Doria afasta coronel que fez ataques a ele, ao Supremo e pede golpe de Estado

Governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afastou nesta segunda-feira (23) o chefe do Comando de Policiamento do Interior-7, coronel Aleksander Lacerda, responsável por ataques a ele, ao STF e também por manifestar posição favorável a um golpe no país

Doria afasta coronel que fez ataques a ele, ao Supremo e pede golpe de Estado

DA REDAÇÃO - É inacreditável, mas para o coronel da PM Aleksander Lacerda, chefe do Comando de Policiamento do Interior-7, os ministros do Supremo Tribunal Federal são nazistas e o presidente da República de extrema-direita Jair Bolsonaro (Sem partido) é a vítima. Suas manifestações nas redes sociais a favor de golpe de Estado e insultando o governador Doria e convocando para atos golpistas no 7 de setembro levaram o governador a afastar o coronel nesta segunda-feira (23) por indisciplina.

Além disso, o coronel atacou o Supremo Tribunal Federal (STF) ao afirmar que sente "nojo" da instituição. Disse que Doria seria uma "cepa indiana".

Lacerda acusou o deputado Rodrigo Maia, recém-nomeado secretário de Projetos e Ações Estratégicas do Estado, como beneficiário de um esquema "mafioso".

O coronel também fez manifestações favoráveis a um golpe: "liberdade não se ganha, se toma"

Chefe do Comando de Policiamento do Interior-7 (CPI-7), o coronel Aleksander Lacerda está convocando seus "amigos" para o ato de apoiadores de Jair Bolsonaro marcado para o dia 7 de setembro em Brasília (DF). O militar atacou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM), ao chamar o parlamentar de "covarde". Também disse que o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), é uma "cepa indiana" e o deputado Rodrigo Maia, recém-nomeado secretário de Projetos e Ações Estratégicas do Estado, foi qualificado como beneficiário de um esquema "mafioso". As informações foram publicadas pelo jornal O Estado de S.Paulo.

O coronel tem sob suas ordens 7 batalhões da PM paulista. É uma tropa de cerca de 5 mil homens em 78 cidades da região de Sorocaba, sede do CPI-7 As manifestações do coronel refletiram a contaminação do bolsonarismo na PM paulista. O temor é que Bolsonaro use as PMs para tentar uma ruptura institucional. Doria e o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), anunciaram no sábado (21) um encontro para esta segunda-feira (23) entre 24 governadores para discutir a defesa das instituições democráticas.

O coronel Lacerda fez suas manifestações no Facebook. Em 16 de agosto, postou "liberdade não se ganha, se toma. Dia 7/9 eu vou".

No dia 20, o coronel publicou mensagem dizendo que "nenhum liberal de talco no bumbum" consegue "derrubar a hegemonia esquerdista no Brasil". "Precisamos de um tanque, não de um carrinho de sorvete".

Sobre o dia 7 de Setembro, compartilhou a mensagem: "caldo vai esquentar".

Entre os dia 1.º e 22 de agosto, o coronel publicou 148 críticas e ofensas à atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e de seus ministros. O coronel disse em 5 de agosto: "Sinto nojo do STF". Alexandre de Moraes foi retratado em uma publicação com um bigode do ditador Adolf Hitler, que é sabidamente admirado por Bolsonaro, alguns de seus ministros e seguidores.

Em nota, a PM informou ser "uma instituição de Estado legalista, que tem o dever e a missão de defender a Constituição e os valores democráticos do País".

"Postagens e opiniões expressadas por PMs em contas privadas de redes sociais, eventos oficiais públicos e na mídia em geral, quando atentarem contra as normas vigentes e tomarem contornos de ilegalidade, serão punidas com rigor. O conteúdo citado pela reportagem passa por análise criteriosa da Corregedoria", disse. (Da coluna de Lauro Jardim no O Globo, Estadão e Brasil247)

Por Ultima Hora em 23/08/2021
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