Disputa pelo 2º turno: Divergências nas pesquisas, Crescimento de Rodrigo Neves e desafios para Carlos Jordy

Por Filinto Branco

Com a aproximação do segundo turno, vou abusar da vossa paciência mais amiúde, publicando dois artigos semanais, pois na dinâmica eleitoral uma semana pode parecer uma eternidade. Aqui vai um panorama sobre a tendência eleitoral em. Niterói.

A disputa eleitoral para o segundo turno entre Rodrigo Neves (PDT)  e Carlos Jordy (PL) segue marcada por incertezas e polêmicas. Nos últimos dias, diferentes institutos divulgaram números que apresentam resultados divergentes, lançando dúvidas sobre a tendência real de cada candidato. A grande questão é entender se houve uma migração de votos suficiente para justificar o crescimento de ambos, como apontam algumas pesquisas, ou se esses números são reflexo de erros metodológicos ou distorções momentâneas.

A pesquisa mais recente do instituto GERP, fechada em 11 de outubro, mostrou um cenário de avanço significativo para Rodrigo Neves, que passou de 48% para 62%, impulsionado principalmente pela transferência dos votos de Talíria Petrone, que obteve 12,65% no 1º turno. Por outro lado, Jordy registrou um crescimento modesto, de apenas 2 pontos, passando de 36% para 38%, absorvendo boa parte dos votos de Bruno Lessa, que somou 3,14%. Essa projeção foi considerada coerente, uma vez que o eleitorado progressista de Talíria não votaria jamais em candidato bolsonaristaradical, portanto é natural que esse voto vá pra Neves.

No entanto, os resultados de outros institutos apresentam um cenário diferente. A INTELIGENCE, em pesquisa divulgada nas redes sociais, apontou RN com 56% e Jordy com 46%, sugerindo uma recuperação considerável para o candidato Bolsonarista. Já a REAL TIME, divulgada pela TV RECORD da igreja universal, indica Rodrigo Neves com 54% e Carlos Jordy com 42%, com apenas, 2%  de brancos e nulos e 2% de indecisos. Nos votos válidos, o cenário se ajusta para 56% a 44% em favor de Neves.

Esses números chamaram atenção por um detalhe curioso: ambos os candidatos teriam crescido 8 pontos percentuais em relação ao primeiro turno, quando Rodrigo Neves alcançou 48,5% dos votos e Jordy 35,6%. Esse crescimento paralelo levanta questionamentos. Embora seja possível que Jordy tenha ampliado seu apoio, não há, até o momento, sinais claros de um movimento consistente entre os eleitores que explique tamanha migração de votos. Alem disso chama atenção o pouco numero de eleitores indecisos e votando nulo.

O crescimento de Jordy, que busca consolidar o eleitorado bolsonarista, representa uma surpresa relativa, pois esperava-se maior resistência para ele atrair votos fora de sua base ideológica. Apesar do apoio formal de Bruno Lessa (Podemos), que obteve 3,14% no 1º turno, o volume de votos necessário para que Jordy alcance Neves ainda é desafiador. Além disso, o perfil dos eleitores de Talíria Petrone, alinhados a pautas progressistas, sugere uma maior tendência de migração para Rodrigo Neves, o que reforça a dúvida sobre de onde viria o crescimento significativo de Jordy.

A expectativa é que as próximas pesquisas, previstas para quinta-feira, tragam mais clareza ao cenário. Novos levantamentos dos institutos ATLASINTEL, VERITÁ e um novo estudo do GERP poderão confirmar ou não as tendências observadas até agora. A análise conjunta dos cinco levantamentos permitirá entender se há, de fato, um crescimento consistente de Jordy ou se a vantagem de Rodrigo Neves se mantém consolidada até o dia da votação. Com o cenário ainda incerto , a  análise conjunta das pesquisas pode indicar se a liderança de Rodrigo Neves é consolidada ou se Carlos Jordy consegue ampliar sua base a ponto de ameaçar o favoritismo do ex-prefeito.

Independentemente dos resultados das pesquisas divulgadas e do favoritismo de Rodrigo Neves, a disputa ainda está longe de estar definida. A margem de erro das pesquisas pode ser decisiva para a interpretação dos números. Nos próximos dias, a movimentação dos indecisos e a fidelidade do eleitorado serão essenciais para definir o vencedor. Embora as pesquisas recentes favoreçam Neves, o ditado é claro: "eleição e mineração, só após a apuração". Surpresas no comportamento dos eleitores ou uma alta abstenção podem influenciar o desfecho. Este segundo turno será decisivo para o futuro político de Niteroi, com dois projetos distintos para a cidade em disputa.

Filinto Branco - colunista político.