gera Debate
A Prefeitura do Rio de Janeiro, sob a gestão de Eduardo Paes (PSD), liberou um patrocínio de R$ 500 mil para o festival evangélico "Canto pela Paz", gerando intenso debate sobre a relação entre Estado e religião. A decisão, formalizada através da Secretaria Municipal da Casa Civil, reacende discussões sobre a laicidade do Estado e as estratégias políticas voltadas para o eleitorado religioso.
O evento, realizado em 14 de dezembro no Parque Madureira, na Zona Norte do Rio, é uma celebração organizada pela igreja Paz e Vida, liderada pelo pastor Juanribe Pagliarin. Pagliarin, além de líder religioso, é responsável pela rede de rádio Feliz FM, que possui uma retransmissora na capital fluminense.
O "Canto pela Paz", que teve suas origens em São Paulo em 2010, ganhou status oficial na cidade do Rio em outubro deste ano, quando o prefeito Eduardo Paes sancionou uma lei de autoria do vereador Eliseu Kessler (MDB), incluindo o festival no Calendário Oficial da Cidade. Esta medida já sinalizava uma aproximação do poder público municipal com o evento religioso.
O patrocínio foi concretizado através de um contrato entre a Prefeitura e a empresa Alpha Music Eventos e Produções, responsável pela organização do festival. Este movimento se insere em um contexto mais amplo de acenos do prefeito Eduardo Paes ao eleitorado evangélico, um segmento que tem se mostrado cada vez mais decisivo nas urnas.
A estratégia de Paes em relação ao público evangélico ficou evidente nas últimas eleições municipais, quando o prefeito obteve a maior votação entre esse eleitorado, superando inclusive candidatos tradicionalmente associados a esse segmento, como Alexandre Ramagem (PL). Analistas políticos interpretam essas ações como uma tentativa de consolidar e expandir essa base de apoio para futuros projetos eleitorais.
Além do patrocínio ao "Canto pela Paz", outras iniciativas recentes da gestão Paes reforçam essa aproximação com o público evangélico:
Anúncio da criação do parque temático Terra Prometida em Santa Cruz, voltado para a propagação e o exercício da fé cristã, com potencial para estimular o turismo religioso.
Criação da Secretaria Municipal de Cidadania e Família, que será liderada por Otoni de Paula Filho, filho do deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ), figura proeminente no meio evangélico.
Inclusão, pela primeira vez, de um palco dedicado exclusivamente à música gospel nas celebrações do Réveillon 2025.
Essas ações, embora populares entre parte do eleitorado, têm suscitado críticas de setores da sociedade que defendem uma separação mais rigorosa entre Estado e religião. O investimento de recursos públicos em eventos religiosos específicos levanta questões sobre a equidade no tratamento de diferentes credos e os limites da atuação do poder público em relação a manifestações religiosas.
A controvérsia coloca em evidência o delicado equilíbrio entre atender demandas de grupos religiosos significativos e manter a neutralidade do Estado em questões de fé. Enquanto defensores argumentam que esses eventos promovem valores positivos e união na comunidade, críticos apontam para o risco de favorecimento de grupos religiosos específicos em detrimento de outros.
À medida que o debate se intensifica, fica evidente que a relação entre política e religião continua sendo um tema sensível e complexo na sociedade brasileira. As ações do prefeito Eduardo Paes, embora possam fortalecer sua base eleitoral, também o colocam no centro de uma discussão mais ampla sobre os limites entre o público e o religioso na esfera governamental.
O caso do patrocínio ao "Canto pela Paz" exemplifica os desafios enfrentados por gestores públicos ao navegar entre as expectativas de grupos religiosos influentes e o princípio constitucional da laicidade do Estado. Conforme o debate prossegue, é provável que surjam mais discussões sobre a necessidade de estabelecer diretrizes claras para o apoio governamental a eventos de natureza religiosa.
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