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Por mais que o Brasil seja um país de surpresas diárias, Jair Bolsonaro conseguiu, mais uma vez, superar as expectativas do roteirista da realidade nacional. Internado na UTI do Hospital DF Star por complicações intestinais, o ex-presidente decidiu que era um ótimo momento para fazer... uma live.
Sim, você leu certo: entre sondas, monitores e uma equipe médica provavelmente questionando suas escolhas de vida, Bolsonaro apareceu ao vivo nas redes sociais para falar de saúde, política e — como de costume — do Supremo Tribunal Federal. O mesmo STF que, diga-se de passagem, decidiu intimá-lo oficialmente no dia seguinte. Porque se está lúcido o suficiente para live, está lúcido o suficiente para responder à Justiça.
Mas o momento mais cinematográfico veio na forma de uma oficial de Justiça, que adentrou a UTI como quem entrega pizza — mas com um papel muito menos saboroso: a citação formal do processo em que Bolsonaro é acusado de tentativa de golpe de Estado. A reação do ex-presidente foi digna de novela das 9: “A senhora tem ciência que está em uma UTI?”, perguntou, com a indignação de quem parece esquecer que foi ele mesmo quem abriu a porta virtual do quarto ao país inteiro 24 horas antes.
De quebra, Bolsonaro ainda teve um pico de pressão e foi aconselhado pela equipe médica a conter os ânimos — mas não sem antes disparar que os ministros do STF são “tribunais do Hitler”, numa comparação de gosto duvidoso que já virou meme, comentário de bar e preocupação institucional.
Claro que, no fim, ele assinou a intimação. Porque live pode até ser entretenimento, mas citação judicial é coisa séria (ou quase isso, neste caso). Agora, ele tem cinco dias para apresentar sua defesa. E o Brasil, cinco anos de terapia para entender como chegamos até aqui.
Enquanto isso, nas redes, seguidores exaltavam a resistência do “mito” e críticos questionavam se, afinal, há limites para o espetáculo. O STF, por sua vez, deve estar atualizando seu protocolo: “Em caso de live hospitalar, autoriza-se intimação presencial”.
Se a saúde vai bem, não sabemos. Mas o roteiro, esse continua firme e forte. E com pitadas de tragicomédia nacional.
Por: Arinos Monge.
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