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“Hoje é um dia que levantamos com a nossa realidade humana: a de que, um dia, nós adormecemos para o Senhor. Cremos que a vida não termina. Vamos rezar por aqueles que partiram, para que estejam junto de Deus.
E pedir a consolação aos que ficaram, para que tenham confiança, esperança e façam o bem às pessoas enquanto viverem. As dores da perda são muito grandes porque nos apegamos às pessoas e queremos que elas permaneçam para sempre.
Mas elas permanecem, não da mesma forma, mas na vida eterna”. Foi com essa mensagem que o Arcebispo do Rio, Cardeal Orani João Tempesta, abriu o dia de Finados às 7h30 no Crematório e Cemitério da Penitência, no bairro do Caju. A cerimônia também foi uma homenagem ao religioso pela passagem do seu Jubileu de Ouro.
A CEO do Crematório e Cemitério da Penitência, Karla Belchior Monielly, presenteou Dom Orani com uma casula mariana, em tecido estilo francês e veludo azul com douramento, uma alusão à Virgem Maria, e entregou uma placa ao Cardeal com os seguintes dizeres: ‘Prestamos nossa sincera homenagem por cinco décadas dedicadas ao sacerdócio de guiar compassivamente os fiéis de nossa cidade pela seara espiritual: acolhendo, consolando e fortalecendo a todos. O Vosso lema Ut omnes unum sint – “Para que todos sejam um” -, nos ensinou o verdadeiro valor da união e do amor ao próximo’. Surpreso com a homenagem, Dom Orani disse: “Na minha vida, tenho colocado como meta despertar vocações… que vamos passando para todos os sacerdotes, de hoje e de amanhã, para servir a população”. E lembrou dos jovens que morreram de maneira violenta em nossa cidade.
Segundo ele, a missão da Igreja, além da consolação, é ajudar a encontrar a paz. “Que possamos refletir sobre a vida e fazer uma reflexão sobre nossa finitude e a eternidade. E trabalhar para um mundo mais justo, mais humano e mais em paz”.
O Arcebispo ainda assistiu a apresentação do Ballet de Manguinhos, projeto social formado por meninas e meninos de 20 comunidades da cidade. A companhia fez outra apresentação especial para os visitantes por volta das 11 horas.
Durante toda manhã, o Cemitério da Penitência promoveu atividades de acolhimento e conforto a quem foi visitar seus entes queridos. Especialistas em luto, a assistente social Márcia Torres e pelo psicólogo Paulo Victor, coordenadores do projeto A Vida Não Para – grupo de apoio ao luto do Cemitério da Penitência –, comandaram o ‘Caminho da Serenidade’, onde os visitantes foram estimulados a caminhar pela alameda central do cemitério e falar de sentimentos relativos ao processo do luto, a partir de palavras como ‘Vivenciar’, ‘Caminhar’, ‘Saudade’ e ‘Compartilhar’.
“Nossa proposta foi levar as pessoas a entenderem que o luto precisa ser vivenciado de forma mais serena e que há um caminho a percorrer durante esse processo do luto. É uma etapa de mudança, de compreensão e também de sofrimento e choro, mas é um percurso para a compreensão sobre a perda e recobrar a paz”, diz Márcia, que é também é fundadora do grupo Amigos Solidários na Dor do Luto do Rio de Janeiro. Houve ainda a tradicional revoada de balões brancos, simbolizando a continuidade da vida.
Um stand foi montado especialmente ao lado da capela histórica para receber o Grupo de Operações com Cães da Guarda Municipal do Rio de Janeiro. Zack e Montanha, das raças Border Collie e Fox Paulistinha, interagiram com os visitantes sob comando dos seus tutores. Acostumados em atuar no patrulhamento, no auxílio à Defesa Civil e nas apresentações de adestramento, essa é a primeira vez que eles participam de uma atividade em um cemitério. “Somos o único cemitério com selo petfriendly do Rio e sabemos que os cães de apoio emocional são fundamentais para muitas famílias”, comenta Karla Monielly, ressaltando que toda a programação foi pensada em estimular as famílias a ressignificar a vida. “Nossas atividades foram todas pensadas no acolhimento e no amor ao próximo e a vida”, diz a CEO do Cemitério da Penitência. Muitas pessoas também participaram das duas missas celebradas na capela histórica pelo Padre Pedro Paulo.
A professora Helena Bernardino, que perdeu a mãe, conta que a sua cadela foi muito importante na ocasião “pela companhia, pelo afeto e carinho. Não sabia que existia um trabalho com cães para isso. Maravilhoso!”
Mônica Silva de Macedo, empresária, valoriza atividades como essas que o cemitério propõe porque remete a emoções, lugares e lembranças dos entes que já partiram. “Deixei um bilhetinho para minha mãe”, revela. Para Neide Fernandes, o momento é especial: “Escrevi uma mensagem para o meu pai Gentil dizendo que ele sempre está em meu coração. Isso alivia um pouco a dor e dá conforto”.
A direção do Crematório e Cemitério da Penitência calcula ter recebido 10 mil visitantes, entre 7h e 18h deste Dia de Finados.
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