ECONOMIA - DREX por um Especialista, DANIEL GERSTEN REISS

Por Caroline Mafra - Correspondente Internacional

DREX tem ganhado atenção dos mais atentos em tecnologia e pagamentos no Brasil. Foi o nome escolhido pelo Banco Central brasileiro para o seu dinheiro digital nacional.

Daniel Gersten Reiss vai explicar o funcionamento do DREX. Ele que é especialista em setor financeiro e regulação, consultor e servidor público. Graduado na Escola Naval, Especialista em Relações Internacionais e Doutor em Economia pela UnB. Participante de inúmeros cursos de extensão, tal como: WTO - International Trade and Development no The Graduate Institute of International Studies em Genebra. Foi pesquisador no Central Bank of the Future Project na The University of Michigan Center on Finance, Law, and Policy, entre outros.

O que é exatamente a Moeda Digital do Banco Central, o DREX?
O DREX se juntará a uma sequência de iniciativas do governo brasileiro em transformar a relação das pessoas com o dinheiro. Tivemos nos últimos 5 anos a poupança social digital que fez com que as contas em bancos chegassem a quase todos os brasileiros e, a solução-irmã mais famosa, o Pix, que permitiu que o dinheiro fosse da conta de uma pessoa para outra sem nenhum custo para elas a qualquer momento do dia ou da noite. Nas palavras do BC, o DREX é “o dinheiro desmaterializado”.

Qual a relevância do DREX para o Brasil?
A busca por uma moeda que recrie o dinheiro em papel no mundo virtual tem sido um esforço dos bancos centrais por todo o mundo desde o meio da década passada. Para as pessoas comuns, o sentido dessa busca não parece tão claro porque estamos acostumados a lidar com o dinheiro digital em nosso dia a dia. Já vemos um dinheiro digital em nossos celulares quando abrimos o aplicativo do banco! E isso, já existe há muito tempo!

Então, o que torna essa busca especial? 
A diferença é que esse dinheiro digital dos nossos celulares não é emitido pelo próprio Banco Central. Isso pode parecer simples, mas tem uma consequência importante: traz uma segurança financeira muito maior. No dinheiro digital que usamos diariamente, corremos o risco do nosso banco "quebrar". E esse risco não existe no dinheiro em papel. A busca dos bancos centrais é por recriar a segurança do dinheiro em papel no mundo digital, aproveitando ainda as possibilidades de avanço trazidas pela tecnologia.

Quais os avanços na criação do DREX?
O principal avanço que se pode ter, e que acaba sendo o ponto fundamental do DREX, é a possibilidade de se automatizar compras e pagamentos. A possilidade de automatizaçao chamamos de programabilidade, que passa a ser uma característica intrínseca para a moeda. Sabe aquela dificuldade de se vender um carro ou um celular e não ter a certeza que o comprador vai honrar seus compromissos? Dificuldade essa é que a programabilidade busca resolver. O que se quer é ter a solução no próprio dinheiro, sem que o comprador e vendedor tenham de recorrer a outras fórmulas.

Quais são os benefícios da programabilidade?
A vantagem de se ter essa solução de programabilidade no próprio dinheiro é a possibilidade de serem desenvolvidos produtos e trâmites que tenham maior segurança nas trocas de valores, sem que tenha de recorrer a soluções de outros fornecedores. Assim, fica mais fácil fazer negócios.

Para um especialista, quais são os desafios?
Outro desafio para o dinheiro digital - e que na minha opinião é o mais desafiador - é conseguir oferecer o dinheiro digital sem que seja necessária uma conexão com a Internet. Sabe aquele dinheiro que você leva numa viagem de carro para o caso de não ter sinal de celular e precisar comprar alguma coisa? Esse é um desafio que existe em muitas áreas pelo Brasil e que o DREX ainda não vai resolver. 

Finalmente, Reiss informa a importância de destacar que os preços no Brasil continuarão sendo expressos em Real. Quando lançado, o DREX será apenas uma forma do dinheiro, assim como temos o dinheiro em papel-moeda e já tivemos cédulas do Real em plástico no ano 2000.